Joguei Vampire Survivors pela primeira vez no verão passado e ficou automaticamente a ser o meu jogo do ano. Arrebatou-me por completo. Dada a sua simplicidade o processo de clonagem era inevitável e não tardou muito. Embora não tenha jogado nenhum desses clones durante muito tempo, agora estou a jogar dois ao mesmo tempo, e Yet Another Zombie Survivors é bastante melhor do que estava à espera.

Não foi a poncle que inventou os auto-shooters com Vampire Survivors, estes já existiam, embora não exactamente com aquela fórmula, mas depois do sucesso que este teve ficou claro que seria desafiante refinar a fórmula, já que o mais provável era se criarem cópias directas ou ainda oferecer menos por um preço mais alto.

Há, porém, espaços a explorar neste meio, especialmente no campo da diversidade gráfica e foi aqui que Yet Another Zombie Survivors colocou as suas fichas, criando um jogo mais realista e escuro, se bem que, e de forma curiosa, muito mais minimalista e desinteressante no cenário.

O jogo está a ser lançado em acesso antecipado, e o cenário a que temos acesso é pouco mais que um campo de futebol onde acabamos por circular de forma ininterrupta com pouca chance para parar, sob pena de sermos completamente esmagados pelos números dos zombies que gradualmente se vão acumulando no ecrã.

No fundo esta é a maior diferença na jogabilidade entre Yet Another Zombie Survivors e Vampire Survivors, já que nunca temos aquela sensação que podemos fazer o que queremos, não há um momento em que podemos simplesmente andar despreocupadamente pelo cenário sabendo que somos muito mais fortes que todos. Há que circular e não ser lambareiro a apanhar os pontinhos de experiência ou qualquer outro buff ou moeda, porque se nos metemos num espaço de onde não se vislumbra uma saída, seguramente que vamos acabar por perder muita vida.

A própria importância da experiência rapidamente se torna secundária, já que nesta fase acabamos por chegar a um ponto em que é muito difícil subir de nível, sendo a nossa progressão essencialmente associada à abertura de caixas de mantimentos que vão aparecendo, ou da resposta a pedidos de ajuda.

Neste momento podemos desbloquear 6 operadores com os quais podemos jogar, sendo que cada um deles progride tornando-se muito mais forte com o tempo e essa mudança é importante, já que alguns operadores são praticamente inúteis no começo do jogo, mas com a evolução de cada personagem, gradualmente tornam-se muito poderosos em runs futuras, e isso substitui as inexistentes surpresas que tínhamos com a combinação da arma certa com a skill certa em Vampire Survivors.

Em Yet Another Zombie Survivors tudo evolui em cada run e há muitas habilidades para evoluir. Nem sempre é fácil perceber a sua utilidade ao início, até começarmos a testar combinações entre operadores, mas mesmo assim há algumas habilidades, especialmente de crowd control, que raramente fazem algum sentido.

Durante o jogo, e embora acabemos por escolher um operador para começar, acabamos sempre a jogar com três ao mesmo tempo, sem grande diferença visível entre qual deles escolhemos para ser o líder, embora eu os tenha rodado para irem adquirindo experiência, algo que apenas acontece quando lideram a equipa. Os operadores são muito diferentes entre si, alguns mais vocacionados para combate corpo a corpo, outros para combate à distância, outros para dano, outros para utilidade. Embora possa não parecer, se tivermos a sorte de conseguir as habilidades certas é quase sempre possível criar uma sinergia satisfatória entre personagens, mesmo quando se misturam combinações que não parecem intuitivamente compatíveis.

Durante cada run vamos adquirindo dinheiro que se converte automaticamente em pontos de habilidade que posteriormente podemos trocar por treino que desenvolvem a bem apetrechada árvore de habilidades. Para além da evolução de cada um dos operadores esta árvore garante a já habitual evolução permanente para toda a equipa que já esperamos num jogo como este.

Não encontrei qualquer easter egg. Claro que não é obrigatório existirem, mas parece que agora já estamos à espera.

Ainda há imensos espaços nos menus que se encontra por preencher, algo próprio destes jogos em acesso antecipado, como futuros cenários ou operadores, algo que seguramente será acrescentado no futuro. Há também alguns problemas de equilíbrio entre as armas de mão e as múltiplas engenhocas que múltiplas vezes são tão úteis como um pente para um careca, mas nesse ponto já não me parece tão fácil mexer.

Yet Another Zombie Survivors tem tudo o que um reverse bullet hell precisa para ser viciante, até porque imediatamente me viciou. Não tem nada de excepcional, mas é a base perfeita para que o jogo se torne muito divertido e uma excelente opção para os fãs do género.