Na última edição da rubrica que estão a ler, ver ou ouvir, afirmei que tinha uma certa dificuldade em encontrar obras point’n’click, contudo, pelo contrário, tinha bastante facilidade em deparar-me com com títulos metroidvania. Nas minhas notas pessoais, ainda devo ter apontado nomes de jogos deste género, vindos de meios humildes, que devem dar para mais três ou quatro episódios de O Albergue dos Silêncios. Este género, desde de, provavelmente, 2010, que proliferou à mesma velocidade que iam abrindo novos estúdios. Um dos exemplos mais notáveis é Cave Story + que foi um pioneiro no revivalismo dos metroidvania, que até hoje ainda não esmoreceu. Se é popular entre os jogadores, é normal que haja quem queira capitalizar com novas produções apelativas. Se Cave Sory + ergueu a bandeira desta tendência, Hollow Knight levou-a até ao cume. O que não faltam são bons exemplos de videojogos, inseridos neste género, que nos despertam o interesse e, portanto, nos levam a pressionar, sem pestanejar, no botão de adicionar estes jogos à nossa wishlist.
Amber’s Tale
LazyTeaStudios – Reino Unido
Data de lançamento não definida – PC
A dura realidade é que nem tudo corre como previsto, mesmo que sejamos dedicados e esforçados no nosso trabalho. A LazyTeaStudios, produtora de Amber’s Tale, conheceu este facto quando, em Junho, terminou a sua campanha de financiamento, no Kickstarter, com cerca de um décimo dos mais de quarenta mil dólares que pedia. Felizmente, este contratempo não fez ruir os alicerces da ambição de Tom, o game designer do projeto que vai mantendo vivo Amber’s Tale no canal do YouTube da britânica LazyTeaStudios, sobretudo, com video logs, como uma espécie de dev diary da produção do jogo.
Amber’s Tale promete inimigos e bosses desafiantes, depois de termos estar a aventurar-nos num mundo repleto de novas habilidades para encontrar, onde teremos a capacidade de voltar a explorar áreas pelas quais passamos para chegar a partes onde nunca estivemos – é o bê-á-bá de qualquer bom metroidvania, por isso as bases sólidas estão cá. A heroína parece ter bastante agilidade e o grafismo pixel art a fluidez necessária para acompanhá-la. Estou sinceramente curioso em ver o que será feito deste projeto salvo de um financiamento falhado.
Anatine
Pixel Trash – Estados Unidos da América
Data de lançamento não definida – PC
Um dos meus objetivos é fazer com que os produtores quebrem o silêncio nesta rubrica, que se façam ouvir mesmo que seja só para uma audiência num país à beira-mar plantado. Caso contrário, quando não respondem às minhas vãs tentativas de comunicação, sou eu que faço os possíveis para terminar com este mutismo ensurdecedor. Felizmente, consegui obter algumas declarações da Pixel Trash sobre o seu muito interessante Anatine, onde um pato antropomórfico que toca flauta será o protagonista de uma aventura metroidvania.
O produtor deste jogo sempre foi um apaixonado por videojogos e “o género metroidvania foi algo que joguei muito quando era mais novo, joguei em muitas consolas portáteis em miúdo e preferia-o em vez de algo como Pokémon já que havia muito menos para ler”, afirmou Mike, o produtor que usa o cognome Pixel Trash. Nunca se esquecerá de ter ficado completamente deslumbrado com o “Inverted Castle” em Castlevania: Symphony of the Night. Os metroidvania são um género muito competitivo, por isso Mike sabia que “queria fazer algo de significativo que contribuísse para o género”. Segundo o produtor a solo (que conta com a indispensável ajuda e apoio dos seus amigos e família), disse-me que Anatine é único na forma como se interage com o mundo do jogo. “O sistema livre de tocar músicas na flauta é algo que não possa dizer que tenha alguma comparação com outros jogos neste género.”, afirmou-me Pixel Trash. É algo que vai dar agência aos jogadores na sua exploração. Por isso, esperemos que a espera por Anatine não se alongue muito.
Constance
bildundtonfabrik – Alemanha
Data de lançamento não definida – PC
É claro, este espaço serve, sobretudo, para iluminar obras que estão perdidas no escuro. Contudo, duvido seriamente que esta obra alemã, com mão do game designer português Edgar Jesus, seja conhecida por grande parte do público, mesmo depois de ter sido exibida numa das transmissões associadas àGamescom, evento europeu de videojogos que decorre em Colónia. A bildundtonfabrik, simplesmente conhecida por btf, apresentou um maravilhoso metroidvania, Constance.
Ainda é um jogo que está nos seus momentos iniciais de desenvolvimento, mas pelo que já mostrou, convence. Já estou rendido ao facto da germânica btf definir este jogo como um jump’n’run, a fluidez mostrada pelo vídeo promocional reconforta quem vê que este jogo entregará, certamente, a experiência tal e qual como ambiciona. O que mais curiosidade me despertou, para além de querer saber que mecânicas estarão presentes (vê-se algum combate), foi de saber que a protagonista é uma personagem do subconsciente de Constance que se quer ver livre da prisão mental onde ela própria se colocou. Portanto, vamos ter uma tema que vai tocar na saúde mental, mas também na paixão e, curiosamente, na cultura de trabalho. Constance parece ter tudo para ser um jogo minimamente fenomenal, até admite ser inspirado num dos melhores do género, a obra da Team Cherry, Hollow Knight.