Se a vida fosse um anúncio de Ferrero Rocher e eu tivesse um mordomo como o Ambrósio, possivelmente a resposta que daria à famosa pergunta proferida há décadas no famoso spot publicitário seria “queria um bom city builder”. Apesar de Of Life and Land apresentar imensas potencialidades desde que foi lançado em Early Access a 2 de Abril, penso que não é bem o sucedâneo de Ferrero Rocher que eu esperava.
Desenvolvido pelo estúdio suíço Kerzoven, Of Life and Land é um city builder ambientado numa era medieval que oferece uma experiência de gestão de povoações desde um pequeno grupo de colonos até crescer para uma cidade complexa. Embora apresente boas ideias e uma base promissora, o jogo em estado alpha possui algumas fragilidades que precisam de ser resolvidas para alcançar o seu potencial.
Como na maioria dos city builders/colony management games, no centro de Of Life and Land está a gestão de recursos e a satisfação das necessidades dos habitantes. Começamos a nossa gestão “autárquica” medieval com um grupo reduzido de pessoas, e precisamos de recolher recursos como madeira, pedra e comida, expandindo gradualmente os edifícios da nossa povoação e desenvolvendo novas tecnologias para sustentar o crescimento da cidade.
Uma característica interessante deste jogo indie é a forma como as quests são usadas para servirem de tutorial, permitindo-nos uma familiarização com as mecânicas básicas e objectivos do jogo, ainda que a sua progressão seja extremamente lenta. No entanto, a execução desta abordagem deixa muito a desejar, já que as quests nem sempre são tão claras quanto deveriam ser.
Um dos maiores problemas de Of Life and Land é a sua UI: a quantidade excessiva de janelas e elementos para gerir em cada edifício torna a experiência desorganizada e avassaladora. A falta de automação na distribuição de trabalhos obriga-nos a verificar manualmente cada tarefa, o que rapidamente se torna tedioso e frustrante.
Além disso, a progressão diária no jogo é extremamente lenta. Cada dia no jogo arrasta-se por uma eternidade, exigindo que aceleremos a velocidade do jogo para 300x apenas para fazer avanços significativos, tornando esta lentidão de progressão em algo desmotivador, até para o maior fã do género.
A direção de arte low poly do jogo sofre de uma falta de identidade visual distinta entre os edifícios e construções. Esta homogeneidade torna difícil a tarefa de distinguir diferentes tipos de estruturas e piora a estética geral da cidade. Uma maior variação visual e detalhes únicos para cada tipo de edifício ajudariam a melhorar a clareza e o apelo visual, assim como a experiência mecânica de gestão da povoação.
Of Life and Land revela potencial para se tornar um city builder envolvente, mas enfrenta vários problemas significativos neste seu estado atual em Early Access. A interface confusa, a falta de automação na gestão de trabalhos, a lentidão da progressão diária e a falta de identidade visual dos edifícios são questões que precisam ser corrigidas o quanto antes. O estúdio Kerzoven criou as fundações de um potencial bom jogo, mas precisará de investir muito tempo e esforço nos próximos meses ou anos para refinar este promissor city builder.