É impossível não olhar para o trailer de Forts e não ter imediatamente throwbacks para Worms. O revivalismo mantém-se até começarmos a jogar, altura em que percebemos que toda a diversão que associamos ao velhinho foi agora substituída por um lufa-lufa repetitivo no recente.

Forts é um jogo de estratégia em tempo real em 2D onde construímos a nossa base ao mesmo tempo que tentamos destruir a do inimigo.

O jogo assenta numa skin militarista. Há uma crise de recursos energéticos no planeta e 3 facções lutam entre si para controlar o remanescente óleo que ainda existe. Esta é a base do modo história, mas na prática não é muito relevante já que esse será teoricamente o modo menos relevante de todo o jogo, servindo para pouco mais que um longo tutorial das suas mecânicas.

Como tutorial o modo campanha é exemplar, dos melhores que já vi, pois ao mesmo tempo que tem um bocadinho de sumo para manter a história coesa, nos vai atirando com uma dificuldade progressivamente mais elevada de forma a que sejamos capazes de interiorizar e assimilar todas as mecânicas disponíveis.

Já a jogar contra a IA começamos gradualmente a perceber que os passos a tomar em cada nível não diferem muito, quase que funcionando como uma batalha de acções por segundo (doravante APS) entre ambos os campos de batalha.

Inicialmente parece que o jogo está carregado de opções, que são suficientes para uma jogabilidade saudável, e mesmo no campo das opções estratégicas tudo parece razoável, mas na prática não é isso que acontece.

Recolhemos dois tipos de recursos e temos que os gerir de forma a podermos construir estruturas ou equipamentos e comprar unidades militares. Numa fase inicial, onde as bases aparecem próximas e as armas a que posso chamar de early game, parecem relevantes e aparenta existir uma componente estratégica diversa, existindo situações onde a diferença entre ter morteiros ou mísseis teleguiados, ou entre ter metralhadoras ou atiradores de precisão é importante, mas com o tempo tudo começa a ser uma corrida para construir um canhão ou um laser, tanto que as armas mais defensivas podem tornar-se pouco relevantes no panorama geral do jogo, contra a IA tornam-se mesmo irrelevantes a certo ponto, e o jogo fica mesmo uma luta de APS.

Depois de acabar a campanha sentimo-nos mentalmente preparados para jogar online, mas é uma ilusão. A comunidade que jogo ao jogo é relativamente grande. Não tive nenhum problema em jogar. Não joguei jogos ranked para ter uma experiência mais descontraída, mas mesmo assim as equipas que levavam comigo eram cilindradas. Este modo multiplayer confirmou o que pensava, é realmente uma corrida contra o tempo. Embora eu não fosse completamente inútil, notava que os meus colegas tentavam soluções alternativas para contornar a minha lentidão que, para todos os efeitos, nem era muito mais lenta que os inimigos, mas dada a importância da velocidade era mesmo o suficiente. Estava ali eu a imaginar o meu rato a fumegar com cliques e todos os outros a tomar um chazinho com bolachas enquanto olhavam para mim meio condescendentes…

Este tipo de jogo transforma o riso em irritação. Falhar um tiro no Worms era motivo de riso porque havia imenso tempo para planear, algum trash talk e picardias para depois se falhar um disparo aparentemente fácil. Isto é bom desenho. Em Forts há a pressão de fazer as coisas de forma rápida. Qualquer tiro falhado é um momento de frustração pois podemos não voltar a ter outra chance para compensar esse erro. No fundo este foi o meu maior problema com o jogo.

Em termos de modos o jogo tem tudo a que tem direito. Para além da campanha e multiplayer sobre os quais já falei, tem um modo skirmish em que nos apresentam vários cenários para jogar um modo sandbox e a opção para construirmos os nossos próprios mapas.

Isto no fundo é mesmo uma questão de percepção errada da minha parte, que imagino que mais gente tenha e é isso que estou a tentar explicar neste texto.

Forts não tem nada de errado, aliás, como jogo de gestão de recursos é um bom exemplar. Tem todas as opções esperadas para este tipo de jogo, proporciona muitas horas de diversão, tem uma comunidade saudável e activa, imensos mapas criados pela comunidade e pelos programadores, imenso replay value. Tem tanto conteúdo que nem sei se vale a pena adquirir os múltiplos DLCs. Aqui só têm de ter atenção a uma coisa, Forts não é Worms. Embora tenham tentado aproveitar um bocado essa nostalgia o espaço que ocupa não é o mesmo. Vão pela certa e acabarão por se divertir.