Aqui estamos nos para mais um ano que se fecha, mais um que termina e outro que começa e como qualquer tradição que se preze desde 2015 para cá, os Machados do Ano sao apresentados. Doa a quem doer. Custe o custar. Chupe a quem chupar.

Comecemos com filmes e séries. Foi o mais difícil de fazer e não é porque tenha uma lista tão boa que é difícil escolher o melhor, mas porque vi poucos e os que vi foram pouco memoráveis. Mas os que foram valeram mesmo a pena.

Três filmes ficaram na minha lista de melhores do ano:

Black Panther Wakanda Forever foi o único filme da Marvel que vi desde End Game e foi um belo tributo de despedida a Chadwick Boseman e uma óptima introdução a Namor em live action. Conseguiram o que nunca pensei possível, fazer as asinhas nos pés ameaçadoras. Não fazem nada mas é o equivalente sonoro ao rabo de uma cascavel.

Glass Onion não é tão bom como Knives Out mas mostra o quão bom pode ser um whodunnit. Não dou spoilers ao dizer que tem twists interessantes porque essa é a base do género mas é refrescante tendo em conta o estilo cinematográfico comercial como ele existe agora. Só preciso que alguém meta westerns de volta nos olhos do público.

Top Gun Maverick é o meu filme do ano. Perfeitamente adaptado aos dias de hoje é a legasequel perfeita. Todos os bocadinhos de nostalgia, todos os callbacks ao original e a prova que efeitos especiais práticos vão ser sempre superiores a CGI. Para mim todo o filme é uma metáfora ao cinema actual e como as estrelas antigas ainda conseguem mostrar às novas como se faz.

 

Se filmes foram pouco memoráveis, foram ainda menos. As temporadas mais recentes de Stranger Things e Umbrella Academy foram giras mas ainda tenho a mais recente de Cobra Kai no backlog com Inside Man, Derry Girls, Severance e outras poucas. O meu top vai mesmo para:

Obi Wan. E esta foi mesmo mesmo perto de não entrar. Foi algo quase forçado para ter um top 3. A série está gira, não se perde nada por ver. Não é um Mandalorian mas tem bons momentos. Foi óptimo ver Ewan McGregor e Hayden Christensen de volta juntos e gostei de ver a pequena Leia apesar de não ter os melhores argumentos. Hit and miss mas maioritariamente hit.

Wednesday: acabei de ver na semana passada e tenho que louvar especialmente duas coisas nesta mistura de Veronica Mars com Sabrina. Jenna Ortega está perfeita como Wednesday Adams mas a série foi roubada pela mão mais expressiva da história da TV. Todas as cenas em que Thing aparece são deliciosas. Vale mais de metade da série.

Sandman a minha série do ano. Durante anos tive medo de uma adaptação da opus magna do meu autor favorito. Algo que ele sempre batalhou contra até quando a Warner Brothers queria fazer em filme com Michael Jackson como Morpheus nos anos 1990. Depois de Good Omens fiquei mais descansado e ao ver saciado. Casting perfeito e adaptação de diálogos e cenas à actualidade com um respeito que apenas o autor original conseguia manter. Sound of her wings e Calíope são os dois episódios que exemplificam o melhor da série.

Na ausência de filmes de animação 3 grandes de séries mas só uma para miúdos.

Arcane, sim eu sei que saiu em 2021 e vi atrasado porque só vi em Janeiro e a maior parte de vocês nem se lembra da série, mas está no meu top deste ano. Lugar que merecia em qualquer ano porque eu nunca joguei uma partida de League of Legends mas depois da série fiquei com vontade. Continuo sem jogar mas deu vontade.

Bluey season 3 (inclusive os episódios que só deram na Austrália ainda e estão disponíveis algures na internet) continua a ser das melhores coisas que saíram daquela terra inóspita. Continua ternurenta, tocante, divertida e genial. Aqui em casa somos fãs do Heelers e continuam a ser os nossos parenting goals.

The Legend of Vox Machina é a minha série de animação do ano. Critical Role continuam a dar cartas no entretenimento e a expandir o seu pequeno império que começou com um grupo de amigos a jogar Dungeons and Dragons. A campanha original tem mais de 100 episódios com duração média de 4 horas por isso colocar tudo numa série de animação de episódios de 30 minutos é uma tarefa hercúlea. A primeira temporada cobre acontecimentos anteriores aos streams e os primeiros 30 e poucos episódios da campanha. Muito foi cortado mas o essencial, personagens e momentos cruciais estão todos lá tal como muitas piadas e Easter eggs para os fãs sem ser confuso ou alienar quem nunca viu os streams. Ansioso por ver a Season 2 que estreia em Janeiro.

Agora passamos para algo que já não fazia há algum tempo e voltei a fazer com uma certa moderação. Ler comics.  Três em particular entraram nos melhores de 2022 porque também aproveitei para reler muita coisa como Spider Man e X-Men 2099 e Sandman. E já que falamos de Neil Gaiman outra vez:

Norse Mythology. Há uns aninhos Neil Gaiman decidiu recontar as histórias de religião nórdica num livro fantástico chamado “Morar Mythology”. Essa visão Gaimaniana foi adaptada para 18 números de graphic novel numa maneira soberba.

