Tantas vezes vemos afirmado que já nada existe para inventar, que tudo o que vemos ou é derivativo ou pastiche de outra coisa. Ainda que alguns jogos AAA consigam introduzir novidades aqui e ali, nas últimas 2 décadas tem recaído sobre os ombros de criadores indie a capacidade (e o risco) de repensar alguns géneros.
O Artful Games Studio, constituído por veteranos da Nintendo, é um desses exemplos, pela forma como o seu primeiro jogo, o recém-lançado Byte Lynx.
Byte Lynx não é o primeiro RTS sem utilização de unidades, e só assim a puxar pouco pela memória já me lembrei de um grande jogo que joguei intensamente, Netstorm: Islands at War, e que há quase 30 anos já o fazia.
Neste distinto jogo de estratégia em tempo real vivemos o papel da Capitão Serena, cuja nave se despenha num planeta controlado por uma IA hostil intitulada Prime, mas somos auxiliados por um pequeno robot chamado Byte que nos instrui a como sobreviver neste ambiente.
Neste atípico RTS sem recurso a unidades, temos de criar um sistema intrincado de fios e cabos de alimentação que mantenham as nossas construções funcionais. A alimentação energética é vital para a estratégia de Byte Lynx, e em torno da disrupção destas redes que decorre muita da beligerância táctica do jogo.
Temos portanto de impedir o adversário de controlar as nossas defesas ligando os seus cabos às nossas estruturas, ou conseguirmos nós dominar as suas construções ao conectá-las à nossa rede.
Apesar de não termos unidades, podemos construir estruturas que sirvam como aríetes para destruir as construções inimigas. O objectivo final: destruirmos o núcleo central do inimigo antes que ele destrua o nosso, e para isso entramos numa luta intensa de construção ininterrupta na tentativa de subjugar Prime.
O ritmo de Byte Lynx é verdadeiramente insano: o mapa é grande e temos de estar constantemente a construir e planear sem parar, e não temos tempo para ver o que a IA está a fazer em simultâneo. Isto vem apenas adicionar à pressão e intensidade que o jogo nos traz em termos de estratégia em tempo real, obrigando-nos a estar constantemente a pensar a uma velocidade tremenda para conseguir estar a par com a ameaça de Prime à nossa base.
Byte Lynx não tem campanha, mas possui 20 missões para resolver, além de um editor de mapas com integração de Steam Workshop para aumentar a longevidade do jogo.
Este RTS único é um jogo muito difícil pela intensidade e pelo twist de termos de pensar nas nossas defesas e na forma como avançamos, rodeamos e subjugam as defesas adversárias. Byte Lynx é um jogo original e memorável, desafiante, mas com um ritmo e intensidade que poderão ser demais até para alguns estrategas veteranos.