Dada a democratização de motores e ferramentas como o RPG Maker, é habitual vermos chegar às diversas plataformas digitais um sem-número de JRPGs que poucos ou nenhuns argumentos têm para sobressair em relação aos demais. 

Desse mar vasto de jogos semelhantes uns aos outros surge Alterium Shift, do estúdio Drattzy Games, recém-lançado em Early Access e que promete algo ambicioso e muito difícil de concretizar bem: ramificar todo o jogo em 3 playthroughs completamente distintas e interligadas.

À primeira vista a descrição do que disse anteriormente parece banal, até porque já em livros o Steve Jackson e o Ian Livingstone conseguiram criar algo similar. Mas o que Alterium Shift se propõe a fazer parece bem mais complicado e ainda pouco explicado. 

No início do jogo temos a primeira opção: escolher de entre os 3 personagens disponíveis, Atlas, Pyro e Sage. Nada de estranho, não fosse o facto de que cada um tem os seus blocos de save específicos e separados, e as suas próprias storylines e habilidades.

O jogo impele-nos a saltitar de save em save, visto que cada personagem consegue alterar o mundo à sua maneira. Um exemplo prático disto é um personagem, com as suas armas e poderes próprios utilizáveis no overworld, conseguir destruir obstáculos, e dessa forma permitir aos outros protagonistas, nas suas saves respectivas, de progredir para além do estabelecido.

Estas interligações são ambiciosas e têm grandes probabilidades de correrem mal, especialmente quando temos jogos amplamente narrativos como este Alterium Shift e onde as decisões e escolhas que tomamos alteram o avanço do mundo.

A direcção de arte deste Alterium Shift com a sua pixel art em 2.5D são uma verdadeira homenagem aos clássicos do género, demonstrando grandes inspirações, por exemplo, em Chrono Trigger.

Os random encounters são eliminados por completo e conseguimos ver os inimigos no overworld, e só os combatemos se quisermos. Ainda assim, existem alguns elementos de qualidade de vida para a nossa experiência que necessitam de ser revistos, e a ausência de um mini-mapa é um deles. Adicionemos a isto outros elementos que podem ser melhorados, visto o jogo estar ainda em alpha, como é o caso da visualização de quests existir por defeito filtrada para a cidade onde estamos, sendo-nos impossível de ver a lista completa de quests que temos para encontrar.

Ainda com um vasto caminho para trilhar e com uma premissa ambiciosa de criar uma experiência JRPG com 3 caminhos interligados, Alterium Shift assume-se como uma excelente homenagem indie à época dourada do género, nos anos 1990, e deverá ser mantida debaixo de olho por todos os fãs dos maravilhosos jogos que a Squaresoft lançou na SNES.