A estrada para o inferno dos jogos está pavimentada com boas intenções e inspirações com más execuções. Mas, tal como em todas as regras, encontramos excepções tal como Infernax. Um jogo inspirado em clássicos da época 8-bit, modernizado e com uma pesadíssima influência do metal clássico.
Quando me pediram para jogar Infernax e o descarreguei do Gamepass pensei logo que era mais um Metroid ou Castlevania da NES mas estava enganado. Antes que alguém pergunte porque não uso o termo Metroidvania é porque na era de 8-bits os Castlevania eram primariamente 2D scrolling action platformers. Foi com Symphony of the Night que adoptaram a estrutura de mapa e power-ups para aceder a certas secções que os Metroid já tinham desde o primeiro e este jogo separa muito bem essas duas partes sendo um terço Metroid original, e um terço Castlevania. O terço que resta, nunca esperei escrever estas palavras, é Zelda II: The Adventure of Link. Curiosamente foi a parte que mais me impressionou no jogo e possivelmente o que o faz destacar mais dos outros semelhantes no mercado.
Mecanicamente e noutros aspectos é bastante genérico. Controlamos Alcedor, um cavaleiro que regressa de uma pseudo cruzada e encontra o seu lar infestado de monstros. Ele avança por um overworld e masmorras 2-D aniquilando inimigos de maneiras bastante sangrentas. A maior parte dos primeiros inimigos é simples, mas quando chegamos aos bosses encontramos um desafio maior e um design bem interessante de alguns deles. Ou seja, um jogo banal com um estilo aparentemente tirado de uma capa de um álbum e algumas músicas de Manowar. Só que, ainda temos a parte tirada de Zelda II com melhoramentos, as opções.
Na aventura podemos tentar (e conseguir) entrar em casas e outras portas pelo caminho e através de XP e dinheiro melhorar as nossas armas, defesas e habilidades ou magias mas também temos opções, a maior inovação do jogo. Tentando não spoilar porque é logo nos minutos iniciais há um exemplo perfeito em que uma opção nos permite avançar sem problemas e outra nos faz enfrentar um mini-boss. Tendo em conta as nossas opções a narrativa muda para vários fins supostamente diferentes que lhe dá mais hipóteses de replay.
Infernax é difícil ao estilo dos jogos clássicos que o inspiram, não é um soulslike mas uma homenagem ao que veio antes. A diferença está no facto de ser imperdoável em algumas situações, mas sempre justo e nunca frustrante. Vale bem a pena para quem é saudosista deste estilo ou para quem quer testar o clássico com um twist moderno.