Vampire Survivors apanhou toda a gente de surpresa. Embora não muito falado quando foi lançado, mal entrou no Game Pass explodiu em popularidade e passou a ser falado em tudo o que era podcast. Naturalmente as cópias não tardaram a aparecer, especialmente no mercado móvel, mas também fora dele. Rift Rangers é uma dessas, mas se elogio o esforço de não se fazer uma cópia directa, também o critico por ter eliminado tudo o que tornava o género divertido.

Rift Rangers é um roguelite autobattler em pixel art que emula em imensos aspectos o que Vampire Survivors tenta fazer. Há um rasgo no espaço-tempo que permite que monstros provenientes do Master Brain venham para a terra e a nossa função é aguentá-los durante sucessivas vagas ao longo de 20 minutos até que o nosso Mega Mecha consiga energia suficiente para vir e arrumar com todos eles.

Para além do grafismo em pixel art que já mencionei, tudo é inspirado em séries como Super Sentai, Kamen Rider ou mesmo Power Rangers, quer no desenho dos nossos rangers, quer na inspiração do Mega Mecha. Esta inspiração estende-se à selecção musical, que transpira Power Rangers por todos os poros, garantindo que no que toca a contextualização e, porque não dizê-lo, em detalhes técnicos que apontam que há verdadeiros fãs por detrás deste jogo, está tudo no seu devido local, mas depois temos de começar a jogar.

Para ser honesto, apenas há uma diferença entre o conceito de Rift Rangers e Vampire Survivors, mas essa diferença é notória e torna-se grande o suficiente para abrir um abismo entre aquele que foi o meu jogo do ano 2022, para um jogo mediano. Se em Vampire Survivors somos sempre o centro da acção, com o nosso personagem a manter todas as armas e poderes, em Rift Rangers temos que colocar as nossas armas no chão, sendo que estas depois funcionam como torres automáticas que disparam com uma determinada cadência e poder, limitando o nosso papel a correr ali à volta a coleccionar moeda que permite upgrades específicos de cada run, ou chips de energia que posteriormente permitem a aquisição de upgrades permanentes, ou a aquisição de novos rangers para a nossa equipa.

Considerando esta mudança, há aqui muito de tower defense dentro do jogo, mas para um tower defense de acção somos extremamente passivos, logo com um papel praticamente dispensável para o jogo, o que é uma pena.

Os upgrades acabam por ser os esperados para um tower defense. Aumentar o número de itens que podemos colocar, a velocidade ou poder com que disparam e pouco mais.

Durante o jogo temos que ir conquistando diversas áreas a que chamam cérebros, com o único objectivo de conseguirmos um novo upgrade, mas sem existir qualquer obrigatoriedade de o fazermos.

Durante o jogo o nosso Mega Mecha vai carregando e, de tempos a tempos, vai-nos enviando a possibilidade de, momentaneamente, o nosso ranger poder assumir totalmente ou parcialmente os poderes das torres que possui e aí percebemos o potencial de diversão que o jogo tem. Durante esses 10 a 20 segundos em que podemos andar no cenário a destruir tudo a nosso belo prazer o jogo é divertidíssimo, se bem que a esse ponto se torna na tal cópia completa de Vampire Survivors.

O jogo foi lançado agora, após um período de acesso antecipado e a este ponto apenas há dois níveis, somente diferindo a dificuldade em que os podemos acabar, já que cada um deles tem 13 níveis diferentes desta.

O próprio final de cada run é muitíssimo anticlimático, já que esperamos uma acção decisiva do nosso Mega Mecha, mas na prática apenas aparece o seu pé no ecrã que apenas nos parece esmagar, deixando intocados todos os outros monstros.

No fim de tudo é difícil não recomendar um jogo que custa 5€ e tem tanto conteúdo como Rift Rangers. Na prática não tem nada de errado, mas está completamente minado pelo infinitamente superior Vampire Survivors que até custa o mesmo, e não é suficientemente diferente deste para que sirva para desenjoar, nem entusiasmante o suficiente para um jogador entrar nele e extrair diversão imediata. Sobram os fãs de séries japonesas como as já mencionadas… talvez esses se sintam em casa.