Ainda não tinha apresentado um conjunto unicamente composto por jogos point’n’click, também conhecidos por aventuras gráficas, um dos géneros mais menosprezados que consegue ter as melhores comédias em videojogos. Queria ter trazido mais cedo este género de jogos a este humilde espaço, concebido para mostrar os jogos que vocês, provavelmente, não conhecem. É na rede social do Elon Musk, anteriormente conhecida por Twitter, que faço a minha busca por videojogos em produção, por infortúnio meu, tem sido complicado encontrar obras de apontar e clicar. Para facilitar o meu trabalho, podia dirigir-me à Wadjet Eye Games e ver o quê que estão a produzir ou a quem se associaram para publicar um videojogo, cumpriria o propósito desta rubrica. Porém, a produtora já obteve um certo reconhecimento graças à sua fantástica série Blackwell, por isso já deve ter algum público atento ao seu trabalho. Resisti à tentação de visitar a produtora de jogos point’n’click e continuei a minha investigação. Sou teimoso, mas também paciente, foi ao longo de várias semanas que encontrei estes interessantes jogos que vão deliciar os fãs de Guybrush Treepwood, Nicole Collard e Bernard Bernoulli.
The Legend of Skye
Point & Pixel Adventures – Espanha
2024 – PC
Esta aventura gráfica está a ser criada por Carles Moya, um apreciador do género. Aliás, The Legend of Skye não é o seu primeiro jogo, mas será o segundo do seu currículo, quando for lançado no próximo ano. A sua primeira obra comercial foi The Castle, em 2019, que até Ron Gilbert (criador de The Secret of Monkey Island) fez questão de partilhar nas redes sociais, dado que o jogo é inspirado no seu próprio trabalho. O que é notoriamente impressionante, é que o jogo usa um sistema de verbos para que o jogador interaja no cenário com a personagem principal. Não é impressionante por ser algo inovador, mas por ser diferente.
Moya levará o que aprendeu em The Castle para The Legend of Skye ,o próprio admite que o seu primeiro jogo era muito difícil e que, consequentemente, fazia com que os jogadores fossem para becos sem saída ou a sua personagem fosse para a prisão demasiadas vezes. O produtor fará com que esta experiência não se repita e que os jogadores não tenham de carregar constantemente pontos de salvamento anteriores. O que é verdadeiramente importante manter-se-á, ou seja, uma narrativa carregada de humor com personagens cheias de carisma e personalidades fortes.
Heir of the Dog
Tall Story Games – Reino Unido
2025 – PC
Muitas obras independentes têm uma origem comum: um grupo de produtores faz uma primeira participação numa game jam, para depois explorar os conceitos em torno do que foi criado para o evento. Este foi o modus operandi de alguns jogos da Double Fine, porque eles próprios realizam, anualmente, a sua game jam interna. Heir of the Dog é a mais recente produção point’n’click do casal Hardwidge que prevê lançar esta obra em 2025. Curiosamente, este novo trabalho é para expandir o que foi alcançado com Hair of the Dog, que é o resultado de uma participação numa game jam e que está disponível gratuitamente na Steam.
Esta aventura passar-se-á em Londres, na era vitoriana, onde Cummerbund Bandersnatch beberá uma substância criada pelo seu tio, numa visita ao seu laboratório. Infelizmente, este protagonista sofrerá as consequências de beber um composto químico que pensava ser seguro de ingerir. Felizmente para nós, esta será uma aventura com uma boa dose de humor britânico onde vamos resolver puzzles curiosos, manipular o tempo, encontrar o amor da vida de Cummerbund e descobrir a verdade sobre a organização mais secreta de Londres. É pena que só seja daqui a dois anos que esta obra verá a luz do dia.
Octopus City Blues
Ghost in a Bottle – Países Baixos
2024 – PC e consolas
O jogo já teve uma janela de lançamento para este ano, ou seja para os próximos três meses (incluindo este), mas o adiamento é quase uma inevitabilidade desta indústria e, por isso, o interessante Octopus City Blues foi adiado para o primeiro trimestre do próximo ano. Este título, vindo de uma produtora sediada em Amesterdão, Países Baixos, tem todo o aspeto de ser uma aventura gráfica minimamente memorável. É difícil dizer isto quando nunca experimentei o jogo, apesar de terem participado no evento Steam Next Fest, onde disponibilizaram uma demonstração, mas quando os bons ingredientes que fazem uma aventura gráfica estão lá é complicado não ficarmos tentados a colocar, pelo menos, o jogo na nossa lista de desejos da Steam. E o facto, de já terem recebido o prémio de “Best Art Direction” no Dubai World Game Expo 2015, não ajuda a que não se ponha esta obra debaixo de olho.
Octopus City Blues é uma experiência point’n’click centrada, obviamente, na narrativa. É a história de um aparador de tentáculos, Kaf Kafkaryan, que vive numa cidade construída em cima de um polvo. O nosso protagonista vive em agonia com pesadelos recorrentes, fortes ao ponto de estar no limiar de não conseguir distinguir a realidade dos sonhos, numa altura onde se depara com segredos perturbadores. Entre as funcionalidades que prometem há algumas que se destacam como uma narrativa onde conversaremos com um elenco de seis dezenas de personagens (umas mais excêntricas que outras), vamos poder espalhar boatos para abrir novas ramificações narrativas (mas é preciso ter muito cuidado com o que se diz, não devemos entregar uma mensagem à pessoa errada) e teremos de, eventualmente, gerir os níveis de stress da nossa personagem (algo que parece interessante na forma como poderá influenciar a narrativa). Agora resta esperar que o jogo não seja novamente adiado, há aqui muito potencial para um bom jogo.