O primeiro Dead Island colocou o jogador na pele de um dos sobreviventes de um apocalipse zombie numa colónia balnear de uma ilha paradisíaca. O jogo teve uma receção mista, entre a diversão de matar zombies num cenário paradisíaco, mas por outro lado, deixava tecnicamente muito a desejar. O estúdio polaco Techland preferiu ignorar uma sequela e dedicar-se a Dying Light, igualmente um sandbox com zombies, mas com foco em elementos de parkour.

Mas os planos para Dead Island 2 continuaram, agora nas mãos da Dambuster Studios, do catálogo da Deep Silver. Mas foi  necessário esperar quase 9 anos para o seu lançamento. O jogo chegou a ser dado como cancelado, dada a longa ausência de novidades da produção. Felizmente o projeto é real e no geral valeu a pena a espera.  Esta sequela é superior em todos os sentidos ao Dead Island original, ainda que seja bastante familiar a quem jogou o primeiro. 

Dead Island 2 muda o elenco de personagens que podemos controlar, mas também o cenário da ação. O nome é enganador, uma vez que esta aventura de sobrevivência tem lugar em Los Angeles, sobretudo em bairros ricos como Beverly Hills, Santa Monica ou mesmo num estúdio de cinema. Este cenário inspira a extravagância de Hollywood, as mansões que servem de palco de ação, lembrando filmes como Zombieland.  Não estamos perante um jogo open world, mas sim diversos cenários abertos interligados das diferentes localizações.  

O jogo começa com a evacuação da cidade, depois do início do apocalipse zombie, no último avião disponível para evacuar algumas estrelas famosas. Obviamente, como dizem os americanos, shit hits the fan, e o avião acaba por se despenhar. Os sobreviventes a bordo têm as suas histórias e agenda, sendo que seis delas podem ser escolhidas, cada uma com diferentes habilidades, forças e fraquezas. E uma vez feita a escolha não é possível mudar de personagem, sendo obrigado a recomeçar a aventura, caso queiram experimentar outra. Há diferenças na jogabilidade, desde a agilidade ou a capacidade de dar dano crítico, entre outras estatísticas e habilidades, ao gosto de cada jogador. 

Certamente que a história não é o seu ponto mais forte, com o cliché de que o protagonista é imune e procura cientistas para tentar encontrar uma cura para a infeção. No entanto, serve como palco de fundo para explorar os cenários repletos de ostentação das estrelas de Hollywood e encontrar personagens excêntricas ou meramente bizarras. Seja um ator idoso que armadilhou a sua mansão para se defender ou uma criadora de conteúdo que encontrou nos zombies os seus novos protagonistas das suas streamings, pedindo o respetivo like e subscrição. O jogo alterna entre missões de história e quests secundárias, que nos incentiva a explorar mais a fundo os cenários, encontrar melhores armas e claro ganhar experiência. 

E o principal problema está exatamente nesse ciclo de gameplay. Os zombies e as novas áreas estão ligadas a um nível de dificuldade que o jogador tem de estar no mesmo patamar, caso contrário torna-se um desafio bem elevado. Estar rodeado de inimigos mais poderosos e em grande número, são estupidamente difíceis de enfrentar se não tiverem armas igualmente preparadas. 

E neste jogo tudo faz automaticamente upscalling com o nível do jogador. Os inimigos vão estar sempre ao mesmo nível, mas também as armas encontradas. Felizmente que a certa parte da aventura vão encontrar armas poderosas, desde picaretas (as minhas favoritas), a catanas, facas ou tubos de diferentes raridades. E quando começam a desbloquear as roxas, com mais slots para perks, a ação torna-se ainda mais divertida. 

As armas podem ser transformadas nas bancadas de trabalho, seja para repará-las, como acrescentar os perks ou mesmo, convenientemente, subi-las de nível. E tudo isto é necessário matérias-primas encontradas no cenário ou através de armas desmanchadas, assim como muito dinheiro. 

Podem adicionar perks como o fogo, eletricidade, ácido e outros elementos, considerando que os zombies têm fraquezas e resistências a explorar. Esses elementos são válidos para o cenário, uma vez que podem utilizar combinações como água e eletricidade para eletrocutar os zombies. Criar emboscadas com fogo ou ácido, de forma a causar dano antes de os enfrentar corpo-a-corpo.

O combate melee continua a ser o principal foco do jogo. E é estupidamente divertido desmembrar os zombies, perceber os seus pontos fracos, como apontar para as pernas ou arrancar braços. Existem diversos tipos de zombies, incluindo explosivos ou grandes bestas que requerem formas mais criativas para os eliminar. É necessário estar sempre atento ao cenário e perceber as oportunidades de emboscadas para facilitar, sobretudo em objetivos em que temos de eliminar todas as aberrações para avançar. 

Além das armas melee, também vão ter acesso a pistolas, caçadeiras e metralhadoras, mas devem ser utilizadas em situações específicas, porque as munições são escassas. Além disso, a personagem desbloqueia diferentes habilidades passivas, através de cartas ativas, que desbloqueiam diferentes builds. Se encontrarem a combinação perfeita vão ter mais facilidade em avançar. No meu caso, um pontapé no ar diminui enfraquece a resistência aos zombies e as minhas armas eram atualizadas com mais força de impacto. Além de ter escolhido uma personagem com maior possibilidade de causar dano crítico. 

Uma barra cheia permite-nos também transformar numa aberração por breves segundos, o que são más notícias para os zombies, que são despedaçados rapidamente. 

Dead Island 2 é uma grande surpresa, um jogo divertido e cheio de ação. Os modelos dos zombies são excelentes, não só pela grande variedade de estereótipos e classes, como o seu detalhe é do melhor que vi. É possível ver os buracos no seu corpo e espreitar as suas entranhas e órgãos, os desmembramentos e sangue exagerado são de destacar. E mesmo que o jogo tenha um aspeto colorido, pelo cenário hollywoodesco, o estúdio também soube criar cenários noturnos, mais assustadores, elevando a tensão. Os zombies podem sair das sarjetas, ar condicionados, teoricamente de todo o lado, pelo que necessitam estar atentos. 

Tal como o primeiro jogo, Dead Island 2 não é para ser muito levado a sério. Depois de uma adaptação inicial, completar as missões, melhorar as armas e caçar zombies acaba por se tornar muito divertido. A campanha é longa e o jogo está repleto de missões secundárias, personagens desaparecidas para encontrar e outros objetivos paralelos com recompensas interessantes. E há muita variedade de habilidades e personalização das armas para explorar. Para jogadores que procuram um título de zombies descomprometido, com um bom sistema de combate melee, e sobretudo, se gostaram do primeiro, este não irá desiludir.