Lançado originalmente em 2007, como um dos projetos comemorativos dos 10 anos de Final Fantasy VII, Crisis Core serviu como uma prequela à aventura de Cloud Strife e amigos. E apesar de introduzir um novo protagonista, Zack Fair, diversas caras conhecidas participaram na aventura, incluindo o próprio Cloud, Sephiroth, Aerith e Tifa, para mencionar alguns. Sendo um jogo exclusivo da portátil PSP, foi bastante elogiado pela sua história, que ligava bem ao capítulo original e a qualidade das sequências animadas. 

Atualmente os fãs aguardam impacientemente o segundo capítulo da trilogia de Final Fantasy VII Remake, uma versão construída de raiz, com mexidas profundas a nível de narrativa e sistema de combate. E um dos teasings controversos que a Square Enix fez sobre mudanças na história foi dar a entender que Zack estava vivo durante os eventos de Final Fantasy VII. Ele que só tinha aparecido em flashbacks durante a narrativa, ganhando espaço em Crisis Core para expandir a sua história. 

Por isso, nada como lançar uma versão remasterizada de Crisis Core, agora com o subtítulo Reunion, que servirá para refrescar a memória da história de Zack, ou dá-la a conhecer para quem não jogou o original. E neste caso, a propósito dos 25 anos de FF VII

Mas há que dizer que este Reunion não recebeu o mesmo tratamento completo do remake de Final Fantasy VII, trata-se de um remaster muito semelhante na sua génese do jogo da PSP. Porém, herdou muitos dos elementos do remake, nomeadamente o grafismo em alta-resolução, todos os diálogos são agora vocalizados com os mesmos atores nas respectivas personagens, a banda-sonora tem novos arranjos e o sistema de combate mistura elementos do jogo clássico com a nova visão. Tudo isso torna o jogo mais refrescante e atual, mesmo que se note que alguns dos seus sistemas estejam um pouco desatualizados. 

Esta aventura é bem mais linear que Final Fantasy VII Remake. É também mais curto, demorando umas 10 a 12 horas para completar os 10 capítulos, se ignorarem as diversas missões paralelas, que não passam de desafios de combate e mini-jogos. Os cenários estão interligados por pequenos hubs, mas os objetivos são sempre em frente, entre combates e cut scenes, na maior parte. 

Relativamente aos combates, é de notar que os encontros voltaram ao velho sistema random, ativados a cada dois passos no percurso do capítulo. Ao clássico vai buscar o sistema de slot machines, que quando calham três figuras são ativados ataques especiais e devastadores, representando personagens com que Zack vai encontrando. Trata-se de um sistema aleatório e de pura sorte que o jogador não controla. Por outro lado, estamos perante um combate em tempo real, hack and slash, como o recente Remake, permitindo executar combos e usar golpes especiais. Há duas barras de habilidades que geram os ataques especiais, assim como a regeneração. E a interface é rápida e cómoda para aceder a poções de energia, por exemplo. 

Sejam contra inimigos normais ou com os bosses, os combates são intensos, mesmo que não sejam os mais desafiantes. Executar os golpes com apenas um botão de ataque é mais divertido e frenético do que estaria à espera. 

Nos pontos de gravação espalhados pelos mapas da história é possível aceder a missões secundárias, que garantem recompensas como novos itens de equipamento ou Gil, a unidade monetária deste universo. No entanto, pena que a Square Enix bombardeie os jogadores com missões repetitivas, incluindo arenas de combate contra inimigos ou explorar pequenas áreas à procura de um monstro para eliminar. Basicamente estas missões reciclam muitos dos cenários e inimigos ao longo da narrativa, incluindo bosses. 

Mas um dos objetivos era tornar o jogo mais atual a nível audiovisual, tendo sido recriado com o Unreal 4. Os modelos das personagens são mais detalhados e expressivos, as texturas são bem melhores. E os cenários beneficiam de efeitos de iluminação e estão mais detalhados. Isso não impede que os cenários sejam altamente estáticos, recheados com alguns NPCs para interagir, mas sem qualquer profundidade. Diria mesmo que este Reunion herdou também alguns dos movimentos clunky do jogo original. E no geral, está bem longe da qualidade visual do remake de Final Fantasy VII. Mas ainda assim, de louvar que o estúdio não se tenha limitado a aumentar a resolução dos gráficos da PSP. 

A história não é muito complexa, considerando a de Final Fantasy VII, mas serve para dar maior background a alguns acontecimentos e personagens do jogo principal. Sobretudo a transformação de Sephiroth, conhecer as motivações que o transformaram de um SOLDIER class 1, num pretendente a governar o mundo. E é engraçado ver a relação de Cloud Strife com Zack, assim como a doce Aerith. É fan service no seu melhor, quando Crisis Core foi lançado na portátil da Sony, mantendo-se atualmente inalterado. 

Se estão a seguir o remake de Final Fantasy VII com ansiedade para o segundo capítulo, este poderá ser um aperitivo muito apetecível. Está longe de ser um excelente RPG de ação, e vive à conta de uma narrativa muitas vezes melodramática, embora o carisma das personagens se mantenha. Os combates são divertidos e frenéticos, apesar de um pouco repetitivos.