A minha interacção com o Facebook resume-se a eventos relacionados com o Rubber Chicken e, tirando isso, apenas se alguém me deixar algum link com uma piada não meto lá os pés. Mesmo somando apenas essas pequenas interacções, é frequente encontrar publicidade a jogos para telemóvel. Foi dessa forma que descobri Mighty DOOM, do qual gostei bastante, razão pela qual decidi dar uma chance a Parking Jam 3D, mas rapidamente me arrependi.

Parking Jam 3D é um jogo de puzzles em que temos de desemaranhar um conjunto grande de carros estacionados à balda dentro de um parque de estacionamento. De uma forma geral a mecânica do jogo é simples, vamos tirando aqueles que dão para sair diretamente e o novelo vai-se desenrolando com naturalidade. Com o aumento progressivo da dificuldade há alturas em que nenhum carro sai diretamente e temos de andar a bater com eles uns nos outros, ao estilo dos carrinhos de choque, para criar uma via por onde outros possam começar a sair.

Ora, mecanicamente é um jogo muito simples, e considerando esta fórmula não há muita forma de criar diversidade no jogo. Para incluir alguma coisa de diferente, em alguns níveis há pessoas a passear pelo parque de estacionamento, cruzando o caminho dos carros que têm de sair e nas quais não podemos bater. É simples de temporizar os movimentos nos níveis mais pequenos, nos maiores já é necessária alguma coordenação, mas nada de transcendente.

Estes níveis maiores são níveis especiais, muitíssimo mais complexos que os normais mas que, mesmo assim, basta prestarmos atenção e acabamos por nunca perder, já que o maior desafio acaba por ser evitar os transeuntes.

Como é de esperar não faltam mecânicas gacha, sejam os prémios diários de presença, desafios diários e, a partir de certo nível, desafios semanais ou mesmo o uso de corridas que nos obrigam a passar 20 níveis em aparente competição com outros jogadores para ganharmos prémios suplementares.

Até aqui nada de novo. O problema gigantesco na sala é a quantidade colossal de anúncios que o jogo nos força a ver, e mesmo depois de pagarmos para nos vermos livres deles, Parking Jam 3D continua e pedir para vermos anúncios para tudo e mais alguma coisa.

Ganhaste um determinado número de moeda. Queres 5 vezes mais? Vê um anúncio.

Desbloqueaste uma peça de puzzle. Queres outra? Vê um anúncio.

Desbloqueaste uma nova skin. Queres usá-la? Vê um anúncio.

Desbloqueaste os desafios semanais, sabes o que incluem? Ver anúncios!

Saiu-te um bilhete para rodares na máquina das bolinhas. Queres outro? Vê anúncios.

Enfim, mesmo na versão paga o jogo é um festival de publicidade, sendo a única condição de redenção a pouca utilidade de tudo o que o jogo nos dá. Para que é a moeda? para investirmos em imobiliário que nos dá mais moeda. E o que podemos fazer a seguir com a moeda? Investir em mais imobiliário. Uma pescadinha de rabo na boca inútil disfarçada de tycoon sem ponta de piada. Para que servem então os puzzles? Bem, para nada. E as skins mudam o jogo? Não, nada. Para ser honesto nem noto que as mudo…

Por vezes até vale a pena passar por isto quando o jogo é interessante, mas este princípio esgota-se de forma muitíssimo rápida e, para além de podermos desbloquear mais níveis e uma dificuldade mais difícil, foi num instante que me fartei de jogar. Nem durou uma semana. A piada que o jogo parecia ter no início esfumou-se num ápice.

Pelo que percebo a publicidade a estes jogos aparece múltiplas vezes, mas para além daquele rush inicial de adrenalina não há nada para ver aqui. Mesmo que queiram experimentar, não se deixem enganar pelo retirar os anúncios, nunca retiram. É um logro. Parking Jam é aquela fotografia nossa que ficou muito bem, mas que não conseguimos voltar a reproduzir durante o resto da vida.