Caro Pai Natal,

Os outros meninos disseram-me que só se mandam cartas para ti antes do Natal, mas a mamã disse-me que era melhor ralhar contigo do que com ela, que ela acha que isto assim não pode ser.

É que o Pokémon Scarlet que me deste foi um cocó.

Foi cocó.

Fuecoco, como o Pokémon de fogo com que comecei o jogo que é fixe, mas está sempre com a boca toda aberta e cara de parvo como os crescidos que estão sempre a comprar estes jogos que são quase todos Fuecocós.

“Pai Natal, é nestes poucos momentos que me lembro porque te pedi esta prenda…”

Eu sei que sou assim infantil, ainda nem sei escrever bem. As frases compridas são difíceis. Então escrevo assim. Sabes. A mamã diz que sou su-su…ai. Ah já sei. Su-pe-re-fi-ci-ale, que ainda não tenho uma coisa chamada ma-tu-ri-da-de para perceber as coisas a fundo. Ela também não percebe nada na minha opinião. Porque ela diz que o meu pai também era assim antes de ela se divorciar. Se calhar é por isso que és a principal figura paterna que tenho.

Mas eu estava a escrever sobre su-pe-re-fi-ci-ale-da-de. Bolas, é melhor não tentar mais. Não percebo bem a palavra mas acho que é como os gráficos, que é uma coisa que eu nesta idade dou muita importância. E parece que as texturas do Scarlet também são como o Fuecoco. Quando eu como muitos chocolates como os que a tia Beta me deu há uns dias, também faço umas texturas assim.

Desculpa estar sempre a falar em Fuecoco. Mas acho que tem muito a ver com o jogo, olha lá: se os chocolates são coisas deliciosas, que toda a gente adora, quando os usamos mal sofremos no Fuecoco. Os meninos da Pokémon Company até fizeram um mundo tão giro. Cheio de Pokémons, com muitas montanhas e relva fofa. É pena não se poder entrar nas casas todas. E é pena o jogo correr como se tivesse andado a comer muitos chocolates de uma vez e estivesse quase quase a Fuecoco. O meu mano mais velho diz que esses meninos estão-se a cagar para o Scarlet, então continuo a ter razão.

“…e depois acordo e vejo que na maioria dos casos recebi isto. E que isto até podia ser bom”

Foi o meu mano que disse para te escrever a primeira carta há uns meses. Que eu ia gostar muito do meu primeiro jogo de Pokémon. Mas Pai Natal, Nintendo o que andas a fazer? Pensei que tinhas a missão de levar alegrias a todos os meninos. E pensei que houve muitos meninos a escreverem-te antes para fazeres pre-order, e que ias ter um Natal mais sossegado sem teres de escolher tantos presentes diferentes. Mas em vez disso deste-nos bugs. O que é que achas se para o ano os meninos todos te deixarem bolachas más e leite que Fuecoco? E comeres e beberes em casa de todos esses meninos para teres o maior Fuecoco do mundo?

Acho que os meninos grandes deixam de acreditar em ti porque tu já andas a fazer isto há muito tempo. Também acho que só tens trabalho porque os outros meninos bebés vão escrever-te como eu, e os papás deles vão pagar-te para ires buscar muitas cópias. Mas a mamã disse-me que também deixou o papá porque ele só gastava dinheiro em Pokémons. Se o meu mano tem razão, isso faz sentido porque então o papá não era muito inteligente.

“Pai Natal, porque é que há tantas senhoras musculadas em Paldea? Só vi NPCs rechonchudos ou musculados, no geral”

 

 

Outros meninos da minha sala também já não vivem com o papá deles por isso, disseram-me. Estes crescidos não devem ser muito espertos, então. Mas a mamã também deixou o mano incentivar-me a pedir-te o Pokémon Scarlet. Então se calhar aqui em casa também não somo sespertos. Então se calhar os crescidos não são espertos? Isso quer dizer que eu vou à escolinha aprender com quem? Se calhar nasci para jogar Fuecocós até ao infinito.

Bom, se calhar vou ali Fuecocó. Xau Pai Natal!

“Pai Natal, diz aos crescidos da Pokémon Company para ouvirem o que eles até deixaram de recado no jogo”