Mechas. Para quem leu esta primeira palavra e o processo sináptico criou de imediato uma imagem de uma madeixa de cabelo ou um conjunto de fio entrelaçados, então provavelmente este artigo não vos é destinado. Mas tentemos novamente: mechas. Se desta segunda vez toda a gente pensou de imediato em robots gigantes, maiores que prédios, armados até ̶a̶o̶s̶ ̶d̶e̶n̶t̶e̶s̶ às placas faciais, então estão no sítio certo.
War Robots: Frontiers é o multiplayer arena shooter na terceira pessoa lançado no universo de (surpreendam-se) War Robots, em Early Access no PC, com lançamento esperado para PS4, PS5, Xbox Series e Xbox One no final do ano, quando o jogo sair definitivamente da fase alpha. Um universo de jogos mobile que comemorou recentemente o seu 9º aniversário, e que após mais de 200 milhões de jogadores nas plataformas móveis, estende-se agora para o PC e para as consolas. Um óbvio salto de expansão da geração de lucro deste universo para outros ambientes que não apenas o mobile.
Para quem nunca jogou War Robots, explicar este Frontiers é muito fácil. Temos arenas fechadas com 2 equipas, uma azul e uma vermelha, cada uma do seu lado. Os mechas têm, nesta fase de Early Access, 3 classes distintas, com agilidades, armaduras e poder de fogo distintos. Como esperaríamos num jogo deste género, a customização dos nossos mechas é simultaneamente o paladar requintado que nos faz regressar, e ao mesmo tempo o modelo de negócio, com moedas premium e comum a servirem para podermos comprar novos equipamentos (e futuramente novos mechas).
A simplicidade mecânica nota-se na origem de toda a série, mas na realidade acaba por ser a razão pela qual as suas partidas curtas nos fazem regressar. Se estivermos acompanhados, é claro, mas já lá iremos.
Cada mapa possui 6 pontos estratégicos, metade perto de cada uma das equipas no início do combate. O objectivo de cada equipa é o de ter area control, tentando capturar o máximo destes pontos e mantê-los na sua cor o maior tempo possível, num capture the flag posicional.
Pelo meio deste objectivo – e para o conseguir – vamos ter de ir destruindo os mechas adversários (e também com o cenário), o que não só os atrasa dado que vão passar algum tempo fora de jogo à espera de fazer respawn, como estas “mortes” vão contribuindo para encher a barra de Titan da nossa equipa.
Os Titan são mechas especiais, poderosos, e que só são acessíveis depois de preenchermos a referida barra. Após esse momento basta-nos ir até um ponto estratégico controlado pela nossa equipa e “invocar” esse Titan, que passaremos a controlar e que substituirá o nosso mecha enquanto estiver intacto, podendo mudar, e muito, a frente de batalha.
Com batalhas curtas, War Robots: Frontiers mostrou-se, para a minha paixão por mechas (estes lembrando e muito os clássicos Robotech) e por customização, como um dos jogos mais apelativos que joguei no PC. Tem um problema, pelo menos nesta fase de Early Access: a monotonia do conteúdo. As partidas curtas tornam tudo isso ainda mais evidente, com o loop competitivo a resumir-se, nesta fase, a ir subindo de nível para ter acesso a novos componentes para adquirir no nosso hangar, e a coleccionar currency para os aceder.
Se estivermos a jogar War Robots: Frontiers sozinhos o flow do jogo rapidamente vai-se esgotar e a probabilidade, se não forem ávidos consumidores do género, é o de o abandonarem em detrimento de outro título.
War Robots: Frontiers é uma boa conversão do mindset criativo e o loop mecânico de um jogo mobile para o ambiente de PC. Tenho dúvidas que dado o reduzido conteúdo que o jogo possui que justifique a decisão da MY.GAMES de tornar um jogo premium de 14,99€ e não F2P como parece ser mais ajustado ao que nos traz. Decisão essa que vai ditar muito do que será o sucesso de War Robots: Frontiers no futuro.