Nunca dediquei um único episódio inteiro à produção de videojogos independentes em território nacional, por mero acaso e não querer destacar apenas o que se faz por cá. Com olho crítico, apesar de não poder criticar o que ainda não está terminado, procuro o que me parece ter potencial e o que se destaca neste ensurdecedor mercado em que todos querem um espaço e uma oportunidade para atingir o seu sucesso. Não procuro os jogos pela cor da bandeira do país em que são feitos, mas se houvesse um episódio dedicado a esta temática teria que ser o que se faz em Portugal. Não porque se trabalha melhor ou pior que nos outros países, mas por ainda não termos uma indústria dos videojogos claramente definida e estabelecida. Portanto aqui ficam três obras que estão em produção e que têm em comum o facto de terem sido escolhidas para o Indie X 2023.
Folly Of The Wizards
Upfox Labs – Portugal
2025 – PC, Nintendo Switch
Já entrevistei André Ferreira sobre este jogo e fiquei fascinado com o seu conceito. Folly Of The Wizards é um roguelike que mistura comédia e feiticeiro, tal como Magicka (criado pela Arrowhead que agora tem o enorme sucesso Helldivers 2 em mãos) o fez há mais de uma década. Apesar de ainda ter uma janela de lançamento ainda bastante afastada, já se percebe que está aqui algo de especial, até porque foi um dos selecionados para a mais recente edição do Indie X.
Uma das mecânicas mais curiosas do jogo será a nossa possibilidade de decidir com travar relacionamentos de amizade. Caso contrário, também podemos escolher quem será nosso inimigo, mas seja qual for a decisão tomada, há consequências a retirar destas escolhas. Algo que poderá dar ênfase ao tom cómico do jogo são os feitiços que poderemos encontrar, há magias bastante poderosas, assim como outras bastante cómicas, como transformar os nossos inimigos em sapos. Seja como for é pena que 2025 ainda esteja tão longe.
Gloomy Juncture
Subtales Studio – Portugal
2024 – PC
Por coincidência, escolhi outro jogo independente que foi também selecionado para o Indie X – um bom barómetro de qualidade. Gloomy Juncture é uma obra em produção por uma única pessoa, Filipe Rodrigues, um solo dev a tentar realizar o seu sonho de lançar um jogo profundamente pessoal. Gloomy Juncture será um jogo mais narrativo do que propriamente focado nas mecânicas, aqui a preocupação do autor é de contar um história cativante inspirados em clássicos point’n’click (Broken Sword, Grim Fanadango e até Hotel Dusk: Room 215) e com uma estética, desenhada à mão, que remonta à peculiar consola da casa de Quioto que abraçou o 3D de braços abertos, a Nintendo 64.
Em Gloomy Juncture vamos seguir uma trama neo noir de uma personagem comum, um funcionário de limpeza que vê a sua vida a dar uma volta de cento e oitenta graus quando após o disparo de uma arma de fogo. Como este evento traumático não é suficiente para a nossa personagem desvendar esta situação, esta também sofre de ansiedade e de uma saúde mental que já viu melhores dias. À medida que nos embrenhamos numa espiral de eventos peculiares, desvendamos os traços psicológicos cada vez mais profundos da nossa personagem. Há puzzles, problemas de lógica e situações enigmáticas para resolver, contudo, sinto que é a narrativa, muito inspirada na cultura dos anos noventa, que vai fazer brilhar o jogo. Em princípio, será este ano que poderemos jogar esta obra peculiar.
ARC SEED
Massive Galaxy Studios – Portugal
2º trimestre de 2024 – PC
Gonçalo Monteiro já é bem conhecido junto dos seus pares, produtores de videojogos em Portugal, dado que já tem, ao contrário de Filipe, André e Luís (produtores dos jogos mencionados anteriormente nesta rubrica), uma experiência considerável a criar jogos. Pela sua produtora, Massive Galaxy Studios, já publicou For The Warp e LakeSide, agora tem em mãos ARC SEED, uma obra que me faz lembrar o excelente Into the Breach – daí o grande interesse que tenho por esta obra.Portanto, aqui vamos controlar grandes máquinas, os tais mechs, para defender a humanidade de uma ameaça extraterrestre.
Os pilares da jogabilidade centram-se sobretudo na personalização do nosso mech de forma a que levemos a nossa máquina até à desejada vitória contra os invasores robóticos. Este combate é realizado com mecânicas de um jogo de cartas em ataques por turnos, ou seja estamos perante um deckbuilder. Até à própria cidade, transformada em campo de batalha, poderá ser sujeita a melhorias a nível bélico, nomeadamente em sistemas de defesa. Embora seja imperativo retirar os cidadãos da cidade, para a batalha se desenrolar com o número mínimo de vítimas, vamos poder usar arranha-céus para atacar os nossos inimigos, por isso destruição será sempre o resultado final das batalhas, quer sejamos nós a vencer ou não. O jogo da Massive Galaxy estará disponível em Acesso Antecipado na Steam, no segundo trimestre deste ano.