Voyager foi mais um jogo que me descobriu e não o contrário. Já não tenho paciência para jogar jogos que à partida sei que não vou gostar, mas este pareceu intrigante o suficiente para me despertar a curiosidade. Agora estou aqui a olhar para a folha em branco a pensar no que posso escrever acerca dele…
Ultimamente tenho escrito isto muitas vezes, tanto que está a tornar-se num cliché. Adivinhem o que temos de fazer em Voyager? Isso mesmo, trazer a luz de volta. Não sei se esta história saiu num pacote de histórias da HumbleBundle, mas há aqui um padrão que estou a detectar. Seja como for, a normalidade acaba aqui, a partir disto Voyager traça o seu caminho.
Não sei bem o que é que o nosso pontinho representa, mas na prática somos um pontinho preto com um contorno branco que gira obedecendo a uma órbita gravitacional em torno de uma estrela, sendo que o nosso objetivo é descobrir outros planetas que giram também nas suas órbitas, mas que inicialmente não são visíveis. Esses planetas também exercem a sua força gravitacional, se bem que bem menor que a estrela no centro da galáxia.
Tudo no jogo tenta transmitir uma sensação de calma e relaxamento, uma espécie de jardim zen dos jogos que imitam os gráficos de 1-bit, o senão é que o gameplay em si consegue irritar solenemente, o que acaba por, para além de ser irónico, minar o objectivo do jogo em si.
Claro que o jogo só se torna irritante porque tem um princípio, um meio e um fim. Os níveis acabam, têm um propósito, e cada vez que isso existe é natural que cada jogador queira atingir os objectivos que o levam a bater o nível e, em última análise, o jogo. Com isto quero estabelecer que o jogo não é apenas um momento zen, há algum gameplay, frustrante por sinal. O que temos que fazer é tentar influenciar a órbita do nosso ponto com pequenos toques com o rato para tentar encontrar os planetas. Encontramo-los ao chocar com eles ou passando perto do local onde estão. Mal saem da proximidade desaparecem da nossa vista.
Mecanicamente fazemos muito pouco, mas é possível direcionar um pouco para o que queremos, levando a imensas tangentes ao alvo, muitas vezes muito difícil de encontrar e de prever onde se encontra na sua órbita fixa.
Encontrar cada um dos planetas não é completamente casual. O nosso pontinho deixa pequenos pontos brancos enquanto se vai movimentando, e esses pontos sofrem distorção gravitacional quando outros planetas passam por eles, mesmo que nessa altura os planetas não sejam visíveis, contudo essas distorções são muito discretas e difíceis de detectar e seguir, o que faz com que, a maioria das vezes, a nossa pesquisa se baseie muito na adivinhação.
Graficamente é um jogo totalmente a preto e branco sem grande coisa que possa acrescentar, já a escolha musical é excelente, com todas as músicas, essas sim, exemplarmente escolhidas e capazes de transmitir esse ambiente relaxado de jardim zen.
Não sei até que ponto consigo recomendar este jogo, nem propriamente a que situações se pode adequar, mas é barato e é aquilo que promete ser… não sendo propriamente claro o que Voyager prometer ser…
E é esta a informação possível sobre o jogo.