Quando imagino a Princesa Peach é invariavelmente a ser raptada pelo Bowser, funcionando somente como um motivo e não como um personagem jogável no vasto portfólio de jogos da Nintendo. Princess Peach: Showtime fica, então, ao mesmo tempo, o merecido spin-off que dá algum merecido protagonismo à personagem, e um divertidíssimo jogo que me surpreendeu.

Quando Teatro Sparkle é tomado pela vilã Grape e o seu grupo de minions, Sour Bunch, todas as peças que estavam a decorrer são canceladas, e é Peach que fica incumbida da missão de ajudar os pequenos Theet, habitantes do teatro e redondezas, a libertar os diversos personagens principais dos diversos palcos e peças, os Sparklas.

As aliterações não acabam por aqui. Somos ajudados por Stella, uma companheira voadora que usa a Sparkle, energia em forma de estrela que funciona ao mesmo tempo como vida extra e moeda para podermos aceder aos sucessivos bosses de final de nível.

O jogo leva-nos a libertar os 5 andares do teatro do jugo da vilã, cada um deles com 4 pequenos níveis temáticos que culminam a maioria das vezes com um mini-boss, e no final de todos esses temos acesso ao boss de fim de nível, ou de andar, se assim o preferirem.

Se os mini-bosses são criativos, mas não excepcionais quer no desenho quer nas técnicas usadas para nos enganar, já os bosses finais são excelentes exemplos de criatividade, e talvez um dos aspectos do jogo que mais gostei. Não são difíceis depois de percebermos como os derrotar, e é sempre relativamente simples perceber a mecânica a usar para os atingir.

Princess Peach: Showtime não estagna, até porque é muito difícil de estagnar quando encarnamos 8 personagens diferentes, desde espadachins a ninjas, ladrões a detectives, pasteleiros a patinadores, mas também podemos ser uma sereia e a minha favorita, cowgirl.

Se, por exemplo, ser uma pasteleira ou uma sereia parece um bocado deslocado, a verdade é que todos os mini-jogos são claramente distintos, mesmo que uns mais divertidos que outros. Ser um detective revelou-se surpreendentemente interessante, mesmo considerando o desenho minimalista dos níveis, com momentos em que investigamos mesmo, algo que não posso dizer de outros jogos de detectives.

Todos os diferentes personagens vão repetindo as suas intervenções no jogo de forma mais ou menos equilibrada ao longo dos 35 níveis, existindo também a cada andar do teatro um mini-jogo que nos leva a encarnar um dos personagens e tentar atingir recordes de pontuação em troca de alguns prémios.

Há duas moedas no jogo. Já falei do Sparkle, umas estrelinhas que funcionam como uma forma de acedermos ao bosses de fim de nível, mas também como vidas extra, e a moeda normal que serve para comprarmos cosméticos para Peach e Stella. Muito honestamente não considerei estes cosméticos interessantes, mas é um acrescento positivo. O giro destas moedas é que não no-la dão de mão beijada. Mesmo com a estrutura linear dos níveis, nem sempre consegui encontrar tudo o que estava espalhado, e isso é incrível, pois é bastante difícil esconder algo num corredor. Tiro o chapéu a quem desenhou estes esconderijos, já que estão tão bem integrados no ambiente que me escaparam frequentemente à mínima distracção. Isso não acontece somente com a moeda, há um personagem que também temos de encontrar a cada missão que também levou o mesmo tratamento. Excelente!

Obviamente que a minha filha quis jogar Princess Peach: Showtime comigo, mas ainda lhe custa perceber o 2,5D, pois nem é o tridimensional convencional, nem o sidescrolling em 2D, e não se adaptou a este misto, perdendo frequentemente a noção de perspectiva, algo que não é difícil para mim, nem será para 99% dos jogadores, mas ela ainda está a aprender. Talvez por esse motivo, rapidamente me pediu para voltar a Mario vs. Donkey Kong.

Mesmo considerando que eu pareço sofrer mais deste problema que a maioria das pessoas com quem falo, a minha Switch de primeira geração parece já dar tudo o que tem para correr os jogos mais recentes e Princess Peach: Showtime não é excepção. Tive algumas quedas de frames pontuais, felizmente em áreas que interessavam pouco.

Houve alguns níveis que tive de repetir porque a minha filha não os conseguiu passar, mas tentando desconsiderar isso devo ter demorado cerca de 8 horas a passar todo o jogo. Depois de o concluirmos surgem novas opções de jogo e ainda há valor a extrair dele, sejam os mini-jogos de cada andar, seja encontrar todo o Sparkle que nos falhou na primeira run.

Princess Peach: Showtime dá o merecido protagonismo a Peach. Um conjunto muito divertido de mini-jogos que explora na perfeição a versatilidade não só de Peach como de das personagens Nintendo que parece que conseguem fazer com toda a naturalidade qualquer papel que lhe atirem. Em mais um ano que parece carregado de excelentes jogos, é natural que este passe por debaixo do radar, mas é uma excelente opção para quem tem uma Switch!