TMNT The Last Ronin da IDW conta a história do fim das tartarugas ninja. Do último membro do clã de heróis de carapaça e como ele sendo um ninja sem mestre e sem companheiros tenta acabar a missão que lhes foi incumbida desde tenra idade. As BDs da IDW já tinham levado várias vezes as tartarugas a um nível elevado de qualidade através de um grande desenvolvimento da profundidade dos seus personagens. The Last Ronin é o culminar desse trabalho.

Fantastic Four: Full Circle. O regresso da equipa de super heróis originais da Marvel Comics na arte do grande Alex Ross. Não há mais nada que seja preciso dizer.

Numa menção honrosa o último volume de Die de Kieron Gillen fecha a aventura com um crit hit duplicando o dano de pontos emocionais no leitor. Mais para fãs de RPG em particular Dungeons and Dragons mas uma leitura interessante sobre amor, identidade e como jogos servem para nos encontrarmos e representarmos.

Em podcasts continuo fiel aos meus mas com menos disponibilidade para ouvir. Split Chicken e Wrestling with Freddie continuam a dar-me as novidades do mundo em geral e wrestling em particular e oiço/vejo religiosa e semanalmente (em mais tranches) Critical Role que vão na terceira campanha. Quando posso oiço também Para cá do Abismo, Inside of you with Michael Rosenbaum, Three Black Halflings e acrescentei ao backlog WTF with Marc Maron onde o actor entrevista várias pessoas.

Passemos ao mundo dos jogos e comecemos com os analógicos. Os board games. The Rocketeer, The Princess Bride, Batman the Animated Series – Shadow of the Bat, Tiny Epic Dungeons foram acrescentados aos pintados e jogados e são giros. Darkest Dungeon finalmente foi entregue mas como foi comprado como um exercício de pintura para relaxar tenho andado relutante de pegar nele. Ainda só pintei 6 das suas centenas de minis. Mas vamos falar dos bons jogos deste ano. Que não são deste ano mas essa é a maravilha dos jogos de tabuleiro. Não importa quando foram feitos. Quando são bons são sempre bons.

Arkham Horror – The card game é dos mais antigos e melhores Living Card Games do mercado. Lançado há mais de 10 anos tem história e enredo, jogabilidade e dificuldade envolvidos numa bola perfeita que me prendeu logo na primeira sessão em que eu e o Ricardo mal conseguimos que os nossos personagens sobrevivessem ao tutorial. Gostei tanto que na semana seguinte comprei o segundo jogo da lista.

Eldritch Horror. É um jogo diferente. E confesso que ainda só o joguei a solo mas mesmo assim é fácil ver a qualidade. Enquanto Arkham Horror Card Game é um jogo claustrofóbico de investigação numa cidade pequena (pelo menos o que jogamos até agora) Eldritch é uma aventura à Indiana Jones procurando e investigando mistérios pelo mundo inteiro. Com um ritmo diferente mas igualmente temeroso e difícil é outro dos meus jogos do ano mas ficam todos atrás do meu favorito.

Saint Seiya the Deck building game e as suas expansões Asgard e Poseidon. O mercado de board games está cheio de jogos baseados em IPs famosos que são bons na melhor mas na maioria dos casos são medíocres e aproveitam o nome para vender e eu faço o meu mea culpa porque já comprei e já me senti muito tentado comprar vários só por isso. Foi o que aconteceu com Saint Seiya mas quando chegou e jogamos vi que estava errado. Tudo neste jogo foi feito com atenção por quem adora a série. A qualidade das cartas, a maneira como o deckbuilder está construído envolvido na história de Seiya, como as expansões acrescentam à jogabilidade e conteúdo. Tanto para dizer… adoro.

E agora jogos mobile que têm evoluído imenso mas teriam mais a ganhar se abandonassem algumas mecânicas de cash grabbing. Coisas como o Apple e PlayStore pass ajudam mas ainda há um longo caminho a seguir. Quais foram os meus jogos mobile do ano perguntam os poucos que ainda estão a ler isto?

Saint Seiya Legends of Justice. Joguei muito mais que devia a este idle game principalmente por teimosia e colecionismo. O jogo não é nada de especial. Nada de inovador na indústria mas é um jogo de Saint Seiya e ganhou-me só por isso. Não posso dizer mais nada. O colecionismo de cavaleiros  foi a minha grande perdição e agora já parei de jogar mesmo sabendo que o da semana passada era o Poseidon. Queria ver quando chegassem as versões de Hades mas não tenho tempo ou paciência.

