Se há algo que os últimos 12 meses provaram é que existe uma grande fome no mercado por space sims com dogfighting, que acredito que não ficou de forma alguma aplacada pelo lançamento de Starfield. Felizmente que 2023 foi também o lançamento do melhor jogo do género em muito tempo, Everspace 2 (que com muito orgulho tivemos como finalista do Indie X) e até da chegada em alpha do one-man show que é Spaceborne 2.
Há dias tivemos acesso ao título Hell Galaxy, do estúdio Italian Games Factory, lançado ainda em demo durante o Steam Next Fest e a promessa de trazer uma abordagem diferente aos space sims é já bem evidente.
Seja conceptual ou mecanicamente, Hell Galaxy consegue já nesta build curta exalar uma aura de terror futurista impressionante, e a muito se deve uma das minhas maiores surpresas neste título: a qualidade do ambiente sonoro deste jogo. Há algo de aterrador no sound design de Hell Galaxy que torna o ambiente orgânico e assustador ao mesmo tempo, dando força ao próprio tema por trás do jogo.
Visualmente existe também uma mistura estranha entre os componentes cibernéticos à nossa volta e um tom limitado na paleta e nos efeitos luminosos, onde por vezes as estruturas por onde voamos nos trazem uma aparência orgânica que remete ainda mais para um ambiente de terror.
Neste space sim de terror cibernético, num futuro distante, os criminosos têm a sua consciência transferida para pequenas naves chamadas Raiders, sendo obrigados a levar a cabo algumas missões de protecção da galáxia em que habitamos.
Nós somos um desses criminosos que viu o seu corpo orgânico a ser destruído e a sua consciência transferida para uma nave, o que justifica que mesmo na visão interna do cockpit não vemos ninguém lá sentado. O que me traz também a dúvida do porquê de termos um cockpit clássico se a nossa mente e o computador central da nave são um só. Mas talvez esteja a levar esta reflexão longe demais.
Em viagens cósmicas onde temos alguns segmentos balizados por um campo de energia que tenta manter uma série de ameaças do lado de fora, vamos encontrando drones inimigos e outras entidades espectrais num cenário de ruínas de uma civilização alienígena perdida.
Com um sistema de dogfighting competente, ainda sem mostrar elementos que o distanciem de outros padrões do género, Hell Galaxy adentra num segmento mais RPG com um sistema de recolha de itens, e sobretudo recursos, que nos permite construir novos componentes para a nossa nave.
Hell Galaxy ainda está longe do seu lançamento mas para já parece ter-se posicionado de forma única como um space sim de terror futurista. Com uma direcção de arte detalhada e igualmente negra, imagino que dada a envolvência do sound design que uma versão VR poderia ser um caminho perfeito para este jogo indie.