Não tenho preconceitos alguns com géneros de jogos, e até os idle games que me deixaram inicialmente com uma cara de incompreensão já me brindaram com algumas surpresas. Portanto um indie que prometia ser um jogo de colecionar monstros ao bom estilo de Pokémon mas com uma componente de clicker pelo meio tinha, teoricamente, tudo para me cativar. Mas Topac Battle, do estúdio turco Keep Games, erra por completo o seu objectivo.
Como disse, a premissa é intrigante: coleccionamos e criamos os Topacs, criaturas adoráveis que vêm em 18 variedades diferentes, distribuídas por 7 níveis de raridade desde bebés, dando-lhes comida através dos cliques do rato o que lhes vai dar XP e lhes vai permitir subir de nível e evoluir.
Ainda há dois meses jogámos Sixty Four, e percebemos que um clicker pode ser acessível e único. E existe obviamente potencial para cruzar um idle game com colecção e criação de monstros, mas Topac Battle é tão baunilha em tudo o que faz que os 3,99€ que custa possam ser bem melhor empregues em muitos, muitos outros jogos.
A começar pela direção de arte, que é uma tremenda decepção. Num género onde o apelo visual tem sido um grande elemento de distinção entre tantos jogos – muitos deles extremamente bem recebidos e gratuitos – Topac Battle apresenta uma abordagem estética que leva os titulares Topacs a parecem inacabados e sem personalidade. Estas criaturas, embora variadas, não conseguem destacar-se visualmente uma das outras ou até de universos já estabelecidos e o mundo do jogo, que deveria ser um parque vibrante de deambulação destes animais ficcionais, acaba por parecer genérico e pouco inspirado criativamente.
Já os combates, que ocorrem ocasionalmente, são realizados num formato de auto battler com hexágonos. Embora este sistema tenha potencial – e desde a sua génese que já o vimos a funcionar na perfeição, vide o caso de TFT, da Riot Games – a sua implementação em Topac Battle é demasiado simplista e excessivamente dependente do NRG. As batalhas carecem de estratégia e profundidade, resultando num processo monótono de observar as criaturas a combaterem-se, e a vermos os adversários a terem subidas injustificadas de poder que tornam até o nosso sucesso excessivamente aleatório.
Mesmo a mecânica idle, que deveria proporcionar uma experiência relaxante e gratificante, para além de contribuir e muito para tendinites, não se consegue destacar. Já joguei muitos clickers e idle games que através da criatividade do seu setting ou até de aplicação dos elementos fundamentais do género conseguem manter o interesse através de uma progressão balanceada e original. Mas Topac Battle tem uma sensação de progressão lenta e pouco gratificante, o que diminui o incentivo para continuarmos a perder horas a fustigar os nossos tendões dos dedos indicadores.
Topac Battle é uma tentativa de misturar géneros que falha na sua premissa e infelizmente não atinge o potencial prometido. Com uma direcção de arte amplamente fraca e com pouca identidade, combates simplistas e uma mecânica idle pouco original, tenho a certeza que o vosso tempo e dinheiro provavelmente serão mais bem gastos de muitas outras formas do que neste jogo.