A praga de clones de Vampire Survivors não para de crescer, um género que rebentou de forma tão rápida que nem sequer tem um nome oficial ainda. Survival Academy é mais um desses, e embora lhe falte a subtileza e nuance do primeiro, tem o seu charme próprio e consegue e, o mais importante na equação, tornar-se viciante.
Gostei da história que o estúdio que fez o jogo, GaniTani, encontrou para o embrulhar. No futuro o nosso mundo fica tão poluído que, mal apareceram os portões para o Inferno, se começaram a criar expedições para o conquistar, na esperança de se poder tornar a futura residência de toda a Humanidade, algo que, de certa forma, seria o expectável, com a diferença de neste caso ser connosco vivos.
Para simplificar vamos chamar a estes jogos reverse bullet hell, e os ingredientes são os do costume. Temos vários personagens que vamos libertando e adquirindo, várias armas que fazem parelha com diversas habilidades e que quando totalmente desenvolvidas se tornam numa nova super-arma muito mais forte, molhadas infindáveis de inimigos, baseados em criaturas mitológicas associadas às profundezas do inferno, e muitas maneiras de fazermos progredir as nossas personagens após cada morte, incentivando a repetição e exploração.
Graficamente aproximado a um desenho animado, algo que resulta bem e que, duma forma geral, torna mais perceptível ao nosso olho todas as acções que estamos a fazer e itens que temos de encontrar, algo que nem sempre é fácil com a confusão gráfica que estes jogos invariavelmente proporcionam.
O que não gostei especialmente foi o jogo apresentar-se jogável em diversas plataformas sem bordas, o que leva a que múltiplas vezes a moeda ou itens do jogo caírem fora do cenário, ficando inacessíveis. Cada um dos níveis representa um dos pecados mortais, e no nível que representa a gula este problema torna-se pior ainda pois os tesouros podem ficar em áreas que são comidas por inimigos, ficando permanentemente sinalizados no ecrã, podendo ocultar tesouros colocados na mesma direcção e permanentemente inacessíveis por se encontrarem numa área que não existe.
Em termos de progressão há muito para desbloquear, desde termos de encontrar os personagens nos níveis, depois temos que os adquirir com moeda e por fim desbloquear todas as evoluções de cada personagem. Depois há a progressão geral que é aplicável a todas as personagens. Tudo isto junto vai-nos facilitando o trabalho com o tempo. Algo que também acrescenta replay value são as generosas recompensas que nos dão quando atingimos determinados objectivos e nos incentivam a melhorar.
Há indicações mistas no jogo em relação aos emparelhamentos entre as armas e as habilidades. Por um lado, muitas delas aparecem desde sempre num glossário, facilitando a nossa pesquisa, outras não são mencionadas em lado nenhum, o que fez que não as usasse muito. Claro que podemos sempre obter essa informação fora do jogo, mesmo sabendo que o jogo não é gigantesco. O que não percebo é porque em algumas situações os emparelhamentos aparecem automaticamente no ecrã e noutras, mesmo aparecendo no glossário, não. Isto somente acrescenta trabalho, não me parece ter qualquer implicação prática.
Como também é de esperar, há armas e habilidades muito mais úteis que outras, com o escudo à cabeça a ser a mais útil de todas por larga margem, e como o jogo é mais generoso que outros do mesmo género naquilo que nos dá em cada run, a maior parte das vezes basta-nos esperar e ter paciência em conjunto com algum planeamento para podermos ter as 6 combinações perfeitas.
Por muito que a vaca tussa, Survival Academy vai ser sempre comparado com Vampire Survivors, e claro que neste particular é muito difícil ganhar, mas Survival Academy é um muito bom jogo por mérito próprio, com todos os ingredientes no sítio para valer bem a pena, especialmente o preço, 4€, que representa um excelente valor para esta proposta em Acesso Antecipado que já tem imenso conteúdo e imensas horas de produto para oferecer. Se gostam do género vão gostar de Survival Academy.