Quando há tantos jogos dentro do mesmo género é muito simples qualquer um deles passar despercebido, e muitas vezes nem consigo bem entender porque é que alguns caem em graça e outros apenas são encarados como engraçados. Oblivion Override faz muito e bem, mas neste momento ainda não sei se irá cair em graça, nem o que mais pode fazer para que tal aconteça.

Oblivion Override é um jogo roguelite em 2D com elementos de luta, plataformas e exploração. Graficamente num tom muito retro-futurista que encaixa que nem uma luva no tema do jogo, um mundo pós-apocaliptico em que as máquinas tomaram conta de tudo e arredores. Também a musica não é a pura batida eletrónica, tem variações muito mais calmas que se adaptam não só ao ambiente do nível, como à sala onde fazemos os múltiplos respawns, que serve como um hub para o nosso desenvolvimento.

Embora a história se vá desenvolvendo gradualmente, já percebi que sou um mecha que funciona como um vírus, procurando destruir todos os outros robôs. Vamos sabendo coisas novas cada vez que encontramos novos personagens que se tornam nossos aliados e acrescentam algo ao que sabemos, ao derrotarmos os bosses a que se segue um curto diálogo com uma entidade que ainda não sei o que significa e, mais tarde, ao acedermos a terminais que nos permitem ver em terceira pessoa os planos que às máquinas estão a congeminar.

Ao jogar nada parece muito diferente dos jogos do mesmo género. Temos sempre uma arma de combate corpo a corpo que vai mudando em cada run, e começamos sempre no mesmo nível que é proceduralmente gerado. Para além de termos de derrotar as outras máquinas também é importante explorar o nível para podermos aceder a tudo aquilo que este nos pode oferecer. Para ajudar a essa exploração podemos usar o prático sistema de teletransporte que facilita sobremaneira a maneira como nos deslocamos e como estão colocados de forma generosa, dificilmente desperdiçamos a opção de explorar a totalidade do nível antes de avançar.

Conforme vamos avançando podemos ganhar 4 tipos diferentes de moeda, dois deles para usarmos na nossa evolução em cada uma das runs, os outros dois para usarmos na nossa evolução persistente à qual acedemos após cada morte.

Temos uma árvore de habilidades relativamente complexa que não serve apenas para nos tornarmos mais fortes, mas para podermos aceder a outros itens que nos permitem evoluir noutras áreas. O progresso é lento e pouco significativo, apenas se tornando visível as nossas melhoras após diversas evoluções, sendo o próprio jogo o maior veículo à nossa melhoria com a nossa aprendizagem de padrões e das pequenas manhas que ele nos oferece.

A cada nível evoluímos seguindo uma cadeia de DNA, comprando elos consoante uma das moedas que vamos ganhando. Há evoluções em diferentes áreas e conforme as vamos combinando até podemos ir subindo o nosso mecha de nível. Também podemos adquirir novas habilidades de combate para somar àquela que a nossa arma já apresenta de origem sendo que, aqui sim, há habilidades muito mais úteis do que outras.

O combate é bastante satisfatório, sentindo-se perfeitamente a diferença entre cada uma das armas, que aparentam ser todas viáveis, sem nunca ter sentido que uma era muito mais forte do que outra, apenas que algumas se adequavam mais ao meu estilo de combate que outras, mas não o suficiente para recusar uma arma mais evoluída apenas porque gostava mais de outra. Com isto também se perde um bocado da diversidade do combate, pois fiquei sempre com a impressão que jogava da mesma maneira independentemente da arma que empunhasse. A minha única queixa é que há alguns momentos de confusão visual, especialmente quando usamos uma das habilidades de uma das armas, em que perdemos um bocado a noção de onde estamos, mas na maioria do tempo o combate depende mais de reflexos e memorização de padrões do que de outra coisa qualquer.

Há imensa coisa que vamos desbloqueamos consoante vamos jogando, desde os esquemáticos para novas armas, encontramos novos aliados que nos dão acesso a novas funções para usarmos durante as runs, temos lojas, puzzles ou bosses intermédios, tudo dependente de probabilidades, mas neste jogo nada nos é dado de mão beijada, tudo tem um preço, e a vasta maioria destas ajudas são apenas um negócio que temos de comprar para podermos usufruir, e nem sempre isso é barato.

No final de cada nível há um boss e se até aí começamos a derrotar tudo com alguma facilidade, aí a coisa muda de figura. Os bosses são bastante mais difíceis que todos os outros inimigos e carecem de mais repetições para perceber os padrões de ataque, ao que se soma sofrerem uma evolução a meio da vida que os torna muito mais agressivos e difíceis de combater. Há uma evolução em árvore, isto é, o primeiro nível pode desembocar em um de três bosses distintos, mas todos eles levam ao mesmo nível subsequente. Não temos acesso a todos eles de início, precisamos de derrotar um para poder aceder a outro, e cada um deles é sucessivamente mais desafiante.

Adorei Oblivion Override! Embora os programadores me tenham dito que poderia encontrar alguns bugs que já estavam corrigidos para a versão final, não encontrei nada. A minha experiência com o jogo correu sem qualquer problema. O combate é fluído e satisfatório, a nossa evolução é lenta, mas não o suficiente para não a notarmos e as componentes técnicas do jogo são praticamente imaculadas. Será que os jogadores vão reparar em Oblivion Override? Neste ponto não sei, mas no que depende de mim posso afiançar que é um excelente jogo que recomendo sem reservas!