Embora tenha sempre a tendência a experimentar a maioria dos jogos que me pedem, alguns despertam-me genuína curiosidade. TailQuest Defense foi um desses, pois me deixou a pensar como teriam junto dois conceitos que nem sempre são fáceis de conciliar.

TailQuest Defense é um tower defense em 3D com uma componente de exploração associada. Quando olhei para o trailer fiquei curioso com algumas coisas, a primeira a concretização do 3D, algo que não é tão simples quanto parece, bastando ver a má transição de jogos como Sonic para esse meio, e como num mapa tão pequenino tornariam a exploração desafiante ou se lhe chamar exploração seria somente desplante.

Tudo neste jogo é fofinho, a um ponto que todos os bonequinhos, bons ou maus, parecem deitar Ursinhos Carinhosos pelos olhos. O nosso objectivo é impedir que os Nands raptem os Nimbers, ao mesmo tempo que vamos recuperando e reconstruindo zonas ocupadas pelos primeiros. Claro que reconstruir é no sentido figurado, pois isso apenas acontece em texto, já que no ecrã nada disso acontece. Com isto esperamos atingir a paz no Reino.

Graficamente num 3D muito poligonizado, com tudo a acontecer em movimento lento, música muito calma e relaxante onde nem sequer falta o som dos passarinhos a chilrear, nada neste jogo remete para stress…, excepto os estranhos ângulos de câmara que pontualmente somos obrigados a procurar para aceder a algumas zonas mais escondidas, e se nessas zonas esse efeito é intencional, para criar alguma surpresa na exploração, há alturas em que é simplesmente o desenho do nível que atrapalha em algumas zonas.

Esta exploração lembra um pouco o que fazemos em jogos como Captain Toad, mas numa versão muito mais simples, já que a área dos níveis é realmente pequena e não é nada fácil esconder seja o que for, pelo que tiro o meu chapéus aos programadores por, em alguns dos níveis, me terem conseguido ocultar um ou mais segredos.

Os nossos personagens aparentam ser raposas e têm a função de semear plantas que atacam invasores da respectiva cor, isto é, há invasores azuis e roxos que são contrariados por plantas azuis ou roxas. Há locais próprios onde podemos semear cada uma das flores que produzimos consoante ganhamos moeda. Considerando que o espaço para semear é extremamente limitado o desafio é mesmo conseguir optimizá-lo, algo que em dificuldades mais altas requer mesmo alguma gestão mais criteriosa de venda de plantas só para semear outra cor em determinadas ondas de inimigos.

Embora o jogo seja curto, num esforço de não estagnar a fórmula os programadores atiram em quase todas as áreas novas mecânicas, como o uso de minas, novas flores que podemos usar, a capacidade de semear plantas que geram moeda, novas armas, etc. Apesar deste esforço o jogo é essencialmente o mesmo do início ao fim, apenas ficando mais complexo no número de acções que temos de realizar entre cada uma das ondas.

O que mais me chamou a atenção em TailQuest Defense foi ser em 3D e, tal como esperava, o seu uso não está bem optimizado, ao ponto de eu pensar que o movimento é lento para disfarçar a dificuldade que existe em controlar o boneco, tornando uma tarefa simples como saltar um socalco, numa tarefa árdua que nem sempre percebemos se conseguimos fazer ou não. Pior que isso é existirem acções que carecem de grande precisão, como o movimento de saltar em cima dos inimigos, como o Mario salta em cima dos cogumelos, movimento que invariavelmente falhava por ter imensa dificuldade em perceber onde estava o boneco em relação ao solo. As curtas secções de plataformas associadas à descoberta de segredos sofriam do mesmo problema. Também a simples acção de puxar uma alavanca ou apanhar algo do chão acabava por se tornar dificil, com a agravante que nem sempre o jogo é pródigo em perceber o que queríamos fazer, o que me levou pelo menos num dos níveis, a perder uma planta mais que uma vez, já que o jogo teimava em dizer que eu queria puxar uma alavanca quando eu queria apanhar algo do chão.

Durante algum tempo até pensei que este jogo seria uma excelente adaptação ao mercado móvel, mas depois lembrei-me de como seria difícil controlar os bonequinhos e essa ideia passou-me num instante.

É possivel jogar este jogo em modo cooperativo, algo que acabei por fazer com o meu filho, mas aí os ângulos de câmara ficavam ainda mais estranhos, e desta vez nem foi ele a desistir, fui eu quem o fez logo após o primeiro nível.

Em termos de replay value o que este jogo oferece resume-se a repetir níveis para encontrar segredos que nos tenham escapado, ou jogar numa dificuldade diferente.

Mais uma nota positiva por ser compatível com cloud saves, o que me permitiu jogar nos dois computadores sem qualquer problema.

TailQuest Defense é um jogo que tenho alguma dificuldade em classificar, dado não ser excepcionalmente bom em nenhum dos seus componentes, nem ter propriamente um público alvo, ou seja, quem gosta de tower defenses vai querer um jogo mais desafiante, crianças pequenas vão sentir-se atraídas pelas cores, mas para esses o jogo é demasiado complexo, quer a exploração, quer as plataformas são elementos secundários de tudo o que se está a passar no ecrã e a história é meramente acessória, ou seja, apesar de bem construído e de ter algumas ideias criativas, estou com dificuldade em perceber a quem o deva recomendar. Acredito que este jogo resulte bem com os críticos por tudo o que já descrevi, mas é uma experiência, uma curiosidade. Se o procuram por essa razão nem é muito caro, mas se é pelo desafio ou a pensar que estão na presença de algo marcante por alguma razão, o melhor é passarem ao seguinte.