Ainda que alguns lampejos fugidios de jogos de estratégia e RPGs táticos vão aparecendo ocasionalmente nas lojas digitais, em especial no Steam. Somemos a isto o adiamento do lançamento da versão remaster dos geniais Advance Wars, e para muitos fãs do género assistimos a uma seca não tão grave como aquela que a Península Ibérica vive como consequência das alterações climáticas.

Desenvolvido pelo estúdio Dancing Dragons Games e publicado pela editora Freedom Games, Symphony of War: The Nephilim Saga começa no final da guerra de sucessão que dura há 10 anos neste mundo ficcional. Porém, a poucos dias do armistício final de uma guerra sangrenta que já tomou tantas vidas, um general rapta a imperatriz, reativando o conflito. Um grupo de soldados tenta salvá-la mas, por ironia e estratagema político, fica associado ao general, aquando da execução da Imperatriz. 

Como seria de esperar, somos nós quem comanda e encabeça esse grupo de soldados que passa à resistência do novo governo, encabeçado por um príncipe que aproveitou a morte da imperatriz e do principal general da facção oposta para tomar de assalto o trono.

Uma das primeiras grandes surpresas que encontrei com este Symphony of War: The Nephilim Saga é o seu motor de jogo: este SRPG foi criado, pasme-se em RPG Maker. Olhando para algumas das expressões artísticas conseguimos denotar essa linha que une tantos jogos feitos em RPG Maker, mas são as diferentes e profundas camadas mecânicas quem demonstra a utilização do célebre motor de jogo ao extremo das suas potencialidades. 

Há tanto de Fire Emblem em Symphony of War: The Nephilim Saga como de Ogre Tactics, fazendo deste título uma surpresa mecânica, onde a deambulação (e a direcção de arte parcial) é retirada da era dourada (para mim apenas?) dos JRPGs: os jogos 16 bits da SNES.

Por outro lado, a componente de gestão pode ser assustadoramente complexa para quem se habituou a jogos mecanicamente mais simples. Temos de criar batalhões, atribuir unidades e líderes, definir formações, equipamentos, e escolher e organizar as mais de 50 classes que o jogo tem, testando a sua eficácia e as suas ligações. Dado que o posicionamento das unidades é feito num sistema de quadrícula no qual podemos ter um controle muito minucioso da colocação, unidade a unidade, ao redor do líder. Isto permite uma experimentação interessante com as muitas classes e equipamentos, aproveitando a colocação de cada uma dessas unidades no batalhão e a forma como decidimos a letalidade e agressividade do dano que desferimos aos batalhões inimigos.

Com tanta complexidade neste Symphony of War: The Nephilim Saga fica a faltar um efeito na moral dos nossos soldados e no dos inimigos quando começam a sofrer pesadas baixas ou a sua liderança. Como tantos outros jogos de estratégia que já implementaram mecânicas semelhantes, este seria um ponto interessante e que serviria apenas para encapsular todos os elementos que Symphony of War: The Nephilim Saga já faz, e muito bem.

Quando chegamos ao campo militar do nosso exército vemos abrir uma miríade de menus cada vez mais complexos, o que inclui a skill tree de todo o exército, obrigando-nos a conhecer a fundo o caminho militar que queremos seguir neste Strategy RPG.

Apesar do enredo de Symphony of War: The Nephilim Saga não ser extraordinariamente criativo, há algo da tensão política medieval que encaixa na perfeição em todos os elementos estratégicos e táticos, e que faz deste título uma excelente descoberta para quem há muito anseia um bom strategy RPG.