Os anos noventa foram ricos em videojogos na primeira pessoa, principalmente os atiradores – ou aquilo que chamamos de first person shooters, ou FPS, para simplificar. Disparar era a ação mais básica que os programadores encontraram para que o jogador interagisse com o que estava a ser apresentado no ecrã, é claro que o pioneirismo deste tipo de jogos veio dos Estados Unidos da América – armas de fogo é falar com eles, do agente da autoridade a um qualquer cidadão comum. Lembro-me perfeitamente de me divertir imenso com jogos como Duke Nukem 3D, Half-Life e Doom nos primeiros PC que tive para jogar; não eram só inimigos para esvair em sangue, havia puzzles para solucionar, assim como era exigido que tivessemos reflexos rápidos para limpar um cenário de monstruosidades, enquanto o nosso protagonista ficava calado ou proferia frases machistas. Havia espaço para todo o tipo de experiências e continua a existir esse espaço, tanto que as obras que vos trago hoje merecem partilhar um lugar com os grandes.
Abyssus
DoubleMoose Games – Suécia
Data de lançamento não definida – PC
A produtora sueca que está a produzir Abyssus, jogo que teve direito a um espaço na Guerrilla Collective Showcase, tem um sentido de humor notável quando se referem a eles próprios como “um conjunto de vários autómatos tridimensionais de carne orgânica”. Estes indivíduos, da DoubleMoose Games, estão a trabalhar no seu terceiro jogo, Abyssus, que inclui colaboradores que passaram pela Coffee Stain (Goat Simulator, Sanctum e Deep Rock Galactic) e pela Ubisoft (Rayman, Assassin’s Creed e Beyond Good & Evil).
O jogo define-se como bizarro, seja nas criaturas que enfrentaremos em ruínas subaquáticas de uma antiga civilização (inspirado no mito da Atlântida), assim como nas armas que teremos ao nosso dispor para as enfrentar. E, pelo vídeo que partilhou durante a apresentação de jogos indie, a DoubleMoose Games parece estar no bom caminho, dado que nos está a dar diversão frenética como um bom Quake e que poderá ser partilhado entre quatro jogadores que vão cooperar entre si.
Mullet MadJack
Hammer95 Studios
2024 – PC, PS5, Xbox, Switch
Se das escolhas que fiz para este terceiro artigo de O Albergue dos Silêncios, Mullet MadJack deve ter sido a mais original. Ou será, pelo menos, o que puxará mais pelos nossos reflexos e rapidez de movimentos para executar matanças impressionantes de robôs, enquanto o temporizador não para a sua contagem decrescente. Na minha investigação por novos jogos indies, às vezes tenho sorte e consigo obter todas as informações que procuro, outras vezes deparo-me com uma produtora como a Hammer95 que poucas informações divulga – nem sequer o seu país de origem. Contudo sei que é constituída por três produtores que “adoram a estética de animés mais antigos e que têm como objetivo trazer de volta essa nostalgia”. É uma premissa muito interessante que Alessandro Martinello, CEO da Hammer95 Studios, que estará no leme da produtora para garantir que seja realizada.
Mullet MadJack terá vários modos para jogar, entre os quais destaca-se, notoriamente, a campanha, na qual teremos de correr contra o tempo para limpar um nível de robôs até ao nosso objetivo. E, segundo os produtores, apesar de não ser necessário dizer a qualquer pessoa que veja este maravilhoso trailer, uma das características que fará deste jogo único, será o seu grafismo que trará “a estética violenta e madura dos animés da era do VHS”. Sinceramente, se Mullet MadJack será mecanicamente tão bom como o seu aspeto, estará aqui uma possibilidade para um jogo que marcará 2024.
Chains of Fury
Cobble Games – Polónia
Data de lançamento não definida – PC
A Cobble Games é uma empresa curiosa, entrega os seus serviços de programação para colaborar em outros videojogos. Esta produtora polaca faz serviços como colaborar com outras produtoras, ajudar a arranjar um jogo que esteja, por exemplo, pejado de bugs ou também fazem a adaptação de jogos para as diferentes consolas. Um bom exemplo é Serial Cleaners onde colaboraram e adaptaram o jogo para outras plataformas, apesar de todo este trabalho, também fazem os seus próprios jogos, como H1Jack, Futurust e agora Chains of Fury. Por isso, a experiência para entregar algo mais do que decente está lá, depois de verem o vídeo partilhado aqui ou mais um dos muitos que são partilhados pela produtora polaca para darem atualizações de desenvolvimento no jogo no seu canal de YouTube, vão ficar fascinados com este conceito.
Chains of Fury é o que se chama de um atirador na primeira pessoa da velha guarda, um jogo inspirado nos grandes clássicos dos anos noventa, mas com uma estética muito própria – parece uma banda desenhada em movimento. O que torna Chains of Fury único neste género tão concorrido? Apesar deste tipo de grafismo, o cenário é destrutível, nomeadamente, as paredes que vão abrir novos caminhos para poderem prosseguir para o vosso objetivo. Não vão faltar mistérios para serem desvendados, tal como vários easter eggs. Chains of Fury terá uma boa dose de humor negro que, segundo os produtores far-nos-á recordar os tempos em que “os jogos FPS podiam fazer-nos sorrir”. Sem estar ainda detalhado de como será implementado, ainda há a promessa para multijogador em ecrã dividido, algo que já não me lembro de jogar desde o saudoso Goldeneye da Nintendo 64. Não faltam, assim, bons argumentos para estarmos curiosos com os próximos desenvolvimentos de Chains of Fury.