Marvel Snap foi daqueles que comecei a jogar tarde. Nem há um mês, mas percebi logo o porquê da loucura com o jogo. A mecânica de cartas, a jogabilidade rápida estão excelentes. Podiam fazer com outra skin e talvez tivessem tido sucesso igual mas aliando isso à franquia da Disney foi um propulsor gigante. Ainda jogo uns minutos por dia fazendo as missões diárias mas nunca tive totalmente investido como em Saint Seiya.

Onebit Adventure é o meu jogo mobile do ano. Apesar de o preferir em PC há qualquer coisa no bater das teclas do cursor que torna a jogabilidade desta aventura muito melhor mesmo assim é excelente em mobile e grátis. Mesmo assim é daqueles que se gasta algum dinheiro nos extras que vão sendo colocados pelo developer que continua constantemente a acrescentar conteúdo ao jogo.

A minha lista de jogos do ano é totalmente ausente de AAA em consolas e até PC mas tinha indies para fazer uma lista de pelo menos 50 contudo num exercício de contenção decidi separar em duas listas. O meu top de jogos disponíveis e o meu top de jogos a sair em 2023 se formos bons meninos e meninas.

Por Lançar

Começamos com Concerto in White, um jogo musical que muda o estilo e em vez de penalizar o jogador por falhar as notas, recompensa-o por tocar e tenta simular ao máximo a reprodução musical enquanto se mistura com uma visual novel bastante interessante.

Rollerdrama é daquelas obras geniais que inovam ao misturar estilos. Um jogo de management de uma equipa de roller derby em que também vivemos com as jogadoras e temos influência no seu desenvolvimento de personalidade além das capacidades físicas e desportivas não se vê todos os dias mas é o que o jogo é. E é brilhante nisso.

Worlds of Aria é provavelmente a melhor reprodução de um jogo de RPG para um jogo digital. O espírito e consequências caóticas das escolhas dos jogadores fazem deste party game uma escolha perfeita para um jogo online.

The Wreck foi dos jogos que mais me surpreendeu pela qualidade sem estar acabado. Também foi mais um exemplo que um videojogo pode ter uma visão sobre assuntos sérios e ajudar os jogadores a lidar com problemas seus através deles.

Curse of the Sea Rats, o ratvania que tenho de olho desde o Kickstarter. A arte e jogabilidade tornam este jogo de ratos um prazer do tamanho de um elefante.

Crime o’Clock é o meu jogo do ano que ainda não foi lançado. O mais inovador que joguei não só este mas talvez nos últimos anos que consegue o mais difícil do mundo da ficção. Trabalhar com viagens no tempo de uma forma lógica e sem falhas. Algo me diz que este jogo vai ser uma surpresa no mundo dos jogos quando for lançado.

Mas há jogos que não têm que esperar e podem agarrar já como:

Overhaul é o segundo jogo mais inovador do ano. Toda a sua inovação e razão para ser um dos meus melhores do ano resume-se a uma combinação de palavras que nunca pensei ler em sequência. Palavras combinadas que à primeira leitura não fazem sentido mas quando se joga tudo encaixa. Roguelike action sudoku.

Lil Gator Game é o meu jogo mais divertido do ano. Controlar um crocodilo que com os amigos reproduz um jogo de Legend of Zelda com paus e cartão deixa-me com um sorriso de orelha a orelha sempre que pego nele.

Astral Ascent é jogo de Saint Seiya que nunca tive. Platformer de acção em que o objetivo é derrotar os 12 bosses inspirados nas casas do zodíaco? Um dos primeiros NPC chama-se Ikki? A inspiração é mais que nítida e agradeço o que fizeram.

Grid Force é o Megaman Battle Network moderno que ainda estou à espera que seja lançado mas posso esperar sentado se depender da Capcom. Entretanto tenho este jogo com arte e história brilhante e um sistema de batalha de grelha altamente viciante.

Foretales foi um jogo que me encantou assim que o vi. Apesar de parecer um deckbuilder é mais um jogo narrativo com muitas possibilidades. Já vou na 4a volta e ainda não fiz nenhuma com caminho e final repetido. Um sistema único de jogo, arte característica e uma (várias) histórias excelentes.

Anno Mutationem é o meu jogo do ano. Não tinha nada para me agarrar em teoria mas agarrou de tal maneira que assim que o testei para o Indie X fui comprar uma cópia na Switch onde continuei a aventura. A combinação de pixel art 2D com cenários 3D não devia funcionar mas dá um óptimo resultado especialmente num ambiente cyberpunk no meio de um mistério, acção e a busca da cura para uma doença.

E assim acabo os Machados do Ano sem Anéis Idosos, Deuses da Guerra ou Monstros de bolso. Mas com mais referências a Neil Gaiman e Saint Seiya do que estava a contar quando comecei a escrever isto.

Espero que tenham tido um bom Natal e desejo a todos um bom ano novo.

Nota:

Séries e filmes mencionados podem ser encontrados em plataformas de streaming ou outros fornecedores online. Jogos de tabuleiro recomendo que comprem ou encomendem aqui e todos os jogos tirando os mobile podem ser encontrados aqui para PC