
Após o seu lançamento na steam a 15 de abril de 2021, chega-nos agora à Nintendo Switch Ashwalkers. Extremamente semelhante ao filme A lista de Schlinder na paleta de cores e tom deprimente, Ashwalkers é uma aventura de exploração em tons de cinza e o ocasional vermelho-sangue.
O jogador encarna a pele de um grupo de (até ver) sobreviventes que viajam por uma terra desolada e pós apocalíptica, 200 anos depois vários desastres naturais terem devastado o planeta.

Durante a nossa viagem, temos que nos manter atentos às fraquezas e necessidades individuais de cada uma das nossas personagens, pois a sua saúde física e mental (para além de já ter tido melhores dias) está em constante declínio. Pelo caminho vamos encontrando escassos recursos, que são bastante custosos de extrair, tanto em energia de cada um dos Ashwalkers, como em tempo que nos poderá deixar expostos a ameaças, sejam elas monstros, animais enormes, outras pessoas e até ao clima em todo o seu terrífico esplendor.

Ao contrário de muitos outros jogos de sobrevivência, as nossas personagens não têm mochilas sem fundo, então teremos que ter imenso cuidado em gerir os recursos ao longo do percurso, pois podemos ter deixado para trás aquele kit de medicina que nos teria salvo de uma ferida agora mesmo, mas quem adivinharia que íamos precisar de medicamentos, quando todo o grupo está esfomeado, cansado e a morrer de frio?

A narrativa é claramente o ponto central deste jogo. A cada curva somos postos perante uma panóplia de decisões que têm sempre impacto real na história e no seu desfecho.
Raramente algo é deixado ao acaso, ou dificilmente uma pergunta é feita apenas para o utilizador interagir um bocado com o jogo. Isto é provado pela enorme quantidade de possíveis finais presentes em Ashwalkers (34!), que levarão os jogadores a repetir e repetir o jogo, procurando maneiras de ver aquele elusivo final que lhe tem andado a escapar.

As personagens estão bastante bem conseguidas, criando um excelente enredo que nos leva a ficar curiosos em cada interação entre elas, e fazem com que queiramos decidir o que fazer como se estivéssemos na pele delas, e não a olhar através do ecrã de uma consola.
Apesar de tudo, não recomendaria que esta experiência fosse vivida da mesma maneira que eu vivi (na Nintendo Switch). Existem imensos problemas de performance, e raras foram as vezes em que não tive que me obrigar a ignorar o baixo frame-rate do jogo.
Em algumas ocasiões o meu maior adversário não foram as criaturas agressivas de Ashwalkers, mas os bugs no jogo que me impediam de progredir, notoriamente a parede invisível em áreas que claramente eram jogáveis, ou a interface (mais temperamental do que as tempestades de chuva ácida) que de tempos a tempos decidia não cooperar com os meus comandos.
Em geral recomendaria Ashwalkers a todos os fãs de uma boa narrativa onde as suas escolhas importam, considerando que sejam também fãs de jogos de sobrevivência e possuidores de paciência, porque as coisas neste jogo andam muito, MUITO devagar. Apesar disso, cada playthrough demora cerca de 3 horas (com a vantagem que posteriormente podemos usar o modo “Custom Game” e começar diretamente em partes específicas da história).














