Chegam-nos muitos jogos indie à caixa de correio electrónico, fruto de mais de uma década de dedicação e pesquisa de diamantes escondidos. Algumas vezes encontramos essas pérolas que nos deixam um sorriso esculpido pela sensação de descoberta, mas na maioria das vezes os jogos onde mergulhamos são colocados n’A Hora do Meh.
Kickback Slug: Cosmic Courier, do estúdio Kittens in Timespace, recém-lançado para Switch e PC não é um mau jogo, é apenas, à falta de melhor expressão, meh.
Um desafiante jogo de plataformas de Física, onde o objectivo é locomover-nos pelos cenários evitando tocar nos múltiplos perigos que encontramos e nos inimigos que vão surgindo, todos eles com a capacidade de nos fazerem perder apenas com um toque.
Vivemos o papel de uma lesma espacial, Slippy the Slug, um estafeta de uma empresa de entregas cósmica que é acompanhado nestas suas primeiras entregas pelo seu chefe, o Mr. McFly, que dada a qualidade do enredo e diálogo deste jogo não poderia ser outra coisa que não uma mosca.
Ao longo dos 50 níveis distribuídos por 5 zonas diferentes, temos de encontrar encomendas e entregá-las no portal no final da travessia do nível. Dadas as restrições anatómicas de Slippy, a solução que lhe facilita a locomoção de um cenário tão inóspito é a utilização das três armas que fazem parte do seu arsenal: uma pistola que dispara gás e que nos permite flutuar e propelir pelos níveis (qualquer semelhança com flatulência não é mera coincidência), um canhão que nos projecta a grande velocidade, e um revólver que nos permite destruir vidro e acertar em inimigos.
É neste sistema de flutuação em que apontamos as nossas armas no sentido inverso para onde nos queremos mover (uma mecânica que já vimos utilizada noutros jogos), e que me relembra um dos níveis mais difíceis que joguei na vida, aquele em que pilotamos um submarino em Earthworm Jim, e onde os meros toques no cenário são suficientes para partir o vidro do nosso escafandro.
Quase que me sinto mal em invocar um dos meus jogos favoritos de sempre com este, onde as semelhanças se limitam ao desafio de evitar os perigos de um nível específico e de serem ambos animais espaciais sem membros como protagonistas.
Apesar de sentir que a sensação de novidade do desafio de Kickback Slug: Cosmic Courier se esgotar rapidamente, seria injusto dizer que a Física está mal conseguida, ou que o desafio não é justo, muito pelo contrário. Mas há uma série de factores que reduzem este título a uma mera experiência meh.
A primeira é a monotonia em que o desafio de evitar obstáculos nos chega. Monotonia essa que é exacerbada pela pobre direcção de arte que torna toda a experiência em algo rudimentar. Adicionemos a tudo isso um enredo e diálogos juvenis, e rapidamente estamos a rolar os nossos olhos até à nuca por termos de percorrer mais um nível com lesmas e moscas a fazerem trocadilhos com puns.
Kickback Slug: Cosmic Courier, como disse, não é um mau jogo, é apenas dolorosamente mediano. Uma experiência que poderia ser aliviada por uma direcção de arte mais cuidada e original, e uma tentativa de humor que se elevasse acima de fart jokes.