A geração de 8 bits moldou a minha vida. Não fosse a minha Famiclone ter sido uma fiel presença no meu crescimento e provavelmente 34 anos depois de a ter recebido não estaria aqui diariamente a viver e a escrever sobre os videojogos.
Numa era em que os orçamentos megalómanos dos AAA já ultrapassaram largamente os filmes de Hollywood, e que inclusivamente já se fala em AAAA, é interessante ver que existe mercado para estúdios e criadores lançarem títulos que poderiam facilmente figurar na minha querida Family Game sem destoar.
Lords of Exile poderia ser um cartucho de plástico comprado numa qualquer loja de electrónica do início dos anos 1990. E digo-o como um elogio, por ser um título que estabelece o difícil ponto médio entre criar algo com um pendor verdadeiramente nostálgico, e conseguir enquadrá-lo com uma lógica contemporânea.
As similaridades entre os Lords of Exile e os primeiros Castlevania são tão óbvias que me agrada o facto da equipa da Squidbit Works o assuma e se orgulhe dessas mesmas influências.
Começamos pelo setting: Galagar, o senhor do inferno, libertou a sua horda demoníaca na Land of Exile para a conquistar. Cabe a Gabriel, um cavaleiro amaldiçoado e imortal, a difícil tarefa de combater esses demónios e libertar o reino.
Não são só as semelhanças visuais e temáticas com Castlevania, a dificuldade é igualmente similar. Os controlos de Gabriel e a física inerente a projécteis e salto são muito semelhantes ao que tínhamos nos jogos de 8 bits, e para quem viveu esse período tudo isto é uma viagem no túnel do tempo. A segunda personagem jogável, Lyria, desbloqueada depois do final do jogo, vem acelerar o movimento e os ataques, sendo quase uma “compensação” de maior acessibilidade ao jogo.
Com ataques idênticos aos Metroidvania, uma miríade de itens secundários para encontrar e utilizar, são as excelentes e difíceis boss fights que nos dão power ups permanentes que vão alterar ligeiramente a jogabilidade, aplicando um misto de ideias contemporâneas com ambientes nostálgicos.
Com uma exímia pixel art inspirada na era dos 8 bits mas levada a um extremo visual, e com pistas musicais de 16 bits que fazem um cruzamento entre duas gerações retro, Lords of Exile foi uma agradável surpresa nostálgica, com tanta qualidade que mesmo acabado de lançar, temos já a certeza que sucederá no teste do tempo.