Quando vi o trailer deste jogo percebi de imediato o que tentava fazer. Procurava uma viagem ao passado, ao tempo em que éramos felizes com tão pouco. Usualmente estes jogos modernizam muita coisa, algo que não acontece com Moons of Darsalon e isso costuma ser a receita do desastre, já que apenas a nossa imaginação recorda qualidade em todo o lado, a realidade é sempre bem mais dura. Surpreendentemente este jogo assenta como uma luva na modernidade.

Moons of Darsalon é uma mistura do estilo de jogo de Lemmings com um estilo gráfico que me fez lembrar de Earthworm Jim, embora com um pixel art mais esbatido e difuso.

O nosso objectivo é salvar os darsanautas (habitantes de Darsalon) que se perderam durante a exploração das minas nas luas de Darsalon. Nunca mais critico a minha capacidade de orientação, já que depois de ver a quantidade e facilidade com que os darsanautas se perdem, sinto-me capaz de participar num campeonato de orientação.

A escolha musical do jogo é sublime, tendo-me surpreendido pela quantidade de músicas conhecidas que existiam, todas elas sintetizadas em 8 bits. Também sintetizado em 8 bits são as falas que nos dão as instruções. O grau de “retro-detalhe” não acaba aqui, já que todo o jogo é jogado com um filtro CRT que, admito, combina na perfeição com o espírito do jogo, mas enquanto escrevo isto penso que era uma adição óbvia e lógica. O que não me pareceria tão óbvio era o estilo de letra ser o de Duck Tales, apenas um dos muitos easter eggs de cultura pop que podemos ver.

Durante o jogo a nossa função é procurar os desaparecidos e levá-los de volta à base. Todos são capazes de cumprir ordens simples como seguir-nos, ir para um dos lados ou ficar quieto. Sabermos quais as ordens a dar é bastante importante e rapidamente se torna um elemento essencial na resolução dos puzzles que nos são apresentados.

Passar cada um dos níveis não é excepcionalmente difícil, já que nos dão margem suficiente para o fazermos, o que é difícil é cumprir mais que os objectivos mínimos e chega esse detalhe para dar muita rejogabilidade a qualquer um dos níveis.

A dificuldade escala de forma relativamente rápida, mas nunca é introduzida mais que uma mecânica por nível, e a nenhum ponto nos sentimos assoberbados pela novidade aliás, até é comum começarem a retirar-nos ferramentas que nos dariam imenso jeito em alguns dos níveis e, muito mais do que isso, são muito divertidas de usar, mas é essa a natureza de um jogo de puzzles.

Podemos usar lanternas para guiar os darsanautas no escuro, pistolas laser para combater inimigos ou destruir algumas partes do cenário, pistolas de terraformação para aprisionar inimigos ou criar pontes entre diversos locais, jetpacks para chegar a locais inacessíveis, portais de teletransporte e, mais tarde, inclusive veículos são adicionados à festa. Os recursos não são infinitos sendo que quer o combustível quer a munição acabam, e temos que encontrar recargas espalhadas pelo nível.

O combate com o inimigo é para ser encarado mais como qualquer outro obstáculo e não como um desafio, já que estes se limitam a vir a direito na nossa direcção, porém se não formos rápidos a eliminá-los é muito fácil que arrumem com um ou outro darsanauta que pouco ou nada pode fazer para lhes resistir.

O diálogo do narrador e personagens é engraçado com quebras esporádicas da quarta parede, mas apenas o narrador tem voz, todos os personagens no ecrã comunicam através de balões de texto.

Há a possibilidade de fazermos os nossos próprios níveis ou jogarmos níveis feitos pela comunidade, mas ou eu não percebi como se pesquisavam, ou não existe nenhum. Uma pesquisa online nos canais disponíveis não me ajudou com isto. Menciono porque me parece uma ferramenta cheia de possibilidades, mas talvez pouco usada. Não esperem é um Super Mario Maker

Mais uma vez tenho de implicar com o facto de um jogo como este não ter cloud saves, o que me obrigou mais uma vez a ter dois saves paralelos mais ou menos no mesmo ponto do jogo.

Moons of Darsalon está extremamente bem feito, cuidadosamente desenhado para parecer um jogo da década de 1980. Proporciona desafio suficiente aos compleccionistas e simplicidade para quem somente quer ir avançando de nível, tornando-se até bastante linear nesse aspecto. Parece tão simples fazer um jogo tão bom, não parece?