Foi para mim uma novidade o facto de Mario também ser o CEO de uma fábrica de brinquedos, talvez a versão digital dos Amiibo. Não foi essa a razão de ter jogado o jogo, mas sim a minha vontade de perceber porque amiúde é falado com saudade em podcasts associados à Nintendo. A razão parece-me agora clara, Mario vs. Donkey Kong é uma explosão de diversão, qua acaba quase mal começa.

Mario vs. Donkey Kong é um jogo de puzzles e plataformas em 2D, um remake do jogo original que foi lançado em 2004 para Game Boy Advance mas com a já tradicional melhoria gráfica para o estilo de desenho animado tão típico desta geração da Switch, algo que, como não me canso de dizer, adoro!

Apesar da panóplia de diferentes exclusivos Nintendo, será virtualmente impossível dissociar a marca dos jogos para toda a família, e na realidade mal a minha filha mais nova olhou para o jogo pediu para jogar comigo, e foi dessa forma que percebi que jogando a duas pessoas dá para fazer muita batota, atalhando caminho em diversos puzzles.

Custava-me a perceber o que de diferente poderia oferecer Mario vs. Donkey Kong quando a Nintendo tem, por exemplo, jogos como Super Mario Maker, capaz de fazer níveis como este e muito mais, e acabo sem ter uma resposta óbvia a esta pergunta, já que a história é aqui superficial, e os momentos de cinemática curtos e maioritariamente repetitivos, e embora com um aumento gradual da complexidade nunca chega ao patamar de Super Mario Maker.

Há, no entanto, melhor conjugação de níveis, com blocos de 6 por cada mundo temático, ao que acresce um nível que se joga como se de um jogo de Lemmings, isto é, há um conjunto de bonequinhos que nos seguem e temos que os guiar através dos diversos obstáculos até os conseguirmos salvar e um nível em que tentamos apanhar uma chave que nos permite abrir um baú para ganharmos algumas vidas extra. Há também por cada mundo temático uma batalha com o Donkey Kong, em que temos que nos desviar de múltiplos objectos que nos atira, até sermos capazes de o atingir de volta.

Mario vs. Donkey Kong é um jogo curto. Tem 8 mundos, cada um deles demora cerca de uma hora a concluir. Após concluirmos o modo história desbloqueamos dois novos mundos muito mais complexos e novos modos de jogo.

Agora para ser mais específico. Cada nível assenta em puzzles de 3 cores, em que selecionado uma cor activamos blocos dessa mesma cor, desactivando os blocos das outras. Pouco a pouco vão introduzindo novas mecânicas que tornam cada nível mais desafiante, seja mais verticalidade, inimigos que nos empurram, plataformas rolantes que giram em diferentes direcções, onde mudar essa direcção é essencial para a conclusão de cada nível, blocos que têm de ser destruídos com bombas, sendo o uso dessas mesmas um puzzle dentro do puzzle em si, ou somente inimigos que nos querem atingir.

A correcta visualização de cada nível ajuda muito a encontrar a solução, mas esta nem sempre é óbvia, o que não implica que os níveis sejam difíceis. A maior parte das vezes irmos fazendo o que dá para fazer acaba por ser suficiente para revelar a solução.

Acabei o jogo sem saber ao certo como resolver um ou dois problemas, e apenas os consegui transpor porque a diferença entre a dificuldade dos níveis apenas difere, isto da mais baixa para a mais alta, em ter checkpoints e tempo ilimitado para a sua resolução. Estes checkpoints podem ser aproveitados como se fossem um exploit, já que podemos falhar algumas vezes a cada nível, voltando ao checkpoint anterior como penalização, mas esse regresso pode ser benéfico, já que algumas vezes a resolução de um nível envolve voltar para trás, e para realizar essa acção, esporadicamente, mais vale tentar um salto e falhar, voltando ao checkpoint anterior, que repetir toda uma secção.

Todos os níveis são originais e divertidos, sendo que raramente sentimos que estamos a repetir mecânicas. Os controlos são precisos, e para isso contribui o facto de Mario não ter aquele ligeiro deslize no final de cada salto como tem em alguns jogos, porém o jogo parece feito para ser jogado com um D-Pad, e não com o joycon, pelo que acabei por jogá-lo maioritariamente em modo docked com o pro controler o que, mesmo assim, não eliminou todos os problemas de dificuldade em reconhecer um comando, especialmente quando necessitávamos de saltar e agarrar alguma coisa, acção em que nem sempre o jogo aceitava a pressão do botão para cima como válida.

O jogo acabou por ficar na cova de um dente, tenho que o admitir, o que não invalida que não tenha sido muitíssimo divertido enquanto o joguei. Com os níveis desbloqueados após concluirmos a campanha e os novos modos oferece seguramente entre 10 a 12 horas de conteúdos, excluindo o tempo que possam vir a jogar a dois. Não sendo o melhor jogo que já joguei com Mario, Mario vs. Donkey Kong é uma recomendação fácil para quem se quer divertir sozinho ou com um amigo.