Não sei quantos anime, manga, tokusatsu e até filmes têm o ensino nipónico como pano de fundo. Os tradicionais uniformes já fazem parte da nossa imagética colectiva global, e com tantas movimentações criativas à volta das escolas japonesas com Let’s School é finalmente hora de mergulharmos neste ambiente de forma mais dedicada.

Criado pelo estúdio Pathea Games, os autores de My Time at Portia e My Time at Sandrock que se desviam assim dos habituais farming RPGs para nos surpreenderem com um tycoon onde vestimos a pele de um director de ensino básico.

A nossa missão é clara: das ruínas de uma instituição de ensino que recebemos no início do jogo, onde até paredes temos em falta, temos de elevar a escola ao patamar da mais prestigiada e lucrativa da região. 

As ferramentas de construção são as tradicionais do género, e é quase impossível não traçar similaridades entre Let’s School e Two Point Campus, ainda que, e com todo o mérito e admiração que tenho para o estúdio indie chinês, esta comparação funciona em seu prejuízo.

A falta de profundidade de todos os sistemas torna o desafio de equilibrar as contas e de manter a escola pelo menos à tona como algo fácil de responder. É que se o equilíbrio deveria ser o objectivo mediador das nossas vida, em Let’s School talvez o encontro desse equilíbrio possa “quebrar” de algumas forma as expectativas de dificuldade.

Um excelente bom management sim, assim como a vida real, tem a capacidade de nos atirar bolas curvas, de testar os nossos sistemas com o inesperado. Em Let’s School, apesar dos alunos terem comportamentos “transgressores”, rapidamente percebemos que a programação grupal leva a que as mesmas perguntas tenham sempre a mesma resposta.

Os alunos têm origens diferentes e essas origens vão influenciar os desafios que nos colocam enquanto gestores, mas, como disse atrás, é fácil percebermos que problemas e soluções têm mais de “grupo” ou “proveniência” do que o cálculo da individualidade de cada estudante.

O equilíbrio e o investimento e melhoria ponderada da escola vai permitir desenvolver a escola e torná-la cada vez mais atractiva para mais estudantes com vontade de investir as suas propinas no nosso estabelecimento de ensino. 

Um dos desafios inerentes ao nosso crescimento e expansão é a necessidade de criar sistemas de investigação que nos permitam ter currículos cada vez mais diversos e profundos, dessa forma dar uma resposta mais eficaz aos estudantes, e capacitá-los para terem melhores resultados académicos.

Para além da parte estrutural, económica e académica de gestão da escola, temos também de encontrar actividades extra-curriculares que beneficiem o desenvolvimento dos alunos e a melhoria da sua capacidade de aprendizagem. Assim como treinar professores para que eles desempenhem da melhor forma possível a sua profissão.

Nesse aspecto mecânico de acções que podemos tomar para influenciar o desempenho académico e comportamental dos estudantes da nossa escola temos a possibilidade de fazer um discurso de final de ano, com ramificações de escolha que irão ter efeito nos alunos que nos ouvem, e na sua prestação no próximo ano lectivo.

Infelizmente, Let’s School não tem a profundidade de outros jogos do género, nem de perto nem de longe. As milestones que vão servindo como faróis para nos nortear na direcção certa do desenvolvimento do jogo ajudam a criar uma linha condutora da nossa jogabilidade, mas que destapam a falta de profundidade que o jogo evidencia. Let’s School é um bom simulador de escola passada no Japão, mas acredito que a minha exigência para com ele passa pela experiência que passei no jogo da SEGA.