Não sei quanto a vocês, mas acenarem-me com metroidvanias é tão eficaz quanto abrirem um pacote de aperitivos de queijo, e seu fosse um rato num cartoon poderiam colocar qualquer um deles na ratoeira que eu decerto cairia. 

É por isso que a chegada da aguardada sequela de Ender Lilies, intitulada ENDER MAGNOLIA Bloom in the Mist- já disponível em Early Access- me fez saltar da cadeira de imediato com a vontade de regressar a este universo. E a realidade é que não fiquei desiludido: esta sequela traz de volta a atmosfera sombria e a jogabilidade envolvente que nos conquistou apenas há 4 anos. 

Desenvolvido pela Adglobe, este novo capítulo desta série metroidvania num universo de fantasia negra promete expandir e melhorar a experiência do título original, introduzindo novos elementos e uma nova protagonista, Lilac.

O primeiro jogo, Ender Lilies, agarrou-me (e a muitos milhares de fãs de metroidvanias) com o seu ambiente gótico impressionante e uma narrativa profunda, ambientada num mundo arruinado e misterioso. A combinação de um metroidvania com elementos de RPG e a envolvência do ambiente sonoro e musical criou uma atmosfera envolvent que alimenta a aura mais melancólica do jogo. A expectativa para esta sequela, como seria de esperar, era alta, e felizmente ENDER MAGNOLIA Bloom in the Mist parece estar à altura do desafio.

A acção deste Bloom in the Mist passa-se décadas após os eventos do primeiro jogo, com a história a desenrolar-se agora na industrializada Land of Fumes, um contraste marcante com os cenários góticos do passado. A protagonista, Lilac, é uma personagem fascinante com a habilidade única de purificar os enlouquecidos Homunculi: esta mecânica central de purificação traduz-se em combates emocionantes onde temos de lutar contra esses seres artificiais para “capturá-los” e, assim, utilizá-los como armas e defesa. Não é Lilac quem ataca, mas sim os espíritos à sua volta, tornando-a uma espécie de receptáculo de invocação dos Homunculi.

Os Homunculi, tristes formas de vida artificiais, são tanto aliados quanto ferramentas no arsenal de Lilac e cada Homunculus capturado adiciona novas habilidades e opções estratégicas e mecânicas, oferecendo-nos uma variedade de formas para enfrentarmos os desafios que este mundo industrializado e negro nos apresenta. 

Embora a build atual de Early Access nos ofereça apenas um vislumbre do jogo completo, com cerca de duas horas de jogabilidade apenas, já nos é possível perceber os elementos de metroidvania que caracterizam a série. A exploração é recompensada com segredos escondidos e áreas que só podem ser alcançadas após adquirirmos certas habilidades. O estúdio Adglobe continua a impressionar-nos com sua direção artística, e o contraste entre o mundo gótico de Ender Lilies e o industrial de Mist of Bloom mantem uma aura de novidade e em simultâneo de reconhecimento, criando uma nova atmosfera que mantém a essência sombria e envolvente da série. Os detalhes dos cenários, a banda-sonora melancólica e a maravilhosa direcção de arte contribuem mais um indie de excelência a justificar a nossa paixão por criadores independentes.

Dado o histórico passado com o desenvolvimento do primeiro jogo, que também começou em alpha e foi meticulosamente aprimorado até o lançamento completo, há uma grande confiança de que ENDER MAGNOLIA Bloom in the Mist siga o mesmo caminho, e do que podemos avaliar das (infelizmente) parcas duas horas de conteúdo é que esta sequela será a afirmação final desta série como um das novas grandes franquias do género. 

ENDER MAGNOLIA Bloom in the Mist tem todos os ingredientes para responder às expectativas dos fãs de metroidvanias bidimensionais, ainda que com um foco maior na acção e um pouco menos na exploração. Com uma nova protagonista carismática, um mundo industrial intrigante e o leque expectável de diferentes Homunculi, esta sequela expandirá e enriquecerá o universo de Ender Lilies.