Todos os géneros de videojogos estão saturados, aliás, o próprio mercado dos videojogos está num dos períodos de maior saturação da sua História. Este tsunami de lançamentos provocado por milhentos títulos que chegam às lojas digitais acabam por esconder verdadeiros tesouros que ficam submersos. Outras vezes é este mesmo tsunami quem se encarrega de deixar muitos clones e sucedâneos no quase anonimato.
Será difícil argumentar que os open world survival crafting games tenham um maior torrente de títulos a chegarem ao mercado, mas serão possivelmente aquele que mais jogos tem visto surgir em Early Access com um baixo rácio de jogos a saírem dele. Uma realidade que esperamos que não seja a de Omega Crafter, o título recém-lançado em alpha no Steam pelo estúdio Preferred Networks.
É difícil evidenciar um título com tantos jogos deste género a fazerem exactamente o mesmo entre si, num loop idêntico entre cortar árvores, partir pedras, e utilizar estes recursos para construir as primeiras ferramentas rudimentares e um início de base. Não leiam qualquer tipo de preconceito com o género, até porque não os tenho, mas parece-me que dada a acessibilidade dos motores como Unreal e Unity, demasiados jogos têm sido lançados de forma verdadeiramente descontrolada. Muitos deles com o sonho de serem o próximo Valheim, esquecendo que existe uma reflexão sobre o seu game design que ultrapassa em larga escala os meros fac-símiles do género que vamos encontrando.
Omega Crafter, apesar de se manter excessivamente próximo a muitos outros jogos do mesmo género em todos os aspectos mecânicos, pelo menos tentou trazer algo de tão diferente que rapidamente o evidencia num marasmo criativo a que os open world survival crafting games têm sido vaticinados.
Como companheiro de aventura temos um pequeno robot, um Grammi, que rapidamente descobrimos que podemos programar para fazer uma sequência de acções, automatizando processos de criação e recolecção de recursos.
Este elemento é tão simples na sua aplicação que mesmo alguém que pouco ou nada programou na sua vida, como eu, rapidamente vai perceber a importância do código, e a forma drag and drop à moda do Scratch como podemos dar ordens aos nossos Grammis. Programar um Grammi para que recolha madeira e a armazene num baú, e criar uma cadeia de produção onde outro Grammi, programado por sua vez para ir buscar essa madeira guardada e convertê-la em setas.
Num género em que centenas de títulos têm chegado sem trazerem qualquer elemento de inovação, esta abordagem de programarmos NPCs para desenvolverem a nossa base, a cadeia de produção, ou para nos acompanharem em combate e exploração faz deste jogo um título a reter na memória.
Adicionemos a este elemento diferente às excelentes lutas contra bosses gigantes, e Omega Crafter, apesar de colorido e mais familiar, poderá ser o jogo que os fãs do género estão à procura. Um jogo onde o combate pode ser bastante desafiante, e que quando morremos deixamos uma lápide, que podemos visitar para recuperar os itens que perdemos, impedindo-nos de termos um grande prejuízo por parecermos em combate.
Omega Crafter foi uma surpresa numa maré de desinspiração, e só nos resta perceber se ao contrário de tantos survival crafter games, se irá algum dia ser completamente lançado no mercado ou se viverá para sempre no limbo do Early Access.