Muitas vezes peço os jogos apenas pelo trailer, sem saber muito bem se depois acaba por ser o que aparenta, ou não tem nada a ver. Escape From the Red Planet foi um dos jogos que não tem nada a ver.

Escape From the Red Planet é um tower defense praticamente no seu estado mais puro, apenas com um twist… tem uma componente de tiros na primeira pessoa, sendo essa a componente que me despertou a curiosidade pelo jogo, porém tudo desabou após ter percebido que não resulta nada bem, sendo que nem sequer podemos controlar para onde disparamos, estando somente dependentes dum lento sistema de auto-aim que resulta mal e não faz qualquer selecção de prioridades.

Tudo isto poderia ser salvo por todos os outros componentes, até porque mal carregamos o jogo somos brindados com uma boa selecção musical, lembrando os filmes de ficção científica dos anos 1990, mas para por aí!

Mal começamos a jogar percebemos que a nossa nave se despenhou em Marte e o nosso trabalho é fugir. Eu sei, o título não deixa muito espaço à imaginação.

Um grafismo muito poligonizado a fazer lembrar os primeiros jogos das consolas de 128 bits não ajudam a qualquer tipo de imersão, com muitos dos monstrinhos marcianos a acabarem por ser muito parecidos no seu desenho, como se a evolução apenas lhes tivesse dado um penduricalho de cor diferente, ou a capacidade de se arrastarem pelo ar em vez de se arrastarem pelo chão.

Considerando que este é um jogo para PC, boa sorte ao tentarem jogá-lo com teclado e rato, já que este se apresenta numa disposição circular, com os monstrinhos marcianos a atacarem-nos de todas as direcções, sendo que nos encontramos no centro do mapa e temos de ser nós a rodar para a direcção certa. Intuitivamente pensei que bastaria pressionar as teclas na direcção que queria que o boneco se deslocasse, mas isso revelou-se incorrecto, e mesmo depois de, finalmente, ligar um comando ao computador não foi imediata a minha percepção de como o jogo se jogava, o que produziu bastantes momentos frustrantes e muitos níveis repetidos até perceber que o que o jogo queria era que usasse o analógico esquerdo do comando para rodar para o local certo. Embora agora me sinta um bocado estúpido por ter demorado tanto tempo a percebê-lo, ainda assim tenho reclamações, já que acertar consistentemente em cada uma das oito direcções de onde somos atacados não é fácil, especialmente nos momentos mais caóticos.

Caos é também aquilo em que se torna o jogo a partir de certo nível. Para derrotarmos os diversos marcianos temos de construir as torres adequadas no local certo. Para construirmos essas torres temos de ter energia que produzimos a um ritmo constante consoante o número de painéis solares que possuímos. Ora, o jogo não é tão estratégico como a maioria de todos os outros tower defense, já que cada torre está mais ou apenas adequada a um determinado tipo de inimigo, o que praticamente elimina muita da estratégia, já que nos limitamos a decidir quanto queremos investir em painéis solares e a partir daí só temos de ter a capacidade de produzir as acções por minuto adequadas para conseguirmos ir construindo as torres ou barreiras sem nos enganarmos, e repô-las cada vez que se degradam e acabam por se auto-destruir.

Para aproveitarmos ao máximo a calma do início de cada nível é imperioso aproveitarmos o uso da primeira pessoa. Há também momentos em que, no meio da confusão, o indicado é aproveitarmos essa nossa disponibilidade para complementarmos os disparos das torres com a nossa capacidade de fogo. Isto volta a trazer frustração ao nosso jogo, já que não conseguimos seleccionar os inimigos contra os quais queremos disparar e, muitas vezes, colocamos uma torre que dispara contra inimigos no chão e queremos ser nós a derrotar o do ar, mas o auto-aim não nos deixa fazer isso, tornando todo o processo bastante irritante.

Em resumo, não fiquei a morrer de amores por Escape From the Red Planet. A ideia de conjugar tower defense com uma componente em primeira pessoa parecia ser uma boa ideia, capaz de introduzir mais estratégia e gestão ao jogo, mas na prática resulta mal, e isso associado a controlos complicados e uma fraca componente estratégica faz com que não veja razões para recomendar o jogo nesta fase.