Antes de mergulharmos no simulador Destroyer: The U-Boat Hunter, peço-vos que vão até ao Spotify, ou mesmo até ao YouTube, e pesquisem por “Das Boot”, e cliquem (e ouçam) a música dos U96 com esse nome, a mítica faixa de 1991, e coloquem-na em repeat, tal como estou a fazer há 1 hora. E já que estamos numa de sugestões prévias, se nunca viram o magnífico filme de guerra alemão nomeado para os Óscares Das Boot, de 1981, façam-no o quanto antes. É da sua banda-sonora que a banda de techno de Hamburgo, os U96 (que retiram o seu nome do submarino que é o centro da trama de Das Boot), fez o famoso remix que se mantém até hoje como uma das minhas músicas favoritas do género.

Destroyer: The U-Boat Hunter é um simulador em toda a acepção da palavra, uma representação exaustiva da realidade de um contratorpedeiro de classe Fletcher como aqueles que patrulharam os mares à caça de submarinos alemães da Segunda Guerra Mundial.

Apesar de o meu conhecimento sobre embarcações da Armada ser reduzido, a dedicação dos criadores do Iron Wolf Studio na reprodução histórica e funcional deste contratorpedeiro é notória, e atestada pelos consultores militares que trabalharam no jogo. Esta reprodução fiel na tentativa de criar uma experiência fidedigna foi ao ponto de todas as vozes do jogo serem gravadas por militares da Marinha dos EUA, conferindo o realismo da forma de comunicação em cenário de manobras real.

O nosso objectivo – tal como o era nas águas do Atlântico durante a Segunda Guerra Mundial – é o de proteger as caravanas militares dos ataques dos submarinos nazis. Para esse objectivo temos 5 estações distintas para controlar: a ponte, o centro de informações de combate, a sala do sonar, o director de armas e o posto de observação, e 10 estações de batalha específicas. É no conhecimento profundo de cada um destes elementos que a simulação aprofundada de Destroyer: The U-Boat Hunter.

Como é fácil de perceber, a experiência mais realista e com uma grande profundidade mecânica de Destroyer: The U-Boat Hunter é distinta da abordagem mais acessível de jogos massificados do género como World of Warships. Destroyer: The U-Boat Hunter traz-nos inclusivamente diferentes perfis de capitães, e cada um com capacidade únicas correlacionadas com a forma como abordam a patrulha do Oceano e a caça aos submarinos.

Em traços gerais, este confronto com os submarinos, tal como na vida real, leva-nos a ter de interagir com todas as estações para mapear o mar circundante de actividade inimiga. Utilizando radares para encontrar submarinos à superfície e o sonar para os que estão submersos, o desafio de cada missão é sempre distinto do anterior. A geração procedural das batalhas com o clima, hora do dia e até o número e os padrões de ataques inimigos são sempre distintos, obrigando-nos a dominar por completo a simulação próxima do real do comando deste contratorpedeiro.

Sabemos que tanto os jogos de guerra como os simuladores têm públicos muito definidos, com uma larga maioria de ambos a situarem-se em consumidores europeus. Ver a Daedalic Entertainment (depois do descalabro de 2023) a apostar num jogo que cruza esses dois universos é arriscado, mas dada a extrema qualidade de Destroyer: The U-Boat Hunter enquanto exímia representação de combate naval, diria que foi uma aposta mais do que conseguida.