Quando se joga muitos jogos indie, é estatisticamente improvável que todos sejam verdadeiras maravilhas da originalidade e da criatividade. Alguns, como este Ario, são jogos que nem há 20 anos consideraríamos sequer “bons”, quando jogos como Pandemonium tinham sucesso, apesar das limitações técnicas que reconhecemos hoje.
Ario, o novo platformer bidimensional do estúdio indie persa Vata Games, é um salto ao lado num género onde a precisão dos controlos e a direcção de arte muitas vezes fazem a diferença entre o sucesso e o fracasso.
A primeira impressão de Ario é de uma mediocridade total, tanto artística como mecânica. Artisticamente mediano, com personagens e cenários que não se destacam nem pelo estilo nem pela criatividade, e que são, na melhor das hipóteses, esquecíveis.
No coração de qualquer jogo de plataformas, está o polimento e definição dos seus controlos, mas no caso de Ario estes são absolutamente horríveis. A movimentação do protagonista é imprecisa, com uma sensação de atraso de resposta dos nossos inputs que torna frustrante o mero objectivo de atravessar os seus níveis. Saltar de plataforma em plataforma é uma tarefa árdua, e muitas vezes iremos falhar não por falta de habilidade ou destreza, mas devido à resposta inadequada dos comandos. Num género que vive e morre pela precisão dos comandos, este é um pecado imperdoável.
Sem poderes especiais ou capacidade de atacar os inimigos neste jogo de fantasia medieval, o jogo tenta diversificar sua jogabilidade com a possibilidade de rolar ou dar encontrões em inimigos e portas, além de algumas sequências onde se pode disparar uma balista. No entanto, essas mecânicas são mal implementadas e não conseguem nada de memorável a Ario. As cambalhotas para escapar aos inimigos e os encontrões são desajeitados, mas por outro lado demonstram a coesão de falta de qualidade que existe neste título como um todo.
Com tantos estúdios indie a fazerem maravilhas nos jogos de plataformas (e não só), Ario é, uma experiência decepcionante. O jogo não só falha em capturar a essência dos bons platformers bidimensionais, como também desperdiça qualquer potencial que poderia ter tido com sua jogabilidade desleixada e uma direcção de arte perfeitamente insípido. Com tantos bons indies a chegarem ao mercado, Ario, infelizmente, é um dos piores jogos que joguei em muito tempo e é difícil recomendá-lo, e os 12,79€ do seu custo são o pior dinheiro que poderiam gastar. Num pulo atabalhoado de game dev Ario cai de cara no chão e não se consegue levantar da sua própria mediocridade.