Há muito tempo que recuso todos os jogos que me propõem, mas aproveitando que estava de férias acabei por aceitar Neocon Tower Defense 3 porque gosto do género e porque me parecia jeitosinho. Foi exactamente isso e nada mais.

Neocon Tower Defense 3 é, tal como o nome indica, um tower defense, o que não diz é que se joga em perspectiva isométrica, com a tradicional capacidade de rodarmos o tabuleiro e perspectiva para praticamente qualquer uma que possamos imaginar.

Não tem qualquer história, nem tão pouco esta é necessária ou faz falta neste caso.

A banda sonora do jogo ficou-me logo no ouvido, não por ser memorável, mas porque uma das músicas é partilhada com a do menu de Forza Motorsports ou será, pelo menos, muitíssimo parecida, tanto que cheguei a minimizar o jogo para confirmar se o tinha deixado aberto em plano de fundo. É essencialmente música calma, até porque o jogo é surpreendentemente lento.

Usualmente tenho procurado este género para passar o meu tempo, mas tenho ido para jogos mais ficcionais, quando aqui as unidades procuram um tom mais realista no seu desenho, e há vários que nos aparecem. Unidades de infantaria, unidades mecanizadas terrestres e aéreas, todas elas com características distintas o suficiente para nos fazerem alterar prioridades ou estratégias para podermos lidar com elas de forma mais eficiente.

E já que falamos dos inimigos, continuemos nessa temática. Este aparecem-nos de diferentes pontos e em quantidades progressivamente maiores. E embora a dificuldade vá aumentando se falarmos dela em termos genéricos, a verdade é que há níveis mais avançados que são mais fáceis que níveis anteriores, e este foco na quantidade de inimigos leva a situações muito engraçadas, já que há altura em que são demasiados para o percurso que têm de efectuar e aparecem no ecrã como que a digladiarem-se pelo espaço que ocupam, algo que podemos exacerbar se colocarmos uma barreira muito próxima do ponto de entrada no tabuleiro, o que invariavelmente causa um ajuntamento maior do que aquele que o jogo consegue lidar, atirando com as unidades para fora do percurso. Teoricamente isso não teria problema, mas nesse momento o jogo parece não saber o que fazer com elas, deixando-as por lá paradas a disparar para o éter.

A partir de certo nível começam a aparecer os bosses que são unidades capazes de absorver muito mais dano ao mesmo tempo que também são capazes de produzir as suas próprias unidades enquanto avançam. Estes bosses também podem ser terrestres ou aéreos, sendo que a partir de determinado ponto surgem ambos, complicando consideravelmente a nossa missão.

Os inimigos são enviados em ondas claramente demarcadas e sinalizadas, dando-nos tempo para nos prepararmos para a onda seguinte, seja com a colocação de defesas ou unidades. O desafio é marcadamente pensado para o aumento de dificuldade e não pela sinergia entre as unidades, que aparentemente não existe, já o contrário não é verdade. Com o que vamos aprendendo nos diferentes níveis vamo-nos tornando em máquinas de uma eficiência mortífera!

Aparentemente Neocon Tower Defense 3 é um jogo muito simples, um uma ou duas torretas, desde com as evoluções correctas, a serem mais que suficientes para nos levarem calmamente por todos os níveis. Há que admitir que não há qualquer equilíbrio entre diferente armamento, já que algumas das torretas são tão versáteis que praticamente eliminam o uso de outras, mesmo que mais eficientes para determinadas situações. Por exemplo, há algumas que são extremamente eficientes contra infantaria, outras contra inimigos mecanizados terrestres, mas há outras que para além de serem interessantemente boas contra infantaria e unidades mecanizadas terrestres ainda conseguem atacar as unidades aéreas, e aí temos de pensar se vale a penas especializarmos as nossas unidades quando apenas temos espaços limitados para a sua colocação.

Ao contrário do que seria de esperar com o aumento da dificuldade a nossa estratégia vai ficando mais uniforme e não o contrário. Eu esperaria que tivesse de pensar muito mais quão mais difícil se tornasse o jogo, mas é o inverso. A certo ponto há uma ou duas torretas que se tornam tão versáteis que são simplesmente indispensáveis, pelo que o seu spam é praticamente inevitável.

Para este paradoxo contribui também o facto de não estarmos somente dependentes das torretas para nossa defesa. Podemos colocar gratuitamente muralhas defensivas, canhões, ou chamar ataques aéreos ou o uso lasers que podemos apontar à nossa vontade. Todos estes diferentes elementos estratégicos estão limitados por um temporizador, mas com a estratégia certa podem ser empregues para empatar os inimigos o tempo suficiente para as nossas armas menos especializadas lidarem com eles, e fazem-no tão bem que por vezes ainda sobra tempo para os irmos colocando entre as ondas.

Há uma árvore de habilidades disfarçada de sistema de perks que vamos desbloqueando consoante a competência com a qual vamos superando os níveis, mas mesmo que se passe cada nível com a nota máxima, não conseguimos desbloquear tudo o que há para desbloquear.

Há também missões especiais, Specs Ops, que nos permitem aceder a mais armamento ou opções de defesa.

Nem tudo correu bem. Em dois níveis o jogo bloqueou, não reconhecendo que o tinha acabado, e independentemente do que tentasse fazer, verifiquei a integridade dos ficheiros, mudei dificuldade, mudei tácticas, reinstalei, recomecei do início, chegava a esse ponto e ficava a olhar para mim sem avançar. No fórum do Steam encontrei um utilizador com o mesmo problema e a solução provisória providenciada pelo desenvolvedor foi o suficiente para avançar. Infelizmente um dos níveis em que tive este problema foi no final, pelo que não consegui ver o fim do jogo.

Há uma interessante opção de simular situações criadas por nós, algo muito prático para perceber a eficiência de cada arma contra cada unidade, e esta opção é muitíssimo bem-vinda.

A selecção de níveis é feita num usual overworld ao estilo dos de Mario, aqui com uma skin de mesa de guerra, mas incompreensivelmente a sua apresentação é feita de uma forma em que nunca conseguimos ver todas as missões ao mesmo tempo, isto é, se o mapa focar na Austrália não conseguimos ver as missões do continente Norte-Americano. Na prática apenas vejo um motivo para numa fase avançada do jogo querer voltar a uma missão inicial, tentar concluí-la com todas as estrelas, mas mesmo assim é uma opção estranha.

Neocon Tower Defense 3 não descobre ou reinventa a roda, mas é um jogo competente a um bom preço. Das cerca de 5 horas que demorei a concluí-lo temos que considerar que passei algum tempo a tentar solucionar o bug que não me deixava avançar, mas por outro lado também só joguei as últimas missões em dificuldades mais altas, se o tivesse feito desde o início, demoraria seguramente mais tempo. Também não vejo grande motivo para voltar a jogar de forma consecutiva, nem o jogo me parece memorável o suficiente para ter saudades dele no futuro, mas quem o comprar provavelmente não se irá arrepender de o ter feito, já que é divertido o suficiente para isso.