The Last Spell, pela Ishtar Games é definido como um Roguelite, Tactical RPG e confesso que nem sei se esta definição chega para este jogo. Incrivelmente imersivo, difícil e plenamente disposto a roubar as horas do meu dia, The Last Spell apanhou-me de surpresa.
Num mundo de fantasia fustigado constantemente por guerra, um arquimago iluminado decide por termo a tudo isto com um derradeiro feitiço. Para surpresa de todos, foi pior a emenda que o soneto. Selos mágicos distribuídos pelo mundo, hordas de mutantes à solta, destroem tudo o que lhes surge à frente. A única escapatória, um grupo de magos arrependidos que pretende escapar à fúria de uma turba que os culpa pelo o desastre.
O nosso objetivo será então conseguir tempo para estes magos conseguirem quebrar os vários selos, para isso temos que nos sacrificar para deter a multidão de mutantes que surge todas as noites e avança sobre os nossos magos.
O jogo divide-se em duas fases, o Dia, em que preparamos tudo para nos defender das hordas destruidoras e a Noite: quando efetivamente combatemos as ditas hordas. O sistema de combate funciona por turnos, os nossos heróis gastam os seus pontos de ação e dão a vez os monstros atacantes.
De dia temos vários pontos a tratar, começando pela nossa vila na qual podemos criar novas estruturas, por os nossos trabalhadores em diversas atividades como recolher materiais ou ouro. Nesta altura também podemos procurar transformar a essência purpura que recolhemos em anteriores batalhas em benefícios concedidos por uma entidade misteriosa. É também de dia que vamos preparar os nossos heróis, desenvolvendo as suas habilidades, comprando equipamento e decidindo os seus papeis em batalhas futuras.
Temos muitas escolhas de como desenvolver os nossos heróis, é um sistema com bastante profundidade e importância. A forma como desenvolvemos os nossos heróis é fundamental para o nosso sucesso nas batalhas. Inicialmente tudo serve é um facto mas este não é um jogo fácil. Não demorou muito a ter um João todo satisfeito por limpar uma vaga com toda a facilidade para logo a seguir se ver com o saco vazio (mana), para a vaga seguinte…que por acaso é mais forte e que vai rir das minhas pobres habilidades.
Entre compra de equipamentos, habilidade etc o sistema de crescimento RPG é bom e profundo o suficiente para o seu papel em The Last Spell.
De noite começamos por colocar os nossos heróis “na mesa” e em seguida é a parte boa (ou não), confrontar as hordas malévolas. Tarefa que começa por ser bastante fácil e eficaz mas rapidamente começamos a perceber que é preciso uma gestão cuidada das nossas habilidades e recursos. Depois de levar muita “porrada” e ter que refazer coisas que preferia não refazer lá me apercebi que preciso de algum herói cheio de vitalidade para ser o alvo da atenção dos indesejados monstros. Não menos importante é ter magia magia de controlo de multidões. Estas duas são essenciais para progredir em The Last Spell.
Como disse no inicio, este foi um jogo que me surpreendeu pela positiva. As mecânicas estão muito bem polidas, a conjunção de vários géneros está muito bem feita e resulta num jogo imersivo com uma progressão lenta e difícil mas muito recompensadora.
A pixel-art está bastante detalhada e as atmosferas criadas são excelentes, isto dito por alguém que não aprecia de todo este tipo de arte. Está sem dúvida um excelente trabalho, muito embora não seja uma obra-prima como Children of Morta é sem dúvida bom e sólido neste aspecto.
Em termos de som e música o jogo podia beneficiar de algo um pouco melhor, sendo que é um jogo que nos prende horas a fio numa batalha tática esperava sem dúvida algo mais envolvente neste capitulo, nada que comprometa o resultado final mas ao mesmo tempo algo que me diz bastante num jogo e quando está bem feito acrescenta mais uma camada ao resultado final.
Algo que realmente não gostei foi a UI do jogo, pouco intuitiva e em alguns pontos chata o suficiente para me fazer perder tempo à procura de como funciona. A UI é algo em que nem sequer devia pensar quando estou a escrever uma crítica mas quando não está bem feita incomoda bastante.
The Last Spell está no Steam a 25€ e é uma excelente compra, um jogo para muitas sessões, muito jogo sem sequer perceber que ainda estou na cadeira a planear como fazer frente a mais uma horda. As várias componentes de RPG, Tactical roguelite e aquele feeling de tower defense juntam-se perfeitamente para criar uma experiência cheia com muito divertimento (e frustração), não é fácil e por isso ainda o valorizo mais pois as nossas decisões vão ter realmente um peso no que vai acontecer, se vamos ter sucesso ou não.
Só posso dizer que aconselho vivamente este jogo e agora vou embora que se aproxima mais uma horda…