RPG é o acrónimo para role playing game, ou seja, quem joga interpreta um papel que escolhe ou que lhe é atribuído, começando, assim, uma aventura que será, provavelmente, inesquecível. Neste décimo-nono episódio, quando esta rubrica está quase a celebrar a apresentação de sessenta videojogos independentes, mostro-vos uns RPG muito interessantes pela proposta que apresentam. Vão poder conhecer a sequela de um RPG em perspetiva isométrica (focando-se, assim, na exploração), uma obra RPG assente numa dimensão do surrealismo (onde os elementos narrativos vão ter um destaque maior do que as características RPG do jogo) e um RPG onde seguimos as aventuras de um samurai sem mestre.

Crashlands 2

Butterscotch Shenanigans – Estados Unidos da América

2024 – PC

Crashlands foi um enorme sucesso no mercado mobile para a Butterscotch Shenanigans, dado que até foi parar ao PC e à Nintendo Switch. Oito anos depois do original, no próximo ano, a produtora norte-americana, fundada por três irmãos, vai lançar a sequela do seu aclamado RPG – a crítica adorou-o no ecossistema da gigante de Cupertino. O interesse pelo jogo é tanto que Crashlands 2 será um exclusivo para Android e iOS, para os subscritores da Netflix.

Uma das partes essenciais de um RPG de ação é aventura é o combate. Assim, a Butterscotch Shenanigans está a tentar uma nova abordagem porém, sem que a identidade de Crashlands seja posta em causa. Um dos mais curiosos ajustes ao combate centra-se nos telegraphs – uma área desenhada no chão que nos mostra o local onde serão infligidos os diferentes ataques, sejam nossos ou dos inimigos. Desta forma, acabamos por ter uma “dança” com um novo ritmo, entre as ofensivas e desvios que precisamos de efetuar para levarmos o combate a bom porto. Para ganharem alguma vantagem, ser-nós-á permitido utilizar algo que nos dê invisibilidade e, assim, podermos aplicar alguns golpes surpresa para os inimigos não contarem com este decréscimo nos seus pontos de vida antes da batalha propriamente dita começar. Enfim, são informações que me alegram, principalmente depois de ver o trailer, visto que estão a dar bastante atenção à sequela, que poderá vir a ser um igual êxito das plataformas iOS.

She Dreams Elsewhere

Studio Zevere – Estados Unidos da América

Data de lançamento não definida – PC, Xbox, Switch

Quando obras culturais se propõem a explorar o domínio do surrealismo ganho, imediatamente, um certo interesse em conhecer quais as suas propostas. É no movimento surrealista que se exploram temas a nível do subconsciente, portanto é aqui que a criatividade, normalmente, atinge o seu expoente máximo. Esta forma de arte encontra-se, sobretudo, na pintura, onde Salvador Dalí é, provavelmente, o artista mais conhecido; já na literatura temos o génio japonês Haruki Murakami. E nos videojogos? Claro que temos excelentes exemplos: Antichamber, Jazzpunk ou The Path. Portanto, fiquei muito intrigado quando me cruzei com She Dreams Elsewhere.

Como é fácil de adivinhar, dado que é um RPG, She Dreams Elsewhere terá um profundo arco-narrativo. Esta história será protagonizada por uma jovem mulher que se encontra em coma, onde exploraremos o seu subconsciente. Assim, a temática deste enredo serão os sonhos e de que forma estes conseguem replicar a nossa realidade, com uma forte incidência nas emoções e na saúde mental da personagem principal. O combate, contra criaturas vindas dos seus pesadelos, será por turnos que, de acordo com a produtora, os jogadores vão aprendê-lo facilmente, mas terão dificuldade em ser exímios em todas as suas vertentes mecânicas. Se ainda não viram o vídeo promocional deste jogo, vejam-no, se já o viram, vejam-no outra vez e apreciem tranquilamente a beleza do seu grafismo pixel art.

Tale of Ronin 

Dead Mage – Estados Unidos da América

Data de lançamento não definida – PC, PlayStation, Xbox

Quem diria que um jogo de samurais no Japão feudal não seria de ação direta como Trek to Yomi ou o aclamado Ghost of Tsushima? Tale of Ronin tem combate controlado pelo jogador, mas este é feito por turnos, não é executado no milissegundo seguinte após um pressionar de um dos botões do comando. Tale of Ronin está mais preocupado em contar-nos uma narrativa, que bifurca numa das várias ramificações que teremos à nossa escolha.

A Dead Mage, produtora norte-americana conhecida por ter criado Children of Morta, quer que o seu mais recente trabalho se destaque por várias características que serão implementadas. Assim, quem quererá adquirir Tale of Ronin poderá contar com: um mundo onde vão escrever a vossa própria história; um foco na humanidade e emoções do guerreiro Ronin (um samurai sem daimyo); um sistema de morte permanente (se a vossa personagem morrer, recomeçam com um outro Ronin); e claro, como podem confirmar pelo trailer, uma direção artística divinal que replica o estilo de pintura nipónica conhecido como sumi-e. Vai valer a pena a espera por um jogo tão bonito.