Enquanto aguardo ansiosamente por Pikmin 4, vou passando umas horas nestes fofinhos remasters HD dos primeiros dois Pikmin. Este texto apenas vai falar do primeiro, já que ambos podem ser adquiridos isoladamente. Agora que escrevo estou com aquela sensação que muitas vezes não me importo que me deem o mesmo jogo…

A versão original deste jogo é de 2001 e isso nota-se em 2023 nos aspectos mais simples. A qualidade gráfica não acompanha os habituais jogos para a Switch, os controlos em 3D são desnecessariamente confusos, o jogo é curto de completar e há uma surpreendente falta de opções para o jogador. Às vezes tenho saudades de quando um jogo era somente um jogo, mas depois bebo um copo de água e isso passa-me.

Não deve ter sido uma decisão tão simples como parece juntar todos os jogos da franquia Pikmin na mesma consola, especialmente a um mês do lançamento do novo jogo. Há sempre a possibilidade de cansar o jogador, como que com uma overdose de bonequinhos carinhosos que atiramos a tudo o que vimos, para além de que a política de lançar sempre o mesmo jogo está sempre sujeita a críticas negativas.

É inegável a aura que a Switch ganhou, e qualquer jogador, eu incluído, já espera poder aceder a todos os jogos mais emblemáticos da Nintendo neste sistema. Engraçado que a consola está longe de ser a única portátil que a Nintendo fez, mas parece que esta fama colou muito mais nela que em qualquer outra, o que dá um enorme desconto crítico a estes lançamentos.

Para ser honesto, hoje em dia Pikmin já não representa a novidade que representou em 2001 e as pessoas já sabem bem ao que vão, mas vão, porque mesmo sem esse sentimento de novidade é um jogo que vale bem a pena jogar.

Para os recém-chegados à franquia, neste jogo o capitão Olimar despenha a sua nave espacial num planeta desconhecido e tem que reunir as peças que perdeu durante essa aterragem. O que ele não esperava era encontrar as adoráveis criaturas a que chama Pikmin para o ajudarem.

Embora eu tenha falado na campanha curta, não contabilizei o facto do agora famoso capitão Olimar ter de a jogar mais que uma vez, já que será extremamente difícil encontrar todas essas peças no prazo definido pelo jogo logo na primeira tentativa.

De certa forma numa estrutura similar a um metroidvania, onde temos que andar para trás e para a frente a encontrar novos Pikmin que nos permitam ir a novos lugares e enfrentar novos desafios, faz com que seja muito fácil falhar a resolução de alguns dos puzzles, alguns dos quais surpreendentemente difíceis para o que me lembrava de Pikmin 3. Esta dificuldade também me remeteu novamente para a minha juventude, altura em que os jogos eram muito menos piedosos, e mesmo falando em graus de dificuldade diferentes, estava à espera de jogar tudo de enfiada, apenas para ser brindado com um agradável desafio.

A forma inteligente como desenham os níveis ajuda muito a isso, embora um dos níveis não me tenha agradado por se socorrer de alguns truques mais fáceis para nos atrapalhar, como o uso de múltiplos espaços curtos para separar artificialmente o nosso grupo de Pikmin, ou o espalhar aparentemente indiscriminado de poças de água para apanhar os infelizes dos bichinhos que são intolerantes aos líquidos.

Isso não me incomodaria se não existisse a urgência do tempo a espreitar por cima do ombro, ou se a partir de determinado ponto, e muito bem, a resolução dos puzzles não carecesse do uso de todos os diferentes animaizinhos, mas com esta bem-vinda complexificação, não me pareceu nada necessário ainda criar mais problemas com a estrutura do terreno, já que a simples resolução de cada um dos puzzles já me parecia criativa o suficiente para nos entreter.

Se mesmo com este desenho mais antigo me diverti tanto a jogar Pikmin, imagino o impacto que este jogo teria criado em 2001 na velhinha Game Cube. Sou daqueles jogadores que não gosta de repetir cromos, logo hesito sempre em ter mais que uma versão de um jogo, mas soube-me tão bem levar a consola para debaixo do alpendre e passar a tarde e o serão a jogar…