Tenho o hábito de dizer que as pessoas não mudam, mas isso também se aplica a alguns jogos. Shadow Warrior 3 não pode mudar, mas nota-se pontualmente a tentativa de actualizar as piadas. Não resultou, mas saúda-se a intenção.

Devo ser um dos últimos fãs de franquias como Serious Sam ou Duke Nukem. Shadow Warrior sempre me pareceu o jogo mais interessante destes três, primeiro porque Duke Nukem morreu há c’anos, depois porque o seu humor é bem mais cuidado que em Serious Sam. É precisamente neste ponto que Shadow Warrior melhorou quando comparado com entradas anteriores na franquia, com imensas referências à cultura pop e a outros jogos. Nenhum deles, como poderia deixar de ser, é humor subtil, todas as piadas nos são enfiadas pela goela com uma força que por vezes só as sentimos quando batem nas paredes do estômago, mas, há que o admitir, considerando o tipo de humor praticamente todas resultam e este é um humor que resulta bem comigo.

A sua entrada no Game Pass fez-me pensar se valia a pena jogar. Sei que há algumas pessoas que criticam a sua adição, mas a integração na interface do tempo estimado para acabar a história foi o que me fez instalar o jogo. Quatro horas. Estranhei essa estimativa, já que Shadow Warrior é o tradicional jogo de 10 horitas. Somente com quatro horas, caso o jogo fosse bom, ficaria na cova de um dente.

Claro que o jogo ser assim tão curto faz com que a história nem tenha tempo para ser má. Dentro do habitual estilo chunga é aceitável, fornecendo-nos reviravoltas suficientes para nos manter interessados.

A luta é a tradicional. Um estilo caótico descaradamente a imitar DOOM, agora até com o uso de um gancho, e Serious Sam nas molhadas de inimigos e com a adição de alguns demónios claramente copiados deste. Tanta mistura dá a impressão que o jogo foi comprado na Wish, já que falta o método. Há uma desorganização que muitas vezes não nos deixa perceber o que está a acontecer. Não há um critério nas nossas acções, não há uma tentativa de misturar logicamente os demónios que combatemos, não há uma tentativa de criar arenas adaptadas aos encontros que sucessivamente vamos tendo.

É nesta tentativa de imitar que Shadow Warrior 3 perde a sua essência. A busca da inclusão da piada nas próprias mecânicas do jogo aparenta ter sido o prego que faltava para fechar este caixão, dando razão aos críticos que teimam em dizer que este tipo de jogos estão completamente fora do seu tempo. Atrasados e fora de moda.

Encarava Shadow Warrior como um bastião do humor chunga. Era o toque de qualidade e requinte no meio da chafurdice, mas foi-se. Esfumou-se no meio de imensos equívocos dos quais será difícil de recuperar, mesmo sabendo que agora têm a chancela da Devolver Digital a apoiá-lo, e isto também me surpreende. A Devolver raramente falha e, para além de publicar o jogo, comprou mesmo a Flying Wild Hog! Numa coisa temos de concordar, realmente este jogo é diferente…

Sobra-me Serious Sam. Sim, agora também me questiono sobre a actualidade destes jogos e a incapacidade de se reinventarem. Se calhar não dá mesmo. O croqui era aquele e não dá para mudar.

Com o seu publico alvo a diminuir a cada ano que passa basta um erro de casting para destruir parte dos fãs. Pelo menos Shadow Warrior 3 conseguiu eliminar mais um. Eu!