Caça ao Indie #312
Antes de mergulharmos no nosso artigo deixo um desafio. Experimentem cantar e encaixar a métrica do título desta Caçada com a histórica Lucy in the Sky With Diamonds. Já o fizeram? Prossigamos, então.
Parece quase de propósito que depois de uma Caçada Semanal que nos trouxe dois jogos com mechas, que para além disso tinham a particularidade de serem ambos shoot’em ups, que esta semana acabemos por trazer mais dois shooters.
Os dois indies desta semana trazem-nos uma visão retro e uma visão contemporânea para os shooters arcade.
Dimension Tripper Neptune: TOP NEP [PC]
O universo de Hyperdimension Neptunia não é novidade para nós, uma série onde raparigas retiradas de anime representam avatares das consolas no mercado, e embarcam juntas em aventuras no formato JRPG.
Dimension Tripper Neptune: TOP NEP é um pouco diferente, não só por ser um spinoff da série principal, como por estar o mais distante possível de tudo o que conhecemos de Hyperdimension. Os modelos 3D dão lugar a pixel art, e o JRPG com laivos de visual novel dá lugar a um shoot’em up arcade – mais especificamente os rail shooters – que não é uma inspiração maior em Space Harrier porque no lugar de um action hero louro dos anos 1980 temos uma rapariga com uma armadura cibernética.
Este é um jogo curto que na realidade sabe pegar na inspiração original e levá-la para outro patamar, introduzindo mecânicas que Space Harrier não dispunha, especialmente se tivermos em conta que o grande objectivo de Dimension Tripper Neptune: TOP NEP é alcançarmos a melhor pontuação possível nos seus capítulos até chegarmos ao fim do jogo.
Vamos apanhando moedas pelo nível que vão enchendo uma barra, e esta, quando totalmente cheia, permite-nos invocar uma personagem secundária que nos vai ajudar nos disparos e na missão de derrotar os muitos inimigos no ecrã.
Adicionemos a esta “inovação” a possibilidade de atacarmos com um ataque corpo-a-corpo, e vemos as duas mecânicas que fazem de Dimension Tripper Neptune: TOP NEP um Space Harrier com algo mais, e um interessante retro rail shooter vindo de uma série que se popularizou em ambientes distintos destes.
Pirates of Gravitae [PC]
Há sempre tempo para falar de um dos meus autores nipónicos favoritos, Leiji Matsumoto, o lendário mangaka criador do que conhecemos como leijiverse, e um dos seus personagens mais conhecidos é o famoso Pirata Espacial, o Capitão Harlock.
Pirates of Gravitae, recém-lançado em Early Access no Steam pelo estúdio Innerverse Games parece beber – sem confirmação oficial – de alguma inspiração do universo de Leiji. Ou talvez não, e tenhamos apenas um caso e navios piratas voadores em aberto dogfighting.
Sendo verdade que dogfighting não é a primeira ideia que nos vem à cabeça quando pensamos em jogos no qual estamos ao comando de um navio pirata, a forma como Pirates of Gravitae introduz uma sui generis forma de combate aéreo é, no mínimo diferente.
Os nossos navios propelem como um foguetão e não como uma nave: algo que condiciona e muito a manobrabilidade no ar, após nos dispararmos pelos céus. Enquanto lá estamos vamos tentando bailar com o nosso propulsor, como um Will E. Coyote com um foguete da ACME preso às costas, utilizando os nossos canhões laterais para abater todos as outras embarcações voadoras com o qual nos cruzamos.
Apesar do jogo estar ainda em modo alpha e de vermos o esqueleto das intenções dos seus autores, é fácil sentir que há uma tentativa – ainda muito ténue – de criar uma justificação e um enredo em torno desta estranha ideia.
Em termos de execução, ainda há muito para afinar e aprimorar em termos de combate e de entusiasmo (e desafio) das batalhas aéreas propriamente ditas. E parece-me que Pirates of Gravitae é daqueles jogos para acompanhar a evolução, mas que provavelmente merecerá o nosso investimento quando percebermos se o esqueleto deste jogo vai lentamente ganhando volume e forma.