Não falta opção e diversidade no mercado dos roguelites, especialmente nos de acção como Space Gladiators, mas esse acaba por ser a maior batalha que todos eles têm de travar. Porquê escolherem-nos a eles e não a jogos como Dead Cells, ou The Binding of Isac.

Vou começar pelo fim. Tecnicamente Space Gladiators é um jogo bastante bom, bem feito, gráficos como se fosse um desenho animado, uma música electrónica exemplarmente escolhida, efeitos sonoros distintos que nos ajudam a distinguir e atacar os diversos inimigos e controlos simples, fluídos e responsivos que raramente nos deixam com aquele amargo de boca onde ficamos com a sensação que carregámos no botão mas o jogo não respondeu. Se gostam deste tipo de jogos, não vão ficar decepcionados com este, especialmente se considerarem que está à venda a um preço justo. Porém se quiserem ir ler os “poréns” desta vida, continuem com o texto.

Falando dos pontos um a um e acrescentando a história e começando por ela. Somos um grupo de presos que tenta escapar duma prisão espacial, lutando através das diversas masmorras e arenas para gáudio de todos os outros prisioneiros? Espectadores? Para gáudio dos assistentes. No fundo só quis dizer gáudio e agora não sei bem como sair disto.

Graficamente não há muito a apontar a este estilo desenho animado com figuras e animações bem perceptíveis, que não se confundem com o cenário na vasta maioria das vezes. Esta simplicidade ajuda bastante na nossa orientação. Raramente perdi a noção de onde estava o meu boneco, algo que acontece frequentemente nestes roguelites de acção e plataformas em que muita coisa acontece no ecrã ao mesmo tempo.

Ainda não consegui passar do segundo nível e o mais frequente ainda é morrer no primeiro. Felizmente a escolha musical deste primeiro nível está muito bem conseguida, contudo é sempre a mesma, não muda, então rapidamente se torna repetitiva e aborrecida. Tinha algum receio que só houvesse essa, mas felizmente não, o que me leva a crer que mal progrida um pouco nos níveis dos personagens que já desbloqueei e me torne mais consistente a progredir no jogo, este problema não se torne tão presente em cada run.

Contudo o essencial nestes jogos repetitivos é, como em todos os outros, a jogabilidade e, quase tão importante quanto isso, aquilo que nos faz fazer mais uma run, continuar mais um pouco, ficar a jogar em vez de passar a outro jogo, repetir incessantemente a mesma coisa para progredir, e é neste segundo ponto que me parece que Space Gladiators mais falha.

A progressão neste jogo é lentíssima, tão lenta que se o tivesse de classificar o colocaria muitíssimo mais próximo de The Binding of Isaac, um roguelike praticamente puro, do que, para aproveitar um jogo que joguei recentemente, Spiritfall. A maior diferença é que raramente joguei mais que meia hora de cada vez. No fundo parecia que não progredia e apetecia-me de imediato trocar de jogo. Há que relativizar este ponto, porque tenho sempre muitos jogos instalados, mas não é muito frequente um jogo tão bem elaborado não me agarrar praticamente nada.

Mas voltando à vaca fria, a jogabilidade é simples e bastante satisfatória. Vamos desbloqueando diversos personagens, cada um com um conjunto de características que os tornam mais fáceis ou difíceis de utilizar. Há também a opção de deixar que a escolha do personagem com o qual jogamos seja aleatória, que foi aquela que usei.

Com a nossa arma principal podemos quase sempre atacar na horizontal ou vertical, com a excepção de um dos personagens que desbloqueei que atacava na diagonal, dificultando imenso os ataques por troca com um incremento no dano. Também temos um movimento de dash que nos torna imunes a quase tudo.

Ao longo de cada run temos acesso a habilidades defensivas e ofensivas que podemos usar com recurso ao investimento de pontos de tecnologia que adquirimos ao derrotar inimigos ou bicharada inofensiva que aparece em todas as masmorras. Mais uma vez não há qualquer equilíbrio nestes itens, que vão desde o completamente inútil ao completamente overpowered!

Também podemos adquirir armaduras que pouco mais são do que pontos de estatística, já que nem representação visual têm.

Há também os pets que nos dão uma ajuda nas batalhas, mas o mais comum foi nem sequer os apanhar.

Vamos adquirindo esta traquitana toda com recurso a dinheiro que apanhamos por tudo e mais alguma coisa ao progredirmos nas masmorras.

Space Gladiators é muito competente mas falta o sal que nos entusiasma e leva a dizer aos amigos que descobrimos uma pérola que eles não podem perder, é como ter todos os ingredientes para fazer uma excelente sopa, mas estamos sempre a pensar que falta aquele ingrediente secreto que a nossa avó usava mas que nunca nos disse qual era. Provavelmente vou continuar por uns tempos com as minhas runs no jogo, mas penso que nem vou dizer a ninguém…