Pelo andar da carruagem, ou do carrinho de mão cheio de uvas, é provável que ao longo do tempo acabe por escrever artigos sobre todas as expansões de um dos emblemáticos jogos de worker placement que joguei nos últimos anos. Já lá vão dois artigos, um, em plena pandemia e confinamentos, sobre a Essential Edition do jogo base, e há alguns meses sobre a expansão que adiciona uma componente cooperativa, o Viticulture World.
A história das expansões e dos relançamentos das expansões e versões de Viticulture é estranha, mas tomemos como base as versões disponíveis hoje na loja da Stonemaier Games, as Essential Editions. É que Tuscany, a expansão original, possui conteúdo que não foi relançado (e foi completamente posto de parte pelos autores) neste Essencial Edition. Mas pela análise e diálogos de muitos jogadores entre si e até com Jamey Stagmeier online, percebemos que esse conteúdo que ficou pelo caminho vinha prejudicar, e muito, o loop mecânico do jogo.
Mas centremo-nos nesta Tuscany: Essential Edition e em que é que ela vem contribuir a Viticulture: Essential Edition. O contributo mais óbvio é o tabuleiro expandido com dois lados que vem adicionar as estações da Primavera e do Outono (aidicionando-os aos momentos de Inverno e Verão do original). Ainda que grande parte das acções se mantenham a ocorrer no Verão e Inverno, as duas outras estações servirão para decidir a ordem de turno (um elemento importantíssimo no jogo), e as cartas de visitante.
A forma como o espaço de tabela de wake-up do tabuleiro deste Tuscany: EE vem adicionar benefícios à ordem do turno é um dos maiores balanceamentos que podemos ver atribuído ao jog base. É que apesar de sentir que Viticulture é um jogo equilibrado, estas adições espalhadas ao longo das estações referentes às compensações da ordem de turno vêm trazer um contrapeso ao avanço que o primeiro jogador recebe no turno/ano.
O tabuleiro expandido contem também um mapa da região da Toscana, que traz um mecanismo de area de controlo, em que cada região atribui uma bonificação imediata, e o jogador em maioria em cada uma delas recebe também os Pontos de Vitória correspondentes no final da partida.
Como referi antes, Tuscany, a expansão original, era composta por uma série de módulos, alguns deles que integram esta Essential Edition, outros que foram esquecidos. Um deles é das estruturas especiais, cartas laranja que podemos encontrar no outro lado do tabuleiro expandido. Estes são edifícios que ora dicionam capacidades passivas ou bónus recorrentes, ora, à semelhança de outros jogos do género, atribuem aos seus possuidores acções únicas.
Tuscany: Essential Edition traz também trabalhadores especiais com habilidades únicas, que são escolhidos aleatoriamente dois no início de cada jogo, e que modifica, e muito, a forma como abordamos Viticulture.
Com o tabuleiro expandido com dois lados que Tuscany: EE nos traz, e depois de ter feito alguns jogos adicionando e removendo os módulos que esta expansão traz, é-me fácil dizer que a forma ideal de jogar Viticulture, nos dias de hoje, é mesmo com a inclusão desta expansão.
Existem tantos exemplos de expansões de jogos de tabuleiro que se tornam redundantes e que ou pouco adicionam ao jogo, ou de alguma forma nos fazem perceber que a experiência depurada com o jogo base é suficiente. Tuscany: Essential Edition é um caso distinto. Uma expansão que se torna obrigatória na melhor forma de usufruir de Viticulture, que com o se tabuleiro expandido de dois lados e os diversos módulos adicionais consegue permitir uma experiência equilibrada, alargada e personalizável para cada sessã e grupo de jogo. Por vezes pensamos se uma expansão consegue melhorar um jogo que parece já ter pouca margem para se tornar ainda melhor, mas casos como o de Tuscany: Essential Edition demonstram-nos que é possível melhorar algo que já é uma maravilha.