Caçada Semanal #318

Enquanto vou ouvindo as notícias sobre a História Interminável, não a do Atreyu, mas a da eleição do Presidente da Assembleia da República Portuguesa, escrevo em simultâneo sobre 2 indies que nos trazem abordagens diferentes à estratégia, de forma até muito minimalista. Quiçá sejam dois jogos que dotem Luís Montengero da capacidade de negociar no campo minado que é a configuração actual do Parlamento.

Project Planet – Earth vs Humanity [PC]

Sendo um fã de party games, fico feliz de ver criadores a repensarem o género, levando-os até para ambientes mesno de festa, e para tons mais sérios. Project Planet – Earth vs Humanity não é muito directo enquanto pseudo-party game, até porque tem decisões muito complexas e temas tão graves como o extermínio da Humanidade, mas é uma excelente reinterpretação do género, possivelmente o mais original que já vi.

Neste party game feito jogo de estratégia assimétrico, um jogador controla a Terra e tem de eliminar a Humanidade, os outros 5 jogadores representam cada um grupos que constituem a Humanidade (políticos, media, cientistas, indústria e público) e têm de sobreviver às ameaças que o jogador que controla a Terra cria a casda turno.

Em termos técnicos, basta que um jogador possua Project Planet – Earth vs Humanity e os restantes podem jogar até com o telemóvel, ao estilo de Jackbox.

Um party game sério, onde o jogador que controla a Terra escolhe uma catástrofe para ameaçar a vida na Terra e cabe aos jogadores, cada um representando um aspecto da Humanidade, apresentar as suas escolhas, que vão afectar-se entre si mas também o ecossistema e a poluição.

Não sendo um título de consumo imediato, obrigando até a mais do que uma partida para compreendermos as suas vicissitudes, Project Planet – Earth vs Humanity é sem dúvida uma prova de que é possível inovar e mudar diametralmente o tom a alguns géneros.

Rail Route [C]

Tenho algumas coisas em comum com o Secretário-Geral do PS, o Pedro Nuno Santos, e apesar de só termos trocado algumas palavras noutra vida quando ainda ambos usávamos óculos e andávamos pelas lides do associativismo estudantil, sei pelo menos que a paixão pela ferrovia é uma das coisas que nos une.

Sendo um fã de comboios (e de veículos ferroviários), qualquer jogo que aborde este meio de transporte cativa de imediato a minha atenção.

Rail Route lembra-me muito o desafio viciante de MiniMetro, mas adicionando uma camada de gestão mais complexa pelo meio.

Com um visual minimalista, quase infográfico que infelizmente pode afastar alguns jogadores, Rail Route assume-se como um planeador de linhas ferroviárias.

Desenvolvido pelo estúdio Bitrich.info, o desafio de construir, desenhar e automatizar uma linha ferroviária, planeando e optimizando os horários, linhas e tendo de reflectir bem as colocações das estações.

O lucro obtido com a nossa eficácia permite-nos expandir a rede ferroviária e progressivamente ter acesso a novas tecnologias.

Rail Route é um desafiante jogo de gestão ferroviária cuja única vulnerabilidade é a sua direcção de arte minimalista que poderá infelizmente afastar alguns jogadores.