Este ano de 2024 já começou muito bem em termos de metroidvanias, com Momodora: Moonlit Farewell a estabelecer-se logo no início do ano como um dos porta-estandartes de alta qualidade do género.
Com a fome de metroidvanias a ser respondida por jogos indie (e até recentemente pela Ubisoft), e onde a ansiedade pela chegada de Silksong parece empurrar todos os fãs para uma procura por títulos similares.
The Weird Dream, desenvolvido pelo AmberDragon Studio, é um desses exemplos de metroidvanias que chegam ao mercado de surpresa, e desta feita pela editora Whisper Games, que tem feito um trabalho notável na internacionalização de jogos chineses.
Em The Weird Dream somos um misterioso coelho antropomórfico que surge nas ruinas de Alpha City, uma metrópole ficcional onde uma catástrofe se abateu, ficando ocupada praticamente apenas por monstros.
A história vai-se progressivamente revelando à medida que exploramos, mas sobretudo quando derrotamos cada um dos bosses principais: temos sequências de diálogos que vão lentamente mostrando-nos a imagem total da tragédia que se abateu sobre Alpha City.
Depois de algumas horas dedicado a explorar o mundo de The Weird Dream, conhecido alguns dos 7 biomas diferentes e derrotado alguns dos mais de 40 bosses que o jogo nos apresenta, sinto que o grande problema deste jogo é ser mediano.
Não consigo obter informações sobre a dimensão da equipa, mas apostaria que se trata de um grupo limitado de criadores, e/ou com pouca experiência. É que Apesar dos biomas diferentes, o level design é apenas” suficiente”, assim como a direcção de arte meramente “satisfaz”, demonstrando uma abordagem pouco madura transversal a dezenas de jogos bidimensionais de autores menos experientes que vão chegando ao Steam.
Com alguns problemas de resposta dos controlos – que a boa verdade têm sido corrigidos com prontidão pelos criadores – o combate com os inimigos comuns acaba por cumprir a sua missão sem grande entusiasmo ou momentos memoráveis. Não fosse a originalidade impressa em algumas das boss fights e os upgrades que vamos desbloqueando na melhor tradição dos metroidvania e a personalização das nossas builds com runas equipáveis perder-se-ia por completo na experiência de jogo.
Apesar de The Weird Dream não ser extraordinário em nada a que se propõe em fazer, tenho que reconhecer o esforço tremendo dos criadores em providenciarem conteúdo que nos mantenha investidos no jogo. E não me refiro apenas às dezenas de bosses, nem aos muitos níveis para visitar, mas sim um livro digital com mais de 80 páginas (30 delas de banda-desenhada manualmente ilustrada) que vamos desbloqueando com a nossa exploração e que nos ajuda a perceber o lore e o contexto narrativo.
The Weird Dream é um jogo mediano, e por vezes isso basta, em especial para os fãs de metroidvanias que podem estar neste momento órfãos de conteúdo.