O meu tempo livre é largamente dedicado a encontrar e a jogar os chamados cosy games. Jogos que são relaxantes no seu ritmo, que exigem de mim apenas o tempo que lhes quero dedicar e cujos objectivos existem sem stress para os alcançar.
Um desses jogos que recentemente veio parar às minhas mãos é Distant Bloom, do estúdio Ember Trail, um título que segue uma premissa que se tem tornado recorrente no género: o de limpar e restabelecer um ecossistema.
Apesar da sua curta duração – quando comparado com outros títulos do mesmo género – Distant Bloom traz algumas ideias interessantes mas sofrendo de imediato nas comparações com dois jogos com a mesma premissa que devorei anteriormente. Grow: Song of the Evertree e No Place Like Home fazem tudo o que Distant Bloom se propõe a fazer, mas numa forma mais memorável e diversificada.
Em Distant Bloom somos um dos membros de grupo de alienígenas que se despenha num planeta desolado. A nossa tripulação foi espalhada pelo terreno inóspito e agreste, e o acesso a grande parte do território explorável está inacessível pelas condições do terreno.
Rapidamente percebemos que este verdadeiro labirinto de game design interliga o valor conceptual da nossa necessidade de restabelecer o ecossistema e os verdadeiros puzzles que nos permitem ter acesso a novas zonas do terreno.
A paisagem desolada não só tem lixo em algumas zonas, como os terrenos estão despidos de vegetação. É-nos demonstrado muito cedo no jogo que temos a capacidade de plantar sementes nas áreas demarcadas com hexágonos, e que podemos combinar plantações para que a natureza se cure, e para que possamos ter acesso a novas zonas.
Mecanicamente este é o centro de todo este Distant Bloom. Cada terreno tem condições específicas (como humidade) e temos de plantar as sementes certas com capacidade de florescer nessas condições. Se 3 sementes diferentes forem plantadas em triângulo vamos ter um bónus no seu crescimento e nos recursos que obtemos, materiais estes que são sementes e outros elementos orgânicos comestíveis que podemos utilizar na nossa base para criar novas refeições e/ou fertilizantes.
Para além da exploração progressiva do terreno, temos uma camada de base building superficial à volta da nossa nave principal. É aqui que os elementos da tripulação que vamos encontrando pelo planeta se reunirão, e nos darão a capacidade de criar novos equipamentos como a cozinha. Nestas viagens pelo território iremos também encontrar a fauna bizarra do planeta, sendo que alguns destes animais alienígenas requerem também eles o consumo de plantas o que abrirá por si só um novo elemento mecânico ao jogo.
Apesar da aura relaxante que todo o jogo tem, infelizmente deparei-me com alguns problemas que prejudicaram a minha experiência neste mundo de Distant Bloom. O primeiro é técnico, com pelo menos 3 bugs (desde clipping a bloqueios intransponíveis de diálogo de personagens) que me obrigaram a desligar o jogo para poder continuar a minha aventura.
O outro problema reside na forma como temos de intercalar as ferramentas à nossa disposição. Sendo esta uma dor-de-cabeça para game designers de jogos do género onde os nossos protagonistas têm diversas ferramentas, o reduzido número de utensílios de Distant Bloom faz-me acreditar que poderíamos ter o curto leque de acções resolvido de outra forma. Como não utilizamos todos os botões de um comando, ter o scanning atribuído a um dos triggers poderia ser um atalho simples que nos pouparia à desajeitada sequência de trocar do scanner para a pá, por exemplo.
O terceiro e talvez o maior problema do jogo é a deambulação, orientação e excessivo backtracking de todo este jogo. Já tinha referido antes que em termos de level design este Distant Bloom é um verdadeiro labirinto, com áreas relativamente pequenas mas com acessos e atalhos labirínticos. Esta configuração do terreno e a necessidade de deambular entre áreas e a base leva-nos a demasiado backtracking, que estende artificalmente a duração do jogo, e onde os teleportes que desbloqueamos mais perto do final do jogo chegam tarde demais.
Ainda assim, Distant Bloom é uma experiência cosy que pode ser terminada a 100% em menos de 20 horas, e entra dentro de um quase sub-género de limpar e restabelecer ecossistemas, um tema que de forma necessária precisamos que seja trazido para a ordem do dia mais vezes.