Se me perguntassem, dir-vos-ia que preferia não estar a falar deste indie com o sugestivo nome Diplomacy is Not an Option horas depois de Vladimir Putin ter reconhecido a independência de duas zonas em disputa na Ucrânia. O que se vai seguir a isto, não sabemos. Mas espero que, ao contrário do título deste jogo, que a diplomacia seja sempre, sempre uma opção.
Recém-lançado em Early Access, Diplomacy is Not an Option é uma das mais recentes promessas no subgénero de jogos que se tornou famoso com They are Billions (e ainda recentemente falámos de Age of Darkness: Final Stand). City builders com um tremendo foco em tower defense, onde temos de articular o quotidiano da nossa povoação com a construção de elementos de defesa para os inimigos que chegam em períodos cíclicos.
Nesta fase em Alpha sente-se que as mecânicas são ainda bastante superficiais. O número de edifícios e hipóteses de construção – tanto em termos da vivência dos nossos aldeões, mas também de elementos da defesa da povoação – são limitados, e isso sente-se na repetição que cada playthrough nos obriga.
Visto tratar-se de uma sociedade medieval, é curioso ver algumas decisões mecânicas que já estão implementadas, nomeadamente a forma como os hábitos sanitários e a saúde pública são tratados. Temos de investir, planear, e recrutar, quem recolha os cadáveres do chão de aldeões que pereceram e que os sepultem condignamente, sob pena de espalharmos doença pelo resto da população. Um elemento que me fez uma das minhas desilusões recentes com o género city-builder: Surviving the Aftermath.
Como disse, mais do que um city builder clássico, Diplomacy is Not an Option segue a tónica de They Are Billions em que o foco total é sobreviver. Temos, o quanto antes, de dirigir parte dos nossos recursos para construir muralhas e torres, treinando arqueiros para as defender.
As investidas de outras povoações acontecem, como referi, de forma cíclica. Podemos estar descansados durante alguns minutos, até que as vagas progressivamente maiores de exércitos inimigos nos comecem a bater à porta. Não se limitando a chamar aos portões, querem derrubá-los e esventrar todos os nossos aldeões. Alegadamente os criadores dizem que o jogo permite até 10000 soldados a atacarem-nos de uma vez só, mas nunca cheguei sequer perto de sobreviver tanto tempo para chegar a este patamar.
Mecanicamente Diplomacy is Not an Option ainda está muito simples, mas existe um desafio elevado associado. E parte desse desafio passa pela falta de diversidade de construções e unidades, pela falta de profundidade e de balanceamento neste momento. Esta falta de cálculo de elementos compensação quando estamos na mó de baixo, ou mesmo pelo desequilíbrio de poder de algumas unidades em comparação com as nossas. Um jogo onde é muito difícil de recuperar se começarmos a sofrer muitas perdas.
Com uma direcção artística interessante com uma abordagem low-poly, Diplomacy is Not an Option vai necessitar de um grande aprimoramento e complexificação mecânico, tanto nos seus segmentos de city building como de tower defense, assim como a interligação entre os dois.
Não sinto que nesta fase o jogo está a milhas do que poderá vir a ser, e uma aposta nele tem que ser medida tendo em conta os excelentes city builders que têm saído, e que ainda vão sair ao longo deste ano de 2022.