Já tenho King of Fighters XV de molho há uns 3/15 dias. Está de molho tipo bacalhau, não ao estilo Mórmon. E está assim porque eu não sou grande fã de King of Fighters e jogos online e/ou competitivos em particular, ou de jogos de luta no geral ou dos outros 14 jogos da série. Tenho e joguei alguns inclusive em salões de jogos, mas nada com empenho e dedicação que um fã daria, portanto a minha opinião demorada teve que ser bem marinada.

Fiz uma pequena investigação sobre a série e descobri que apesar deste ser o jogo XV, há mais de 20 se incluirmos os spin-offs o que, considerando os quase 30 anos que passaram desde o primeiro jogo é algo a louvar. Contudo não deixa de ser algo que está numa espécie de limbo de evolução.

Quando foi lançado, KoF ‘94 inovou no seu sistema de 3V3 em oposição ao mais habitual na altura de 1v1 por rounds. Nessa perspectiva havia vários concorrentes que tinham as suas fatias do mercado, Street Fighter II Turbo trazia o seu séquito de fãs tal como Mortal Kombat que ia no seu segundo jogo controlava os jogadores mais sedentos de violência. Virtua Fighter II dominava o 3D enquanto Samurai Showdown tinha ali um pequeno nicho de quem gostava mais das armas. Isto tudo para dizer o quê? Que quando a SNK lançou King of Fighters cortou a sua fatia do mercado de lutas virtuais, ao longo dos anos foi uma constante contudo, a meu ver acredito que se deixou ficar para trás, especialmente com este XV.

King of Fighters XV continua o sistema de 3v3 e tem uma história que tive bastante dificuldade em acompanhar para ser sincero. Não me retirou do jogo mas acredito que poderia estar mais investido se tivesse mais conhecimento do seu lore. Acrescentaram um golpe especial que funciona como um counter capaz de atordoar o adversário e não destoa na acção que flui bastante bem nos combates com qualquer um dos seus 39 lutadores na edição base. Só que para mim não foi o suficiente para me agarrar. Devo confessar que a minha série de jogos de luta favorita é a Dead or Alive, não por causa dos seus atributos saltitantes mas porque gosto imenso do seu sistema pedra-papel-tesoura reproduzido em ataque-counter-hold. Apesar de KoF não ser o mais complexo não o achei convidativo sendo um jogador inexperiente, ao contrário de Dragon Ball FighterZ que não só me permitiu agarrar qualquer personagem e lutar do mesmo modo, também bate aos pontos este jogo no que diz respeito ao ambiente 2.5D. Sem questão que é um jogo bem bonito graficamente mas não é tão bom como outros concorrentes.

King of Fighters XV é uma espécie de big fish in a little pond. É o rei do seu principado sendo um óptimo (não sei se o melhor, por falta de conhecimento da série toda) KoF, mas quando comparado com Mortal Kombat 11 ou Dragon Ball FighterZ fica a perder nos gráficos e também na mobilidade 3v3 comparado com o jogo do universo de Toriyama; em termos de enredo perde contra Injustice ou Injustice 2 por exemplo e perde o comboio da inovação continuando a carregar a sua locomotiva já gasta, não traz muito de novo como já fez no passado. É um bom jogo de luta, mas há alternativas melhores nos mesmos campos hoje em dia apesar de consideravelmente mais antigas. Está a tentar andar para a frente, mas arrisca-se a ficar para trás por não evoluir rápido o suficiente. Talvez chegue para os seus fãs mais fieis mas num mercado em rápido crescimento com fãs que saltam semanalmente para o mais recente “GOTY” é uma jogada muito arriscada.

Só para esclarecer, “estar de molho” em estilo Mórmon envolve actividade sexual. Mais ou menos. Como ter relações sexuais antes do casamento, ou para fins não procriativos é considerado “pecado” os Mórmons encontraram um “loophole” nas escrituras e acham que se não existir o movimento pendular e deixarem-se estar quietos após a penetração, o “estar de molho” ou “soaking” em inglês, não é pecado. Porque sei lá, o deus Mórmon deve ser um T-Rex ou assim.