Imaginem que são um programador cheio de talento mas estão bêbados que nem um cacho. Estão a voltar para casa depois duma noite de copos com os amigos. Do meio do nada aparece o CEO de um estúdio com uma proposta de trabalho que vos deixará com segurança financeira para o resto da vida. Apenas têm de fazer um jogo similar a Mount & Blade. Considerando a situação é o que conseguem. Hero’s Hour parece um Mount & Blade se programado com uma bebedeira de caixão à cova!
Não me lembrava do nome Hero’s Hour, mas lembrava-me perfeitamente de ver aqueles bonequinhos saltitantes no canal The Spiffing Brit que usualmente sigo. Na altura pensei que o jogo devia ser muito divertido de jogar e quando fui ver o trailer dos jogos do mês no Humble Bundle percebi logo que tinha de jogar este. Em boa hora o fiz.
Hero’s Hour é um jogo de estratégia por turnos em que navegamos exércitos num mapa, mas temos batalhas em tempo real onde podemos dar ordens sumárias aos nossos exércitos.
A história é inexistente, e isso incomoda-me um pouco já que há bastante espaço para existir um modo história, mas apenas podemos jogar em mapas randomizados conta a IA, mesmo que exista a possibilidade de remote play, onde podemos jogar com um amigo em modo cooperativo.
A aposta deste jogo foi na dificuldade e não tanto nas opções de combate. Nas dificuldades intermédias já é bastante difícil aguentar a IA, que me parece fazer batota em todos os jogos, aparecendo com um número estranho de unidades para a ronda em que se joga.
Gradualmente aprendemos os truques, mas é uma pena que o mais importante seja a força bruta num jogo que até tenta oferecer diferentes opções estratégicas, aparentando esquecer-se do equilíbrio entre elas. Por exemplo, temos a possibilidade de ter muitos exércitos, mas quantos mais tivermos mais temos de diluir as nossas unidades, então rapidamente percebi que podia usar exércitos de forma descartável, usá-los como uma ferramenta para apanhar recursos ou levar unidades para o nosso exército principal, esse sim capaz de lutar de um para um com todos os outros. Mantendo essa estratégia conseguimos ir mantendo os nossos inimigos em sentido e a necessitar de renovações sucessivas que não os deixam evoluir livremente até que, a certo ponto, já conseguimos dispensar algumas unidades para outros exércitos e assim sucessivamente. Com mais unidades distribuídas por outros batalhões começamos a conseguir enfrentar mais batalhas sem necessitarmos do nosso maior batalhão, dispensando-o assim para outras missões.
Há que realçar que o jogo não se transforma simplesmente num tycoon, continuamos a necessitar de mover estrategicamente os nossos batalhões para evitar inimigos que suspeitamos não poder enfrentar por estarmos pouco evoluídos.
Em cada batalha que lutamos ganhamos experiência e pontos de habilidade. A experiência permite-nos avançar na árvore de habilidades, desbloqueando algumas que podem fazer a diferença no campo de batalha, mas também vamos ganhando pontos que entram na nossa capacidade de atacar, defender, ter sorte ou realizar feitiços. Estes pontos não melhoram apenas a capacidade do nosso líder, mas de todo o batalhão. As tropas vão evoluindo nas suas capacidades, e a certo ponto a maioria das unidades já conseguem tornar-se assustadoras.
A realização de feitiços pode mudar completamente a maneira como uma batalha evolui, mas está ligada ao habitual gasto de maná, logo o seu uso tem sempre de ser ponderado.
As ordens que podemos dar às tropas são bastante simples, limitando-se essencialmente a mandá-los de um ponto para outro, ou a atacarem um determinado ponto do campo de batalha.
Com controlos esquisitos e muitos movimentos pouco compreensíveis quer na navegação, quer nas batalhas, Hero’s Hour nunca é uma experiência completamente satisfatória, mas em todos os momentos é desafiante e divertida.
Quis falar-vos um pouco deste jogo porque considero que merece alguma atenção. Enquanto o jogava cocei tantas vezes a cabeça que acho que fiz uma ferida, mas estava a rir-me enquanto o fazia. Hero’s Hour é um daqueles jogos que nos cativa não por aquilo que é, mas apesar daquilo que é. Olhei para além do que parece à superfície e acabei a adorar todos os minutos que passei a jogá-lo!